Como esperado, foi mais um longo dia. E tudo parece passar mais devagar, já que não tem nada para fazer a não ser, ser contaminado pela emoção de Felipe com suas balas prateadas. Não se sobra muitas coisas para se aproveitar quando o mundo está em um completo apocalipse.
Há tanto tempo que não escrevo, é o que me parece.
*Não exagera, Jim.*, Jim sussurra na minha cabeça como se fosse o juiz da verdade.
É o que parece... muito tempo. Mas talvez amanhã tenha algo para escrever. Estou planejando sair escondido e andar um pouco por aí. Não consigo ficar sozinho nessa casa nem por um minuto.
*Amanhã é nosso aniversário, não?!*...
Algo que ninguém precisa saber.
– Bom dia dorminhoco. Parabéns!
Realmente não queria ter acordado com a Beatriz pulando em cima de mim.
– Quê? O quê?
Ela jogou o lençol por cima da minha cabeça e empurrou um travesseiro na minha cara. Eu não sei se ela tentava me matar ou me felicitar por completar 17 anos. Ainda espero saber se ela é meio maluca.
*Eu não teria dúvidas.*, é engraçado de imaginar Jim com a cara amassada de sono... Provavelmente eu esteja com a cara amassada de sono.
Eu só conseguia me debater e os tapas que eu achava que dava com força nela, realmente não funcionavam. A verdade que não sou tão forte assim como eu achava.
Tive vontade de rir com isso, eu riria se não estivesse sendo sufocado por um travesseiro e por uma menina mais forte do que eu em cima de mim.
Ela soltou o travesseiro e a primeira coisa que eu vi foi um enorme sorriso.
– Qual o teu problema, garota? Você tem algum tipo de problema.
Eu realmente não queria gritar, mas minha voz saiu mais alto do que eu imaginava.
– Relaxa. Não tenho nenhum presente para você, mas depois eu penso em algo.
Ela me deu um beijo na bochecha e saiu de cima de mim. O que me surpreendera, porque eu achara que ela ficaria brava depois de ter gritado com ela.
– Não precisa. E como você descobriu meu aniversário?
– Está fazendo quantos anos?
– 17.
Ela riu.
– Eu ouvi você cochichando no outro dia.
Mas como ela ouviu eu não sei, eu disse tão baixo...
– Enfim, Obrigado. Deixe-me levantar-se e ir ao banheiro.
– Ok. Não se preocupe, não contei para mais ninguém!
Ela continuou sorrindo enquanto eu atravessava a porta
E quando menos esperei a lua já estava brilhando no céu escuro.
Como eu havia me lembrado, hoje me preparei para escrever sobre o que aconteceu hoje. O céu está brilhante.
Amanhã o meu terror está pronto para nascer. Iremos procurar uma delegacia para nossa segurança. Depois disso espero que nos levem para um abrigo ou um lugar a salvo.
"_Bem, hoje é dia 14 de outubro, é meu aniversário hoje.
_Não esperava que alguém soubesse, mas a Beatriz sabia e o que ela fez me pegou de surpresa...
_Essa história deixarei para mais tarde. Como não tenho nenhuma aventura para contar, achei melhor escrever como foi meu dia de hoje.
_Depois que eu fora acordado pela Beatriz eu levantara e fora ao banheiro.
_Aquele banho frio realmente me acordara de vez.
_A televisão estava como antes. Todos os canais estavam fora de sintonia. Ninguém mais saberia de notícias, mas as outras pessoas agora já devem ter procurado por uma salvação, ou não...
_Eu havia dito que iria explorar um pouco a localidade onde estamos, o que eu achara que seria fácil. Foi complicado ter saído escondido sem que ninguém me visse. Se Felipe descobrisse que eu saíra, ele com certeza descontaria toda a raiva dele em mim. Mas antes mesmo de decidir, já tinha em mente que o que seria realmente complicado: dizer onde eu estaria na casa por todo o momento em que eu estaria "desaparecido", caso alguém me perguntasse algo.
_O problema era que a casa nem era tão grande.
_O que acontecera eu não poderia ter imaginado e nem evitado, e mais uma vez, arrependera-me de ter tomado uma decisão que não deveria. Mas também aprendi que se manter arrependido por algo que você decidira fazer é perda de tempo e um tormento desnecessário em sua mente.
_Agora, a regra da vida é, você vive ou você morre. Você mata ou você é morto.
_Qual é a escolha a ser tomada?
_Qual escolha vocês farão?"
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Sangue Morto
ActionOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL (ISBN) * 29 de setembro de 2013. Foi o ano que o terror começou a andar sobre a terra. De tantos bilhões de seres humanos, apenas um parecia ter sobrevivido a uma pandemia que destruiria a raça humana. Yudi é...