Era um sábado preguiçoso e ensolarado quando Juliana decidiu sair de casa para dar uma volta pelo bairro. O som do vento batendo nas árvores e a brisa suave que entrava pela janela da sua casa na praia a faziam sentir-se em paz, algo que há muito não experimentava. Ela se arrumou de forma simples, colocando uma blusa de linho e calças confortáveis, e decidiu que era hora de conhecer um pouco mais do lugar que agora chamava de lar.
A casa era um refúgio perfeito, com a varanda que dava diretamente para a praia e um ambiente leve e tranquilo. Mas ela sentia que precisava interagir mais, fazer parte da comunidade ao redor, e talvez, quem sabe, fazer novos amigos.
Ao sair pela porta, Juliana observou o bairro. Era pequeno, acolhedor, e tinha aquele charme de cidade à beira-mar, com ruas tranquilas, floridas e casas coloridas. As casas eram espaçadas, e o som das ondas quebrando ao fundo adicionava uma serenidade única ao ambiente.
Ela começou a caminhar pela rua, observando os jardins bem cuidados, as flores e as palmeiras que se estendiam por todo o bairro. Quando se aproximou da esquina, um som de risada chamou sua atenção. Ela olhou para a direita e viu um grupo de vizinhos se reunindo no jardim de uma casa próxima. Uma senhora de cabelos grisalhos estava regando as plantas enquanto uma jovem, com um sorriso largo no rosto, organizava algumas cadeiras.
"Oi, bom dia!" Juliana acenou com um sorriso tímido, aproximando-se.
A senhora de cabelos grisalhos olhou para ela, sorrindo de volta. "Oi, querida! Como vai? Não te vimos por aqui antes. Acabou de se mudar?"
"Sim, faz algumas semanas já. Ainda estou me acostumando com o lugar," Juliana respondeu, sentindo-se um pouco estranha, mas ao mesmo tempo, aliviada pela gentileza da mulher.
"Que bom! Se precisar de alguma coisa, é só chamar. Eu sou a Dona Elza," disse a senhora, com um sorriso acolhedor. "E essa aqui é minha sobrinha, Aline. Ela também é nova no bairro."
Aline, a jovem, deu um passo à frente e estendeu a mão com um sorriso. "Oi, sou Aline. Fico feliz em conhecer alguém novo por aqui. Eu me mudei com a minha tia há pouco tempo também."
Juliana sorriu e apertou a mão de Aline. "Eu sou Juliana. E obrigada, vou com certeza chamar vocês se precisar de algo."
Elza, com um olhar bondoso, observou Juliana por um momento, antes de falar: "Aqui, todo mundo é bem acolhedor, Juliana. Já fizemos muitas amizades por aqui, e espero que você se sinta em casa também."
Aline sorriu e puxou conversa: "Você já conheceu a praia direito? Não sei como você está conseguindo ficar em casa com esse sol todo!"
Juliana riu, sentindo um calor agradável ao perceber como a conversa fluía de forma natural. "Eu até já passei por lá algumas vezes. A vista da minha varanda é linda, mas hoje pensei em dar uma caminhada. Acho que vou explorar um pouco mais."
"Que bom que você está se permitindo sair!" Aline disse com entusiasmo. "Muitas pessoas aqui acabam ficando presas em casa por conta do trabalho ou da rotina. Se quiser companhia, vou lá para a praia mais tarde. A minha tia é ótima para mostrar os melhores lugares."
"Quem sabe! Vou dar uma olhada em como vai ser o dia e, se o tempo ajudar, talvez eu apareça por lá mais tarde," Juliana respondeu, surpresa consigo mesma por estar se abrindo tanto.
Elza sorriu e adicionou: "Fico feliz de ver que você está se adaptando tão bem. Por aqui, somos todos como uma grande família. Se algum dia quiser uma boa companhia para um chá ou para ver o pôr do sol, só avisar."
Juliana acenou para as duas e, com um sorriso genuíno, agradeceu: "Obrigada, de verdade. Eu realmente aprecio a acolhida. Vou adorar saber que tenho pessoas com quem posso contar."
Ela se despediu, sentindo uma sensação reconfortante no coração. O simples ato de conversar com novas pessoas, sem as barreiras que costumava erguer antes, estava lhe fazendo bem. Ela se sentia mais leve, mais aberta ao mundo. À medida que se afastava da casa de Elza e Aline, o som das ondas batendo na praia parecia ser mais suave, mais harmonioso, como uma melodia suave que acompanhava seus passos.
À medida que andava de volta para sua casa, Juliana sorriu para si mesma, contente pela maneira como as coisas estavam indo. Não era mais sobre se proteger, mas sobre confiar no momento presente. Ela já não tinha pressa de se encaixar ou se forçar a algo que não era natural. Ela agora sabia que, com o tempo, as coisas se encaixariam por si mesmas.
De volta à sua casa, Juliana olhou para o horizonte do mar que se estendia à sua frente. Ela sentia uma calma interior, uma sensação de pertencimento a algo maior. Aquele lugar estava começando a ser seu. E, mais importante, ela estava começando a ser ela mesma novamente.
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Blue | ⚢
RomanceJuliana vive mergulhada em uma solidão que já parece parte de sua própria identidade. Desde a perda devastadora de seu grande amor, ela se isolou, convencida de que a dor é mais segura do que arriscar sentir novamente. As tentativas de suas melhores...