"_Umas das criaturas se lançara sobre seu pescoço, enquanto outra agarrava sua perna direita. E antes de ver a terceira agarrá-la eu me virei para fugir dali.
_Eu não a ouvi gritar.
_Naquele instante eu não sabia o porquê, havia achado que o medo tivesse roubado minha audição. Mas segundos depois eu me ouvira gritar. Um grito de desespero que se misturava aos urros das criaturas se saciando com o corpo de Ângela.
_Eu me recusei a olhar para trás.
_Eu não tive a oportunidade de dizer obrigado. Eu não podia nem parar de correr e mesmo com dores, eu me obriguei a correr. Eu precisava ser o homem que eu nunca conseguira ser. Eu deveria tê-la salvado.
_A cada passo, meu corpo estremecia com uma dor lancinante.
_Enquanto escrevo isso, eu deveria relatar que eu deveria esquecer isso. É doloroso. Mas sei que não posso esquecer, isso significa esquecer Ângela e não posso fazer isso com ela. Jamais poderei fazer isso. Devo isso a ela.
_Não foi justo. Esse mundo não é justo. Jamais será. Tenham consciência disso.
_Sim. Pareceu ser perto de uma eternidade dolorosa e mortífera, mas eu conseguira encontrar o meu caminho até a casa da irmã do Felipe. O que não foi nenhum ponto positivo. Além das dores e marcas que penetravam a cada segundo do meu corpo e a sensação de vazio, não foi o suficiente para que Beatriz me batesse quando me vira chegando. Carla gritou o suficiente para que meus ouvidos doessem, mas acho que essa foi a menor das dores. Eu esperava que Felipe fosse falar algo, mas acho que ele entendeu o que aconteceu depois que eu explicara. Óbvio que foi depois que eu acordara, porque depois que Beatriz me dera um tapa no rosto eu desmaiara em cima de seus braços.""_Pelo que parece eu fiquei 2 dias apagados. Alguém em deu banho e trocara minhas roupas. Ainda não sei quem foi e não tive coragem para perguntar. Te garanto que quando você ler isso, eu ainda não tenha perguntado. Enfim.
_Naquela mesma noite em que eu acordara, Beatriz aparecera no quarto, além de um prato de frutas, ela me trouxera uma caixa de presente.
_– Eu sei que não comemoramos seu aniversário. Não temos nem motivo para isso, mas um dia a mais vivo, é motivo de comemoração, especialmente quando se completa mais um ano de vida. – ela dissera com um sorriso.
_Meu corpo ainda doía, mas muito menos do que antes.
_– Eu acho que não precisava disso. – mas peguei a caixa.
_– Eu disse que pensaria em algo. – ela se sentou na beirada da cama.
_Então eu abri a caixa. Meu rosto corou e ela riu. O presente me surpreendera mais do que eu poderia imaginar, sem dizer que eu nunca imaginara ganhar isso de alguém.
_– Não gostou do presente?
_Eu a olhei de um jeito que nem eu sei explicar. Eu nem sabia o que poderia ter dito.
_– Eu não sei o que dizer.
_– Só fale algo que não seja isso. – ela rebateu.
_– Nunca imaginei ganhar isso de aniversário. Para falar a verdade não sei nem como...
_– Não tem problema. Eu já havia imaginado isso. Eu vou te ensinar.
_Eu posso jurar que meu rosto só não explodiu, porque é impossível explodir de vergonha.
_Ela se aproximara de mim, se arrastando pela cama.
**AVISO**
**AVISO**
**AVISO*
_É meio estranho quando você quer gravar uma memória para sempre e tem vergonha disso? Beatriz concordou e deu ideia de escrevermos o que acontecera. Obviamente eu não tenho essa coragem, mas ela mesmo se prontificou a escrever sobre isso. Então, as próximas palavras não são minhas e sim dela. Eu espero que quem esteja lendo seja maior de 18 anos e quem não for, espero realmente que vocês pulem para o final da próxima página onde contém outras palavras de *AVISO*
_Eu realmente acho que ninguém vai ler isso, por isso dei a ideia de escrever o que aconteceu. Sempre o vi escrevendo e tinha curiosidade para saber sobre o que era. Bem, agora eu sei sobre o que se trata.
_Jim é o tipo de garoto que nunca teve experiência com ninguém além de uma paixonite morta viva.
_– Sabe, Jim. Eu gostei de você desde o dia que nos conhecemos. Sou mais velha que você e sinto que deveria ser eu a falar isso. Talvez eu esteja apaixonada por você. – o rosto dele estava tão vermelho que eu jurei que escorreria sangue por seus olhos. – Como isso aconteceu? Eu não faço a mínima ideia, e acho que esse detalhe é o de menos. Mas depois da história de herói que você contara, eu não poderia como negar.
_Ele gaguejou como um bobo, e foi até engraçado.
_– Eu não sei o que dizer. – ele disse por fim depois de alguns minutos de espera.
_– Imaginei. Veja, eu posso lhe ensinar, mas só se você sentir o mesmo.
_Eu estava sendo sincera com ele, mas minha sinceridade meio que o deixou atordoado.
_– Eu não sei o que dizer.
_Dessa vez ele não havia gaguejado, o que me deixou certa de que ele realmente não sabia o que dizer.
_– Só diga o que sente em relação a mim.
_– Você é estranha.
_Eu sorri com a resposta e isso meio que o deixou mais tranquilo, pois ele sorrira de volta.
_– Só
_– Não. – respondera depois de alguns segundos calados.
_E o silêncio que isso trouxe foi meio que estranho.
_– Então?
_– Eu gosto de você, seu jeito estranho e sua coragem me chamam a atenção. O modo que age, parece não ter medo de muitas coisas. O seu jeito de como finge está brava comigo quando não está. Tenho estado apaixonado por você há algum tempo, mas isso não aconteceu do nada.
_Ele teve coragem. Um ponto.
_Ele disse mais coisas do que eu esperava, o que me deixou até que surpresa. Mais um ponto.
_Então eu sorri e lhe dei um beijo."
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Sangue Morto
ActionOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL (ISBN) * 29 de setembro de 2013. Foi o ano que o terror começou a andar sobre a terra. De tantos bilhões de seres humanos, apenas um parecia ter sobrevivido a uma pandemia que destruiria a raça humana. Yudi é...