Então nós fugimos

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     – Acordem. Rápido cambadas de preguiçosos. Acordem.
     Alguém gritava. Que horas era? Estou destruído.
     – O que houve? Por que a gritaria?
     Beatriz levantava esfregando os olhos. Meus olhos estão ardendo por causa da claridade.
     – Levantem. Rápido. Eles estão aqui.
     Felipe levantava, sonolento. Carla se ergueu em segundos.
     Ele não nos matou. Mas eu ainda não confio nele.
     – Onde está minha arma? – perguntou Felipe. – Peguem suas coisas e vamos. Temos que sair daqui.
     A arma, onde está a arma? Francisco.
     – Francisco onde está a arma?
     Perguntei, e eu achei que ele me mataria.
     Ele apenas apontou para uma outra poltrona. Onde sei que Felipe não a deixara.
     Felipe pegou a arma e olhou quantas balas tinha, então a colocou na cintura.
     – Estão preparados para fugirem daqui?
     Ele perguntou em voz alta e todos assentiram.
     
     Eu sabia.
Eu sabia. Aquelas coisas haviam passado pela barricada. Daqui de cima dá para ver muitas delas. Mas do que havia quando chegamos. Não há como descer pelas escadas. Parece um mar de tantas criaturas.
     – E agora? O que faremos? – perguntou Carla. – Não há como descer.
     – Poderíamos tentar. – disse Francisco. – Será uma ótima diversão matar todas aquelas coisas bizarras. – ele riu.
     Ele é maluco. EU SABIA.
     – Se quiser morrer, pode ir fundo. Vai com vontade. – disse Felipe. – Mas não iremos com você. Vamos descer a encosta atrás da casa e fugir.
     Notei Francisco olhando para Felipe de um modo suspeito. Como se não tivesse gostado de como Felipe o retrucou. Nem eu gostaria.
     – E fugirmos para aonde?
     Carla realmente estava amedrontada. Ela estava tremendo.
     – Procurar o local seguro. Vamos.
     Então partimos por trás da casa. Era íngreme. Mas era fácil descer. Francisco vinha correndo atrás da gente. Eu esperava que ele descesse as escadas e se atirasse naquele mar da morte. Mas quem quero iludir, até hoje muitas coisas não foram. 
     
     – Não achei que ouviria esses urros tão cedo. – disse Beatriz. – Precisamos decidir para qual rua seguiremos.
     Novamente, deveríamos decidir em qual rua entrar, seguir em frente, esquerda ou direita.
     – Vamos seguir em frente. – disse Francisco. – é a opção mais viável.
     – Por quê?
     Eu quis perguntar, mas Felipe fizera primeiro.
     – Se seguirmos para esquerda ou direita poderemos  dar de cara com essas coisas. Seguir em frente nos afastará delas.
     Ele tinha razão. Eu odiei isso. Mas ele nem esperou decidirmos e partiu correndo. Nós o seguimos
     – Não confio nesse cara.
     Disse Beatriz. Tive vontade de reclamar, mas preferi ficar calado.
     – Achei que essas criaturas eram lerdas. Mas os urros estão ainda mais altos.
     – Quantas criaturas devem estar nos seguindo?
     – Não olhem para trás. – gritou Felipe. – Jim, cadê sua arma?
     MINHA ARMA. ONDE ESTAVA? Onde eu deixara minha arma? Depois que eu tomei banho onde eu a deixara?

...

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