Mocinho ou vilão? - part.1

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     Finalmente. Finalmente. Finalmente. São 56 degraus.
     – Por quê? Para quê? – Beatriz arfava. – Carla, se tivermos que passar por isso mais uma vez você me carregará nas costas.
     – Estou morto. – disse, me jogando no chão. – Nunca mais dê ideia de subir escadas, ouviu Carla. – me esforcei para gritar.
     Acho que ela pouco se importou com isso. 
     Havia uma pequena casa ali em cima, um pequeno lago e muitas árvores com algumas lâmpadas penduradas que iluminavam o local. O que é bom ter energia ainda nessa área. Mas o que uma casa faz aqui em cima?
     Não havia sangue e nem sinal de destruição. Não se parece como uma moradia. Ou talvez já tenha sido.
     Só há sofás e algumas poltronas espalhadas pelo único cômodo da casa. Não há sinal de ninguém,  o que realmente é bom.
     – Não sei o que vocês farão agora. Mas eu necessito de um banho e usarei aquele lago. – anunciou Carla e saiu pela porta com Beatriz a seguindo segundos depois.
     – O que foi, cara? – perguntei ao Felipe. – Você está bem?
     – Estou. Estou preocupado com minha irmã. Não posso aceitar que ela possa estar morta.
     Sua voz estava ficando meio rouca e falha. Mas parecia estar voltando ao bom e antigo Felipe que eu conhecia. Ele precisa ser forte e ninguém poderia ser por ele.
     Era para eu ter me perdido há muito tempo. Mas por que não estou preocupado com meus pais? Já faz muito tempo que não sei sobre eles. Mas foram eles que sumiram primeiro, não? Quer dizer, todos sumiram e eu fiquei sozinho. Sem saber de nada. Eu tiver que descobrir e aprender. Onde todos estavam? Preciso acreditar que meus pais estejam vivos. Sei que eles poderão me dá as respostas que preciso.
     – Estou com medo. – ele confessou. – Mais é o medo da verdade. Eu não sei o que fazer.
     Eu não sei o que dizer. Oras, eu tive muito medo e tive que conviver com ele. Mas ele se dispersou quando comecei a viver com a Beatriz, a Carla e o Felipe. Devo muito a eles por terem me aceitado.
     – Eu entendo o seu medo e sua preocupação. – comecei. E antes eu não sabia exatamente o que dizer. – Mas esse é o mundo em que nos encontramos agora. Você precisa ser esforçar. Ou você se torna forte ou desisti de uma vez. – sei que foi duro dizer. Mas você tem que lembrar que nos tem ao seu lado. 
     O olhar cético dele me perfurou como eu não queria. Era esse olha que eu não esperava, o que queria evitar.


     – Vocês já podem tomar ir tomar banho se desejarem. Se desejarem.
     Disse Beatriz rindo, entrando pela porta.
     – A água do lago está ótima. Deveriam ir logo. – disse Carla. – Aproveitem.
     Me levantei e saí, era o único lugar para se tomar banho e sabe se lá quando poderia ter outra oportunidade. Felipe me acompanhou.
     Ele se despiu sem um pingo de vergonha e entrou no lago. Se virou e eu me despir da vergonha e tirei minhas roupas, então entrei no lago em silêncio.

*

     – O que faremos agora? – perguntou Beatriz. – Não poderemos ficar por muito tempo aqui. Temos que nos apressar.
     E no exato momento a porta se escancarou e gritos ecoaram por toda a casa.
     – Que malditos são vocês?
     Um homem gritava furioso. Ele parecia ter seus 30 e poucos anos, mas tinha uma aparência idosa. Ele carregava uma espada embainhada na mão esquerda
     Felipe sacou a arma e apontou para o homem. Onde estava a minha arma? Péssima hora.
     – Quem é você?
     Felipe perguntou. Seu olhar estava firme nos olhos do homem. Aquele cara não tinha medo de uma arma.
     – Vou perguntar só mais uma vez, quem são vocês? – ele perguntou novamente, o estalo da espada saindo um pouco da bainha soou alto demais para meus ouvidos. – Vocês têm só mais uma chance. Abaixe a arma, se eu ouvir o destravo eu corto todos vocês ao meio.
     Meu corpo está tremendo. É só uma espada. E ainda parece ser uma espada velha.

...

Sangue MortoOnde histórias criam vida. Descubra agora