head or heart ;; njh

quarenta e cinco

-- Como foi seu dia? -- o Niall perguntou, dando uma rápida olhada para mim enquanto eu fechava a porta do apartamento dele atrás de mim.

Eu estava me sentindo tão cansada, que estava a ponto de desabar naquele exato momento. Dei de ombros com um sorriso fraco no rosto, o melhor que eu consegui dar depois de bocejar de cansaço. Estava em um daqueles meus momentos estranhos de querer desistir de tudo e comer salgadinho sentada no chão do banheiro por dias seguidos.  Tinha dó de fazer o Niall passar por aqueles meus momentos.

Além do meu cansaço, eu estava me sentindo extremamente sobrecarregada com as visitas a enfermarias que estávamos fazendo na universidade e, para deixar tudo melhor, eu não conseguia suportar a ideia de ver o Niall partir por dez meses. Ele iria embora no dia seguinte para continuar o Take Me Home Tour pelo mundo e eu estava dividida entre sofrer com a partida dele e me preocupar com a mulher que eu quase tinha feito perder o braço naquele dia. A única coisa que eu tinha que fazer era costurar um corte. Eu não conseguia nem costurar um corte sem fazer estragos enormes. Eu podia muito bem ser processada por aquilo e minha carreira médica ia acabar antes mesmo de ter começado. Que animador.

Eu segui o Niall pelo apartamento escuro, observando a silhueta dele marcada pela fraca luz da lua que vinha de fora pelas amplas janelas. Ele alcançou o interruptor e acendeu algumas luzes da sala, o que eu queria que ele não tivesse feito. Pisquei algumas vezes por causa da luz forte e ele riu, apagando algumas.

Ele iria embora no dia seguinte e eu não sabia por onde começar. Não sabia se chorava, se pedia desculpas pela minha ausência naquela última semana, se o abraçava, se o beijava colocando-o contra a parede. Então, eu apenas olhei para ele, que estava parado ao lado do interruptor, me encarando. Talvez ele ainda estivesse esperando uma resposta para a pergunta que ele tinha feito quando entramos no apartamento dele, que eu não ia dar.

-- Eu te amo. -- eu falei, largando minha mala ao meu lado no chão, dando um suspiro cansado. -- Demais.

Ele deu um sorrisinho. -- É bom ouvir isso.

-- Me desculpa. -- eu falei. -- Eu sei que não tenho estado presente e eu devia me esforçar mais. É só que...

Ele negou com um sorriso irritantemente perfeito estampado no rosto. -- Não se preocupa. Agora vem aqui...

Eu estiquei uma das mãos na direção dele, silenciosamente pedindo para que ele viesse até mim. Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. Eu o puxei para um abraço apertado, escondendo meu rosto no pescoço dele. Ele passava as mãos pelas minhas costas de leve, em movimentos calmantes. Respirei fundo, sentindo o resquício do cheiro do perfume dele e abri um pequeno sorriso satisfeito. Nada melhor do que ter o Niall do meu lado quando eu mais precisava. Dei um beijo delicado no pescoço dele e em seguida, meus lábios estavam contra os dele em um beijo devagar.

Cuidadosamente, ele tirou o casaco, o suéter e a camiseta que eu usava, me deixando apenas com meu sutiã e sentir os dedos dele contra a minha pele era revigorante, me fazia voltar à vida. Sentir as mãos dele descendo devagar pelas minhas costas e parando na minha cintura, me puxando contra o corpo dele era uma sensação maravilhosa. Ele me beijou novamente, um pouco apreensivo no começo, como se eu fosse de vidro e fosse quebrar a qualquer instante. Coloquei minhas mãos na parte inferior das costas dele por baixo da camiseta que ele usava e retribuí o beijo com mais vontade, lentamente recuperando minhas energias.

O Niall me colocou contra a parede, a superfície fria dela contra as minhas costas me fez interromper o beijo e soltar um gemido incomodado, batendo no interruptor e apagando as luzes sem querer. Mais uma vez, só a luz da lua vinda de fora fazia com que nossos contornos se destacassem na escuridão.