Capítulo 22

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Bangkok, Tailândia.

Na madrugada, Charlotte se virava na cama grandiosa e macia de Engfa, devido a chuva ela acabou por adormecer ali mesmo. Engfa parecia está dormindo tão serenamente, que num despertar sutil de Charlotte, ela a olhou. Novamente admirando a mulher mais velha no seu sono sereno.

Nem por um instante, Charlotte hesitou para se levantar da cama. Apenas ela ficou ali, assistindo o sono de Engfa, após ter despertado do seu. Não chovia, não como antes, parecia pequenas gotas de sereno. Sem trovões ou relâmpagos. Ou seja, sem sustos e barulhos.

Em um ato impensado, Charlotte levou as pontas de seu dedos até o rosto de Engfa, admirando o mesmo, em silêncio. Sentia medo de acordá-la, mas a urgência em precisar tocar nela, era maior. Sutilmente seus dedos acariciava o rosto da mulher mais velha, tirando uma mecha de seu cabelo caído no seu rosto.

Numa distração de Charlotte, Engfa acordou. A mulher mais jovem num susto após perceber, tirou sua mão do rosto que antes era tocado por ela. Engfa a olhava, admirando seu toque que foi interrompido.

— Porque você tirou sua mão? Estava tão bom — perguntou Engfa, suspirando baixinho, olhando para ela.

— Me desculpa, eu não queria te acordar. Não foi minha intenção — respondeu Charlotte, olhando-a com timidez.

— Você não me acordou, eu apreciava seu toque em meu rosto — disse Engfa com sinceridade, sem pensar muito.

— Huh? — disse Charlotte, envergonhada e confusa.

Charlotte tentava disfarçar sua timidez, ela virava seu rosto para outro lado, Engfa segurou o riso por alguns segundos, soltando uma risada baixa após perceber a mais jovem envergonhada.

— Porque está se escondendo de mim? — perguntou Engfa, curiosa.

— Você me deixou sem jeito, não sei como te olhar — respondeu Charlotte, escondendo o rosto com uma das mãos.

— Apenas me olhe, pare de bobagem. Ou, me acha tão feia assim? — questionou Engfa, tirando a mão da jovem de seu rosto, fazendo-a olhar para ela.

— Não... Você não é, não é nenhum pouco feia. Ou o que quer que ache, de ruim — respondeu Charlotte com sinceridade, abrindo um sorriso tímido.

Charlotte levou sua outra mão por cima da mão de Engfa, que estava segurando sua mão direita após tirá-la de seu rosto corado. A mulher mais velha, se inclinou em direção ao rosto de Charlotte, olhando em seus olhos, como se procurasse algum fragmento de mentira ao que acabará de escutar da mais jovem. Mas não havia, era elogio sincero. Elogio esse, que disparou o coração de Charlotte após falar, e também de Engfa que a encarava naquele momento.

— Você não sabe mentir, isso é bom — disse Engfa, convicta ao olhar para o rosto da jovem doutora.

— Não há necessidade de mentir sobre isso, ou o que quer que seja — disse Charlotte, pausando, — Você é linda, Sra. Waraha.

Charlotte sentiu seu estômago revirar, não no sentido ruim, mas bom. Tão bom, que ela suspirou fundo mantendo seus olhos sobre os de Engfa. Aquele olhar era penetrante, único e Charlotte nunca viu nada igual... Ou talvez, sim... Séculos e séculos de vidas passadas.

— Que horas são? Eu não faço a mínima ideia, lá fora parece ainda escuro — comentou Engfa, quebrando os olhares entre elas, procurando pelo paradeiro de seu celular.

Charlotte que já sabia onde havia deixado o seu, pegou o aparelho de dentro da bolsa, visualizando as horas, era 3:40 da madrugada. E as duas, acordadas naquele horário. Sem sono.

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