head or heart ;; njh

quarenta e nove

-- Eu te falei que eu não precisava da sua ajuda! -- eu falei pela centésima vez naquela noite batendo meu punho com força contra a superfície de mármore da ilha da cozinha.

-- Eu queria te ajudar. Eu falei que eu podia te ajudar se você precisasse! -- ele respondeu, assumindo uma postura tensa e um tom incomodado na voz.

-- Caramba, Niall, eu não quero que toda vez que eu tenha que pagar alguma coisa, você apareça oferecendo seu dinheiro! Eu estou feliz por você, muito feliz por ter todo esse dinheiro, mas eu não preciso dele! Realmente não preciso.

-- Por que é tão difícil para você aceitar o dinheiro? Você precisa dele e sabe disso, por que sempre complica tudo? -- ele falou no mesmo tom, passando a mão no rosto e bagunçando o cabelo. Se não estivéssemos no meio de uma discussão, eu pediria para que ele parasse de ser tão adorável. Mas não era o caso. -- Liesel, são seus estudos. Não sei se você já percebeu a importância deles na sua vida, mas eles têm uma pequena importância... Essa discussão é mais do que desnecessária.

Eu revirei os olhos, mordendo meus lábios inconscientemente, tentando desesperadamente achar uma resposta. Porém, por mais difícil que fosse de admitir, ele estava certo. A Phely apareceu na cozinha para deixar o prato que tinha usado para jantar o macarrão que eu tinha preparado naquele dia. Ela me deu um olhar preocupado e voltou para o quarto sem falar nada. Com certeza ela estava ouvindo tudo.

Suspirei e passei as mãos pelo meu rosto. -- Nos falamos depois. Tenho que estudar.

Ele ficou quieto.

-- Tchau. -- eu falei um pouco irritada.

-- Tchau. -- ele murmurou do outro lado da tela, que logo em seguida ficou escura.

Apoiei meu rosto nas mãos, secando meus olhos úmidos. Fechei-os em uma tentativa de fazer com que a dor de cabeça que começava a martelar meu cérebro melhorasse. Eu sabia que aquela discussão tinha sido desnecessária e podia ter sido evitado se eu não fosse tão teimosa, mas eu simplesmente não conseguia aceitar o dinheiro dele como se caísse do céu. Não era assim que as coisas funcionavam.

-- Você não pode ser tão orgulhosa assim.

Eu levantei a cabeça lentamente ao ouvir a voz da Phely do nada. Olhei desanimada para ela e em seguida para o chão com o queixo apoiado nas mãos. Ela estava certa e eu não tinha argumentos para contrariá-la. Olhei novamente quando ela se aproximou se mim e sentou em um dos bancos ao meu lado, passando a mão de leve no meu joelho.

-- Se for te fazer se sentir melhor, sei de um lugar que podemos ir. -- a Phely falou com um sorriso no rosto.

-- Hoje é quarta-feira... -- eu falei confusa.

-- Ninguém liga.

-- Eu ligo. Tenho aula amanhã e prova na sexta-feira. Ou você esqueceu que estamos na faculdade?

-- Está vendo como você precisa sair? Posso sentir o estresse irradiando de você. -- ela riu e eu revirei os olhos, porque ela estava certa novamente. -- Pegue suas coisas. Vamos sair em vinte minutos.

Fechei a tela do notebook na minha frente, levantando preguiçosamente do banco em que eu estava. Deixei o notebook no sofá e fui até o meu quarto me trocar e colocar uma roupa apresentável, porque a calça moletom manchada de cândida que eu usava não era uma peça de roupa adequada para sequer pisar minimamente fora de casa.