head or heart ;; njh

trinta e seis

-- Como você foi? -- a Lisa perguntou ansiosa para mim quando encontrei-a sentada debaixo de uma árvore no campus.

Joguei minha mala ao lado dela e me sentei, me apoiando no tronco da árvore e fechando os olhos. Levei as mãos à cabeça e suspirei. -- Não podia ter ido pior. Não vamos falar sobre isso, por favor.

-- Tudo bem... -- ela falou à minha esquerda.

Queria sumir daquele mundo. A matéria que eu achava que ia melhor, estava sentindo que ia ser reprovada e o pior de tudo era que eu tinha ido bem em anatomia. Queria entender o que a vida estava fazendo comigo.

Choraminguei e puxei minha mala para perto de mim, usando-a como travesseiro. -- Eu fui muito mal... muito mal mesmo. Como eu ia adivinhar que as náuseas do agricultor tinham a ver com a marca do pesticida que ele usava? Isso não é justo.

A Lisa riu.

-- Não fala nada, por favor, estou sofrendo comigo mesma. -- eu murmurei para ela, minha voz abafada pelo jeito que eu estava deitada na minha mala.

-- Você tem algum plano para hoje à noite? -- a Lisa perguntou enquanto eu ainda sofria deitada na grama usando minha mala de travesseiro.

-- Na verdade, tenho. -- eu disse, me sentando e assumindo a postura de uma pessoa normal. -- A gente já pode voltar para casa? Ou tem mais alguma coisa para fazermos aqui?

-- As provas acabaram, Liesel. -- a Lisa falou, rindo. -- Estamos livres.

Eu assenti e me deitei novamente na minha mochila. -- Quero dormir. Acho que vou indo.

Me levantei sofrendo do chão e pendurei minha mochila em um dos meus ombros. -- Boa qualquer coisa que você vai fazer hoje à noite que eu não vou poder ir.

Ela riu. -- Obrigada. Vai dormir, você realmente precisa.

Eu assenti e comecei a andar pelo gramado verde debaixo do sol, coçando os olhos. Queria chorar. Eu tinha me perdido na prova. Nem sabia mais o que estava fazendo. Aonde o Niall estava naquelas horas para me abraçar e falar que tudo ia ficar bem mesmo que não fosse ficar? Ele me iludia de um jeito bom.

Peguei o ônibus até o meu apartamento em vez de ir de metrô. Subia as escadas me arrastando e procurando a chave do meu apartamento dentro da minha mala. Cheguei no quarto andar e parei no último degrau quando vi o Sr. Nashville, o dono do meu apartamento, parado na frente da minha porta, colando um bilhete.

-- Sr. Nashville? -- eu perguntei com um olhar confuso.

-- Seu aluguel está atrasado. -- ele se virou para mim, tirando o bilhete da minha porta. -- Vou te dar no máximo dois dias.

Mais um motivo para eu querer dormir. Uma expressão de sofrimento tomou conta do meu rosto. Suspirei. -- Tudo bem... vou pagar algum dia desses, só preciso dormir agora. Licença.

Destranquei a porta do meu apartamento e fechei-a logo em seguida, deixando o Sr. Nashville me olhando estranho do lado de fora. Joguei minhas coisas do lado da porta, tirei meu tênis lá mesmo e fui até o sofá. Iria dormir ali mesmo, porque não estava com vontade de ir até o meu quarto.

Me deitei no sofá e nunca tinha sentido tanta felicidade em deitar naquele sofá. Relaxei meu corpo e a dor por causa de toda a tensão e de todo o estresse acumulados tomou conta dele. Demorou um pouco para que eu pudesse realmente relaxar, porque minha dor nas costas estava me matando.

***

Acendi a tela do meu celular, piscando algumas vezes para espantar o sono. Já estava de noite. Notei como minha cabeça latejava e em como minha garganta estava estranha.