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Capítulo 60

Bangkok, Tailândia.
Casa Thung Kao.

O esconderijo onde Charlotte foi levada era situada em uma região remota e isolada, entre colinas e campos abertos, a poucos quilômetros de Nong Suwan. Séculos atrás, esse lugar foi construído longe de qualquer vila ou cidade onde moraria Niran e Anurak após se casarem, e também onde Niran foi mantida em segredo por seu pai, até que os rumores e a desonra social passassem. Naquela época, a Casa Thung Kao era cercada por densos bambuzais e florestas, tornando o acesso difícil e sua localização, um segredo.

Agora, no presente, a casa está em ruínas, mas ainda em pé, esquecida por muitos e invadida pela natureza. O lugar carrega um peso sombrio de memórias, e ironicamente, é o cenário onde Charlotte, a reencarnação de Niran, é mantida prisioneira. Aquele homem alto e forte, que também é a reencarnação do homem que esteve noivo de Niran na vida passada, sequestrou Charlotte e a levou para o mesmo local onde Niran foi escondida séculos antes.

Ele a mantém na Casa Thung Kao, refletindo de forma distorcida a obsessão e o controle que o pai de Niran exercia sobre ela em sua vida passada. O ambiente em torno da casa é melancólico, com a vegetação invadindo o espaço e o silêncio pesado, como se o próprio local ainda guardasse os ecos de tragédias passadas. As memórias de sua vida anterior começam a se manifestar à medida que Charlotte sente uma estranha familiaridade com o lugar, sem entender completamente que esse foi o cenário de sua prisão anterior, séculos atrás.

— Quem é você? E porque está fazendo isso? — perguntou Charlotte, olhando em volta daquele lugar, com as mãos presas e as pernas, na cadeira.

— Você não sabe mesmo quem eu sou, Niran? Poxa, estou decepcionado com você — perguntou o homem, rindo de forma sarcástica, — Mas, você reconhece esse lugar, não é? Eu posso te fazer lembrar, se quiser.

— Niran... Você me chamou de Niran... — disse Charlotte, sentindo um desespero ainda maior, — Tira a merda dessa máscara, eu quero saber quem você é.

— Porque tanta pressa, minha doce Niran? — perguntou o homem misterioso, se aproximando dela, — Eu sei quem você é, já faz um tempo... Mas você realmente não sabe quem eu sou? Tente ao menos adivinhar, busque na suas memórias, ou vou me sentir ofendido. Ora!

— Essa voz... O jeito... — murmurou Charlotte, os olhos de Charlotte estavam vendados, mas o pano era fino e dava pra visualizar o redor do lugar com muito esforço.

— Quando eu vi esse colar, foi a certeza de que tive... Quem era você, e quem era Kanya — disse o homem, rindo ao se lembrar, — E mais uma vez, a vida tem suas ironias, não é?

Charlotte tentou processar aquelas palavras enquanto o homem falava, ela sabia que ele estava de capuz e máscara porque quando foi sequestrada na casa de Engfa, não conseguiu saber quem ele era dali, naquele momento. O homem ficou em silêncio, apenas seus passos pareciam em volta do ambiente, como se ele pensasse no próximo passo ou esperasse por alguém.

Naquele momento, Niran trazia alguns fragmentos de memória para Charlotte, como se tentasse mostrar a ela onde exatamente ela estava. Aquela sensação familiarizada causava desconforto e angústia, Charlotte tentava a todo custo pensar em Niran e na sua vida passada. Na busca por alguma resposta, mas a resposta estava ali. O tempo todo, o bloqueio não permitiu aquela memória, aquela pessoa ameaçadora ser descoberta a tempo.

— Porque você está quieto? Está decepcionado porque eu não sei quem você é? Niran só me mostra o que é importante — disse Charlotte, provocando o homem, suspiro.

— Não me provoque, não é porque eu tenho sentimentos verdadeiros por você, que eu não ao menos te machucaria — disse o homem, diminuindo os passos no chão, — Você quer saber quem eu sou? Descubra.