dois

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gente, só para esclarecer uma coisa: esse capítulo acontece no mesmo dia do capítulo anterior, só algumas horas antes, ok? sei lá, às vezes vocês podiam estar se perguntando que diabos esse capítulo significa, mas ele vai fazer sentido :)

-- Você tem certeza de que quer fazer isso? -- a minha mãe me encarou diretamente nos olhos e, por um momento, eu pensei em desistir daquela loucura, mas eu não podia. Eu sabia que no fundo era aquilo que eu queria.

-- Sim. -- eu respondi firmemente, mas já sentindo uma vontade imensa de chorar.

-- Você vai deixar tudo para trás por causa de um garoto? -- a minha mãe segurou as minhas duas mãos.

-- Eu preciso dele de volta, mãe... -- eu suspirei.

Eu não ia deixar tudo para trás. Desde que a escola tinha acabado e eu tinha sido aceita Trinity College Dublin, em Dublin, eu passei os últimos oito meses estudando medicina lá, mas assim que o meu aniversário de 18 anos passou, eu comecei a colocar o meu plano em ação. Eu já era maior de idade, então não teria nenhum problema se eu me mudasse para Londres. Eu ainda não sabia como eu estava indo para lá sem a minha mãe reclamar. Eu sabia que no fundo ela não queria que eu fosse, mas eu decidia o que fazer da minha vida e já era grande o bastante para fazer as minhas escolhas. E minha mãe parecia, finalmente, ter visto também que eu já podia ter a minha própria vida.

Eu queria ir para Londres para ter o Niall de volta. Não, não seria simples, mas a ideia primordial era aquela. Ele quase nunca voltava para casa, então eu decidi sair de casa para ir atrás dele. Eu tinha passado o último ano sofrendo por ele. Quinze meses. E tinha sido muito mais complicado, porque o One Direction estava dominando as manchetes de revistas e matérias nos jornais televisivos. Os meninos estavam por todos os lados.

Com o primeiro single deles, que estreou no número um na UK Single Charts, bateu o recorde com mais cópias vendidas na primeira semana e ainda ficou no top 10 em muitos outros países, eles não paravam de ser noticiados. Já eram denominados a maior boyband do mundo. Em seguida, veio o o primeiro cd deles, o Up All Night - óbvio que eu tinha comprado e até já sabia cantar todas as músicas - depois, veio a primeira turnê deles, com os ingressos esgotados em 12 minutos. What Makes You Beautiful tocava, no mínimo, quatro vezes por dia nas rádios irlandesas, às quais o meu pai tinha o costume de ouvir.

Não tinha uma hora do dia que eu não ficasse sem ouvir ou ver 'One Direction' em algum lugar. Em parte porque eles estavam em todos os lugares e também porque eu mesma muitas vezes pesquisava sobre eles, porque eu não conseguia assistir ao jornal todos os dias. Foi para saber dos acontecimentos dos meninos que eu tinha criado um Twitter. Todos os dias tinha alguma coisa nos trends e era por lá que eu ficava sabendo das coisas e tinha começado a elaborar o meu plano.

Antes de começar a seguir os meninos, eu falei com o Louis, que era o único, tirando o Niall, dos meninos que eu tinha o número do celular. Quando o Niall foi embora, alguns dias depois, o Louis me ligou, perguntando se estava tudo bem comigo, porque, óbvio que ele deve ter ficado sabendo de tudo que tinha acontecido. Claro que não estava tudo bem, mas ele conversou comigo e passou a mandar mensagens quase todos os dias para mim. Ele se preocupava comigo e eu me sentia bem quando falava com ele. Então, foi para ele que eu mandei uma mensagem quando eu criei o meu Twitter.

Eu pedi para ele não falar para o Niall sobre a minha conta, porque eu ia seguir todos os meninos e eles, provavelmente, me reconheceriam por causa do meu user e acabariam falando para o Niall sobre mim. Eu não queria que aquilo acontecesse, porque eu tinha feito questão de não seguir o Niall. Eu não queria que ele me notasse.

-- Se é isso que você quer... -- a minha mãe sorriu na minha direção. Aquilo era orgulho?

-- Obrigada, mãe. -- eu a abracei. Era bom ter alguém que me apoiava. No último ano, o meu relacionamento com a minha mãe tinha melhorado muito e eu estava muito agradecida por aquilo ter acontecido. Eu ficava estressada demais quando ela brigava comigo.

