Capítulo 18

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Bangkok, Tailândia.
Templo de Wat Phra Somdej.


A mulher mais jovem, entrou em desespero ao ver a mulher mais velha sair quase que fugida do salão sagrado, onde ficava o altar. Charlotte sem pensar muito, correu atrás de Engfa. O monge Phra Somchai, levantou-se lentamente caminhando até a entrada do salão, avistando elas numa certa distância. Ele viu quando a mais nova segurou o braço da mais velha, impedindo ela de ir embora.

Naquele momento, Charlotte encarava confusa Engfa, sentindo um turbilhão de emoções dentro dela, mas sem dizer muito ou nada, ela se aproximou mais. O monge líder virou-se para trás, olhando as respostas dos deuses. O monge sorriu, logo acenando com a cabeça em completa satisfação.

O destino daquelas duas almas entrelaçados finalmente havia se encontrado, mas levaria um tempo até se reconhecerem. E com a ajuda do homem sábio, Phra Somchai tudo ficaria mais claro para ambas.

Todas as vezes que Charlotte sentia a necessidade de ir ao Templo de Wat Phra Somdej para fazer méritos, era o chamado dos deuses ajudando cruzar finalmente seu destino ao de Engfa.

"Kanya" morreu no altar após fazer mais um de seus méritos, pedindo aos deuses que trouxesse "Niran" de volta para ela. Que os deuses aquecesse os corações da família de Niran, e deixassem ela voltar para sua vida de antes. Mas, sua amada não teve a chance de voltar e muito menos de se despedir de seu amor quando teve que partir e também quando interromperam a vida de Kanya.
Os deuses foram fiéis as promessas da jovens amantes, ouvindo seus méritos e orações. Fazendo com que assim, elas pudessem reencarnar em muitas e muitas vidas após o trágico acontecimento. O desejo de Niran para encontrar sua amada em outra vida pra que pudessem viver juntas o seu amor, e as orações de Kanya para trazer Niran de volta. Tudo isso foi cumprido naquele atual tempo moderno.

Após uma longa busca desesperada uma pela outra de vidas em vidas, chegaram a estudarem juntas, chegaram a trabalhar juntas, chegaram a ser amigas, houve todo tipo de aproximidade entre suas almas que vagavam, mas nenhuma delas chegou concretizar de tal forma, como ali no templo sagrado. O lugar que presenciou o início, o meio e o fim delas.

Charlotte ainda em silêncio, olhando para Engfa, puxou a mais velha e a abraçou tão forte. Que jamais pudesse ter a chance de escapar daquele abraço. Engfa, parada sem dizer uma única palavra, relaxou o seu corpo antes endurecido pela tensão. Abraçou de volta, Charlotte.

— O laço invisível de seus destinos, atraindo elas para ainda mais perto — murmurou Phra Somchai, olhando-as de longe com um sorriso sábio.

Engfa olhou para Charlotte, tentando raciocinar o que acabará de acontecer. Por outro lado, a jovem sentia seu coração calmo, serenamente aquecido com o abraço da mulher a sua frente. Ainda abraçadas.

— Huh... O que significa isso? — perguntou Engfa, quebrando o silêncio entre elas, olhando para Charlotte.

— O que? Só me deixe aqui um pouco mais, e prometo te largar — disse Charlotte, apertando o corpo da mulher mais velha sobre ela.

Charlotte deitou sua cabeça no ombro de Engfa, relaxando automaticamente sobre ela.

— Agora, tudo bem... Me sinto revigorada — disse Charlotte, se afastando de Engfa sutilmente, sorriso singelo.

— O que foi isso, huh? Você nunca fez isso antes... Foi... Estranho — disse Engfa, coçando a garganta sem jeito após o abraço.

— Eu só senti que precisava fazer, me desculpa... Sra. Waraha — disse Charlotte, voltando a raciocinar, envergonhada.

Alguns segundos depois, o celular de Charlotte tocou, era Benz. Ela queria tanto se esconder de sua vergonha, que o atendeu rapidamente.

[LIGAÇÃO ON]

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