PARTE II - UMA CAIXA É A SALVAÇÃO [ATUALIZADO]

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     *Por que ele grita? Não sei como isso poderia animá-lo. Depende mais de nós saber usar direito uma arma do que elas, as munições em si*, eu acho que Jim tem razão.
     – Há motivos para essa animação?
     – Fique quieto, Jim. Você não entenderia o quão incrível isso é. Essas balas chegam a brilhar, ficaremos seguros por um bom tempo. – seus olhos brilhavam com tanta admiração.
     *Esse sorriso está começando a lhe assustar, não é?*
     – Sim. – respondi para Jim enquanto me afastava. – Para que sua irmã tem tanta munição assim? – perguntei a Felipe. – Não encontramos uma arma...
     – Provavelmente deva ter uma pistola na gaveta da cozinha. Sei que havia uma na primeira gaveta da cabeceira. Não duvido nada se tiver armas escondidas pela casa toda.
     Pelo jeito a irmã dele é uma das loucas das armas também.
     – Ela tinha medo de alguma coisa? É muita precaução para quem é policial e mora sozinha, não?
     – Não sei. Mas isso tudo não tem nada a ver com ela ser policial, é uma longa história. – ele contava isso enquanto segurava as balas prateadas.
     – O que faremos agora?
     – Temos que contar as balas e separar as munições. Colocá-las nos pentes das armas e só, por enquanto.
     – Quantas armas temos?
     – Seis. Tem uma pistola com você. Duas comigo. Uma com Beatriz e Duas com Carla.
     *Me surpreende ele ter só pistolas e não algo mais*
     – Entendi. Sim, isso é curioso.
     – O quê? – Felipe me perguntou me olhando.
     Preciso prestar atenção quando der ouvidos ao outro Jim. Já é a segunda vez que o respondo em voz alta. Sendo que eu nem precisava responder.
     – Bom dia, garotos.
     Carla parecia estar animada. E eu não fazia ideia do porquê. Mas algo me diz que eu não devo perguntar sobre isso.
     – Bom dia. – respondi.
     Felipe sequer a olhou. Ainda estava admirando as munições. Tudo aquilo para ele parecia moedas de ouros.
     – Venha, Jim. Vamos tomar um café.

     
Hoje o dia não começou muito bem. Me sinto um pouco idiota por ter demorado a encontrar a caixa de munições no lugar mais óbvio. Ainda estou caindo de sono. Ele me parece uma pessoa maluca por munições, se eu não o conhecesse imaginaria até coisa pior.
     *Você não o conhece!*, Jim sussurrou na minha cabeça.
     Eu concordei. Ele tem razão. O que me deu para pensar nisso?
     *O que me deixa mais curioso é não saber do porquê a irmã dele tem uma caixa cheia de munições. Não encontramos uma arma até agora... Tenha cuidado com suas curiosidades, isso quase nos matou uma vez.*
     É melhor eu tentar tomar ainda mais cuidado. O dia pelo jeito será estranho, mas mais tarde será mais tranquilo para escrever.

     – Bom dia. – anunciou Carla quando entramos na cozinha.
     Beatriz nem a olhou. Alguém não dormiu bem.
     Carla nos serviu ovos mexidos.
     – Por que infernos Felipe está tão animado? Eu o ouvi. Acho que se tivéssemos vizinhos, eles ouviriam também.
     – Munições. – respondi enfiando uma garfo cheio de ovos na boca.
     – Idiota. – ela resmungou.
     Carla sorriu.
     Eu sorri.
     – Então, o que faremos hoje, meninas?

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