O jeito é pular, eu mesmo concluí sem ajuda do outro Jim.
As criaturas vieram para cima de mim com tudo e eu corri para murada para pular.
Ouço Jim na minha cabeça comemorando.
Não há água. Não me molhei. Sinto algo escorrer pela minha testa. Meu corpo está tremendo. Ainda ouço os urros acima de mim. Algo está pingando na minha cabeça.
*Por que está de olhos fechado?*, Jim parece estar rindo na minha cabeça. Enquanto estou de olhos fechados consigo ver a forma de um garoto em pé encostado em uma parede...
Sinto dedos roçarem em meu cabelo. Elas estão nervosas. Os gritos estão desesperados. Estou tão perto delas e ao mesmo tempo tão inalcançável. Chega a ser engraçado. Eu quero rir.
Sei o que é que está escorrendo pela minha testa agora, é sangue.
Depois de abrir os olhos lentamente, vejo que estou pendurado por um vergalhão solto da murada pela mochila. Não sei como consegui me prender aqui. Preciso me soltar da mochila.
Essas coisas vão me deixar surdo com o tanto que estão gritando acima da minha cabeça. Elas vão conseguir me alcançar em algum momento.
Eu preciso de coragem!
Eu só espero que não seja tão fundo esse rio. Eu ergo os braço e escorrego da mochila. Meus dedos encostaram em alguma coisa pegajosa, provavelmente, foi em alguma criatura.
O impacto fez meus pés doerem, ainda estão. Mas a água bate na minha cintura. Os peixes que eu não tinha percebido antes são ousados e nadam entre minhas pernas sem medo.
Finalmente cheguei do outro lado da ponte. Não consigo respirar. Engoli tanta água tentando respirar. Talvez eu escreva isso alguma hora. Por sorte o que eu estava escrevendo está no meu bolso, agora encharcado, mas vai secar... Eu quase morri afogado. Fugi da morte por terra para me matar na água.
Quem é que do nada tropeça no meio da água? Foi tanta água entrando pelo meu nariz e minha boca que eu nem sabia para quais lados eu estava batendo os braços e as pernas. É desesperador sentir a pressão nos pulmões e não ter o que fazer a não ser engolir água enquanto se grita por ar. Meu nariz está ardendo até agora.
Ouço uma risada no fundo da minha cabeça, sei que é Jim que está rindo de mim.
Agora posso descansar um pouco. É bom estar largado no chão sentindo o sol na pele. Já faz quanto tempo que não fico largado desse jeito? Acho que ficarei assim até me secar. Sei que no momento posso relaxar por alguns minutos. Acho que posso ficar seguro aqui. É até engraçado ver aquelas criaturas se amontoando na ponte se digladiando sem saber o que fazer. Daqui a pouco elas cairão lá de cima, só espero que não saibam nadar. Porque além de me ferrar, ferrarei com quem estiver a salvo desse lado. Caso tenha alguém.
Tem horas que preciso calar minha boca. Quatro criaturas caíram na água, mas não estão se mexendo. O que irá acontecer eu não sei, mas elas não estão nadando nem nada. Não sei se elas podem respirar em baixo d'água, apesar de estarem mortas... sei lá. Espero que os peixes as devorem.
Mas o que irá acontecer aos peixes?
*Como se isso fosse importante agora, eles não poderão sair da água mesmo.*, Jim me respondeu.
Quem sabe um novo filme de terror se torne realidade, como aquelas piranhas assassinas. Nenhum movimento na água de onde as criaturas caiu. Estou em paz. Eu sorri.
Ouço Jim rir na minha cabeça novamente.
Espero encontrar outras pessoas, estou com esperanças de que encontrarei. Em breve volto a escrever mais um pouco, mas antes preciso repor tudo que perdi.
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Sangue Morto
AksiOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL (ISBN) * 29 de setembro de 2013. Foi o ano que o terror começou a andar sobre a terra. De tantos bilhões de seres humanos, apenas um parecia ter sobrevivido a uma pandemia que destruiria a raça humana. Yudi é...