Blue | ⚢

Um Amor Concreto

A noite era quente, o som do mar ecoava como um sussurro constante na varanda da casa de Juliana. Ela havia passado o dia pensando em Gabi, em como tudo parecia caminhar para um momento inevitável. E, pela primeira vez, ela não sentia medo.

Quando a campainha tocou, Juliana já sabia quem era. Respirou fundo antes de abrir a porta, encontrando Gabi ali, deslumbrante em um vestido azul claro que dançava com o vento.

— Pensei que um jantar aqui poderia ser interessante. — Gabi disse, segurando uma sacola com uma garrafa de vinho e dois pratos prontos.
— Achei que você não gostava de repetir cenários. — Juliana respondeu, sorrindo.
— Só com você eu faria uma exceção.

Elas se sentaram na varanda, o céu limpo exibindo estrelas que pareciam ter sido cuidadosamente espalhadas. O jantar foi tranquilo, cheio de risadas e conversas, mas havia algo no ar, uma tensão suave, como uma onda prestes a quebrar.

Depois de terminarem o vinho, Gabi olhou para Juliana com uma intensidade que fez o coração dela acelerar.
— Você está feliz aqui? — Gabi perguntou, sua voz baixa, mas carregada de significado.
— Estou começando a estar. — Juliana respondeu honestamente, sentindo o olhar de Gabi atravessá-la.

O silêncio entre elas era cheio de promessas. Gabi se levantou primeiro, estendendo a mão.
— Vamos para dentro?

Juliana hesitou por um segundo, mas apenas porque queria gravar aquele momento. A brisa, o cheiro do mar, o brilho nos olhos de Gabi. Quando ela segurou a mão estendida, algo dentro de si pareceu finalmente se soltar.

Dentro da casa, a atmosfera mudou. A luz suave da sala parecia acolher as duas, envolvendo-as em um casulo íntimo. Gabi se aproximou devagar, respeitando o espaço de Juliana, mas sem esconder a intensidade do desejo em seus olhos.

Quando elas se beijaram, foi como se todo o tempo e os muros que Juliana havia erguido se desintegrassem. O beijo era ao mesmo tempo gentil e urgente, uma troca que falava mais do que qualquer palavra poderia dizer.

— Você está bem? — Gabi perguntou entre os beijos, a testa colada à de Juliana.
— Estou mais do que bem.

As mãos de Gabi subiram pelos braços de Juliana, explorando cada linha e curva com cuidado. Juliana, por sua vez, descia lentamente a lateral do vestido de Gabi, cada botão parecendo um passo mais perto de algo que ela não sabia que ainda queria tanto.

Elas se moveram pela sala como em uma dança, derrubando almofadas e risadas pelo caminho até chegarem ao quarto. Lá, a luz suave da luminária refletia nos quadros de Camila, como se a presença dela abençoasse aquele momento.

Os movimentos eram lentos, repletos de cuidado e admiração. Gabi traçou os contornos do rosto de Juliana, como se estivesse decorando cada detalhe.

— Você é tão linda. — ela sussurrou, enquanto Juliana puxava-a mais para perto.

Elas passaram a noite explorando o amor que haviam construído lentamente, cada toque e beijo falando de confiança e entrega. Não havia pressa, apenas a certeza de que estavam exatamente onde deveriam estar.

O primeiro raio de sol entrou pela janela, iluminando o rosto de Juliana. Ela acordou com o som suave do mar e o peso confortável do braço de Gabi em sua cintura. Por um momento, ela apenas ficou ali, sentindo a calma que parecia impossível de alcançar há alguns anos.

Quando Gabi acordou, encontrou Juliana sorrindo para ela.
— Bom dia. — Gabi disse, a voz rouca de sono.
— Bom dia. — Juliana respondeu, inclinando-se para beijá-la novamente, como se quisesse garantir que aquilo era real.

Mais tarde, Juliana estava na varanda, olhando para o mar. Ela usava o mesma camisa branca que Camila havia pintado, o tecido leve dançando ao vento. Mas, desta vez, ela não estava sozinha.

Gabi surgiu atrás dela, segurando duas xícaras de café.
— Pensei que você pudesse querer companhia.

Juliana virou-se, sorrindo.
— Sempre.

Enquanto Gabi colocava a xícara na mesa e envolvia Juliana pela cintura, elas ficaram ali, observando o horizonte. A pintura de Camila havia capturado Juliana sozinha, mas agora, a realidade mostrava algo diferente.

O futuro dela havia chegado, e ela não estava mais sozinha.