Capítulo 51

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Bangkok, Tailândia.


Enquanto Charlotte conversava com sua mãe, ainda na sala de estar após seus amigos Mew e Davikah terem ido embora. A Sra. Naparat estava sempre muito sorridente e curiosa para saber mais do que sua filha, já havia feito morando na cidade. Ela sabia que Charlotte nunca foi de lhe dar trabalho, era sempre obediente e teve uma boa educação. Tanto através de sua mãe, quando de seu pai.

— Estou muito feliz, com tudo que seus amigos e você fazem aqui. Eles são amigos maravilhosos, me sinto tranquila com isso — disse Naparat, olhando com atenção e serenidade, — Mas então, sobre esse Benz, você realmente nunca sentiu nada por ele?

— Não, mãe. Absolutamente nada. Quero dizer, como amigo sim, mas fora isso, não. O Benz é legal, realmente. Mas não era o meu alguém — respondeu Charlotte, olhando fixamente pra ela, sorrindo sutilmente.

— Então, Engfa é o seu alguém? — perguntou Naparat, olhando-a atenciosamente.

— Sim, não tenho dúvidas quanto a isso, e nem nada. Engfa é a pessoa que eu sempre procurei — respondeu Charlotte com convicção e sinceridade.

— Certamente, minha querida. Então, não fará mais méritos como antes? — perguntou Naparat, curiosa.

— Ainda faço méritos, agora pra proteger o nosso amor... Nosso sentimento uma pela outra — respondeu Charlotte, suspiro.

Naquele momento, Charlotte sentiu uma inquietação em seu coração, algo como um alerta, Niran parecia querer dizer algo para ela. Charlotte se levantou e pediu licença para sua mãe, logo saindo para o seu quarto. Quando Charlotte chegou no cômodo, ela colocou a mão no amuleto. Pedindo para que Niran pudesse acalmar sua angústia, ou o que fosse aquilo.

— Por favor... Niran me diga de uma vez, o que é isso? — murmurou Charlotte, olhando para algum ponto fixo do ambiente.

Charlotte descobriria logo, assim que visse Engfa de novo. A mulher mais velha, que naquela altura já estava descobrindo toda a verdade sobre si mesmo, e sua vida. Verdade essa que levaria ao caminho incerto ou talvez certo. Não se sabia ao certo qual era, e o que era.

Déjà-vu: "O jardim estava florescendo naquela manhã, o cheiro das flores de lótus preenchendo o ar. Mas a beleza do lugar contrastava com o turbilhão de emoções dentro de Niran. Seu corpo tremia levemente enquanto ela olhava para a mansão à distância, as mãos frias e trêmulas segurando uma pequena mala. Seu pai, Sr. Sawannarat, rígido e autoritário, havia tomado a decisão. A carruagem já esperava na entrada da casa. Ele descobrira sobre o amor proibido entre ela e Kanya, e agora, como punição, a estava mandando para longe, para um lugar onde nunca mais poderiam se ver.

Niran olhava ao redor freneticamente, buscando, implorando por um vislumbre de Kanya, mas ela não estava lá. Não tinham permitido que se despedissem. As palavras do pai ecoavam em sua mente: "Isso é para o seu próprio bem. Você vai esquecer. Vai seguir com a vida como deve ser. E depois, se casará com seu noivo."

Ela sabia que era mentira. Não havia como esquecer. O amor por Kanya era profundo demais, gravado em sua alma. E agora... o destino as separava de forma cruel e repentina.

Enquanto era forçada a entrar na carruagem, uma lágrima desceu pelo rosto de Niran. A última coisa que ela viu foi o Templo de Wat Phra Somdej onde tantas vezes estiveram juntas, onde os risos e conversas sussurradas haviam preenchido os dias e as noites. Agora, tudo estava se esvaindo como areia entre seus dedos. As rodas da carruagem começaram a girar, e, em silêncio, Niran apertou o amuleto de jade que Kanya lhe dera, sentindo o peso da separação.

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