-- Você sabe que eu não vou largar os meus estudos, né? -- eu não queria deixá-la preocupada, achando que eu ia morar embaixo da ponte.-- E eu vou arranjar um emprego para poder pagar o aluguel do apartamento.

Eu já tinha alugado um apartamento em uma área um pouco longe do centro da cidade e da Imperial College London, que era para onde eu ia me transferir, já que eu tinha sido aceita lá também.

Eu vi o meu pai e o meu irmão voltando do banheiro e vindo na nossa direção. O meu pai não estava feliz com aquilo, mas eu precisava ter o Niall de volta. Eu precisava.

-- Tchau, pai. -- eu o abracei e fiquei feliz quando ele me abraçou de volta. -- Me deseje sorte.

-- Você vai conseguir. -- a minha mãe me abraçou novamente e eu estava me segurando muito para não chorar. Eu estava tão feliz por tudo entre mim e minha mãe ter mudado. Ainda bem que tinha sido apenas uma fase.

-- Tchau, Lisy... -- o meu irmão me abraçou e eu tive que abaixar um pouco para podê-lo abraçar direito.

-- Tchau, George. -- eu o abracei mais forte e ele tentou se soltar de mim, reclamando que eu estava sufocando-o. Eu tinha que me lembrar de que ele não era mais uma criancinha.

Eu dei um sorriso fraco e peguei uma das minhas malas, indo até o trem. Eram três malas com roupas, sapatos, meus livros e tudo que eu tinha achado necessário. Coloquei a minha bolsa em um dos ombros enquanto levava uma das malas para ser colocada no bagageiro. O meu pai me ajudou a levar as outras e eu tirei a minha passagem da bolsa, com as mãos um pouco trêmulas.

Eu dei um último adeus para os meus pais e entrei no trem. Aquilo tudo me lembrava da primeira vez que eu tinha ido para Londres ver o Niall, quando ele ainda estava no X Factor. A única diferença, era que eu teria que procurá-lo, nós não iríamos nos encontrar. Tudo dependia de mim.

Respirei fundo quando senti que o trem tinha começado a andar. Olhei uma última vez para a minha família e senti uma dor no coração, mas grande parte da dor no meu coração era causada pelo Niall e eu precisava consertar aquilo, mesmo que o buraco nunca se fechasse por completo, ele poderia ficar menor.

A estação foi ficando para trás e eu só queria dormir para me esquecer das coisas. Eu ficava imaginando como ia ser se eu conseguisse falar com o Niall. Ele ia falar comigo? Ele ia, sequer, olhar para mim? Ou tudo aquilo que eu estava fazendo seria em vão? Eu não queria saber o que ia acontecer se as coisas dessem errado.

Eu não tinha pensado no lado negativo de tudo aquilo quando eu tinha tido aquela ideia 'brilhante'. Eu devia pensar mais nas coisas antes de sair fazendo tudo. Uma vontade repentina de voltar e deixar tudo como estava me invadiu. Eu podia me acostumar a viver com aquele buraco no coração.

Mas não dava mais para voltar. Eu ia ter que seguir em frente e ver no que tudo aquilo ia dar e eu esperava não estragar tudo. Eu encostei a minha cabeça no vidro, olhando a paisagem que passava rapidamente, porém, a cor era sempre a mesma: um verde escuro combinando com o cinza do céu, uma garoa fina caía contra o vidro, batendo com força nele por causa da velocidade do trem.

-- Tem alguém aqui? -- uma voz feminina chamou a minha atenção e eu percebi que ela estava falando comigo enquanto apontava para o assento ao meu lado. Eu neguei e ela deu um sorrisinho para mim antes de se sentar.

O meu celular vibrou.

< Boa sorte. >

Era a minha mãe. Eu abri um sorrisinho, então olhei as horas e meu sorriso desapareceu. Só tinha se passado meia hora. Aquela viagem ia ser longa e eu só estava indo para Dublin. Ainda teria que pegar o avião para Londres depois.

Para não dormir, eu fiquei no Twitter, só passando pelas coisas que estavam na minha timeline. Entrei no meu perfil e vi que fazia tempo que eu não tweetava alguma coisa e, já que estava sem criatividade, a única coisa que eu escrevi no tweet foi Londres ❤️. Não, eu não tinha muitos seguidores e nem me importava com aquilo, eu só queria tweetar alguma coisa e por que não quando eu estava indo para Londres?

head or heart ;; njhOnde histórias criam vida. Descubra agora