head or heart ;; njh

vinte e nove

— Alô? — eu falei um pouco confusa por estarem me ligando no meio da noite. Para ser mais exata, à três horas da manhã.

Tive que pegar o celular rápido para não acordar minhas amigas. Estávamos dormindo todas na sala e acabei deixando meu celular na mesa de centro, o que não foi uma boa ideia, porque meu celular estava vibrando muito alto, mais alto ainda porque a mesa era de vidro.

— Eu sei que são três da manhã e eu sinto muito por estar te ligando a essa hora de uma cabine de telefone na sua rua, mas eu posso subir aí?

Eu não sabia se sorria de felicidade por ser o Niall no telefone ou se chorava por lembrar de tudo que tinha acontecido e de que nós teríamos que discutir como faríamos dali para frente. A única coisa de que eu tinha certeza era de que ele ter me ligado tinha me deixado muito feliz, porque eu realmente tinha pensado que ele ia ouvir o management.

— Eu acho melhor eu ir até você. É que minhas amigas estão dormindo aqui. Aonde você está? — eu perguntei sussurrando para não acordar minhas amigas.

Achei melhor que eu fosse encontrar o Niall porque, não que minhas amigas fossem acordar de propósito para ouvir nossa conversa, mas elas podiam acordar e queria poder conversar com o Niall a sós.

— Hm, você conhece a Land Rover. — ele falou, soltando uma risadinha e logo depois nós encerramos a chamada.

Me levantei do colchão em que eu estava dormindo e corri para o meu quarto. Coloquei uma calça de moletom bem quente em cima da que eu usava como pijama e peguei dois agasalhos. Não queria congelar lá fora.

Voltei para a sala e peguei a chave da porta em cima da bancada da cozinha. Destranquei a porta com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordar minhas amigas.

O ar dos meus pulmões congelou quando abri a porta. O vento frio bateu contra mim e eu me segurei para não começar a tremer. Fechei e tranquei a porta, guardando a chave e o meu celular em um dos bolsos do casaco. Desci as escadas correndo até o térreo, tentando me esquentar.

Quando saí para a rua, foi então que eu realmente comecei a tremer. Coloquei o capuz e afundei minhas mãos nos bolsos de um dos agasalhos que eu tinha colocado. Olhei para os dois lados da rua e vi a Land Rover parada perto da cabine de telefone. Corri até lá e quase arranquei a porta do carro fora para conseguir entrar.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, eu já estava sendo envolvida pelos braços do Niall. Ele me deu um abraço apertado, dando um beijo no topo da minha cabeça.

— Você está aqui. — ele deu um suspiro de alívio e me soltou, olhando nos meus olhos e segurando minhas mãos, como se estivesse fazendo aquilo para ver se eu era real e não ia sumir.

Podia finalmente vê-lo sob a fraca luz que vinha do lado de fora. Ele com certeza tinha um olhar cansado no rosto, mas ele estava feliz. E se ele estava feliz, óbvio que eu ia ficaria mais feliz do que já estava.

— Eu tentei te ligar da cabine do telefone inúmeras vezes, mas o seu número era bloqueado... Ah, Niall... Me desculpa por não ter te respondido... — eu o abracei novamente.

— Tudo bem, Lisy. Eu realmente pensei que você ia estar brava comigo...

— Por que eu estaria brava com você? — eu ri. — Não é como se você quisesse isso, não é?

Ele assentiu e desviou o olhar do meu, olhando para as próprias mãos. Ele respirou fundo algumas vezes. — Eu preciso te explicar algumas coisas... mas...

Ele pensou por alguns segundos e então voltou a me olhar nos olhos. — Daquela vez que eu terminei com você, foi antes de tudo isso começar. Além de não querer te arrastar para o que estava por vir, eu estava com medo de que se continuássemos juntos, mesmo que não estando perto um do outro, acabasse dando problemas para você.