Somos salvos

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Finalmente, estamos chegando. Já consigo ver detalhadamente a ilha.
- Quem são vocês?
Estávamos muito próximos. Tão próximos.
A voz parecia ter sido produzida por um megafone, vinha da ilha.
- Como eles esperam que nós respondamos? - perguntou Beatriz. - Dessa distância eles não vão nos ouvir.
- Não irei gritar.
Me esforcei só para dizer isso. Agora sei porque Felipe estivera calado esse tempo todo.
- E nem conseguiria.
Ela riu.
- Aguardamos uma resposta. Quem são vocês? - novamente a voz. - Não iremos atacar, mas ouvimos tiros e tomamos precauções.
- Eles acham que faríamos o que?
Perguntou Carla.
- Sei lá. Tínhamos uma coisa morta no barco. Imagine se Francisco chegasse na ilha e matasse todos? Não teria nenhum lugar seguro. As pessoas se tornaram mais precavidas e medrosas do que já foram.
Beatriz respondeu.
Beatriz se levantou e gritou com força que queríamos ajuda. Por um momento eu achei que eles não a haviam escutado. Mas logo aquele megafone produziu a voz dizendo que mandariam ajuda.
Sua voz havia tremido, mas era por finalmente poder desabar e descansar sem precauções ou...

Estávamos próximos. Talvez mais 10 minutos e chegaríamos. O problema é que eu não aguento remar nem mais 1 minutos.
A nossa salvação chega de barco. Quase gritei.
- Vocês estão bem? - perguntou um homem com macacão branco. - O que houve com esse garoto aí?
Ele olhava sem expressão para Felipe. Ele não se importa com o que aconteceu a ele.
- Ele está apenas desmaiado, foi ferido.
- Mordido?
Ele perguntou, sem ao menos esconder o espanto. Mas é compreensível.
- Não poderemos salvar ele. - um outro homem gritou espantando. Esse já era bem mais forte. Sua voz era alta e estressada. - Se vocês estiverem contaminados teremos que nos livrar de vocês. - disse, puxando uma arma da cintura e apontando para Carla.
- Abaixe essa arma. - disse uma mulher se aproximando. - Já chega de mais mortes. Vamos analisa-los e se não tiverem contaminados eles veem com a gente.
Parece que ela que manda ali. Sem dizer que é inda.
- Tudo bem.
Ele abaixou a arma e deu as costas. Sem nem esconder a frustração.
- Vamos ajuda-los. Só tenham mais um pouco de calma.
Ela sorriu. E que sorriso perfeito.
É bom poder ver que mesmo o mundo no caos, ainda há pessoas que saibam sorrir com coisas tão sem sentindo, e sorrirem de verdade, com o coração.
- Obrigada.
Chorou Carla.

Eles nos ajudaram a subir no barco a motor um por um. Nos analisaram e cuidaram dos pequenos ferimentos que tínhamos. Por sorte, ninguém morreu. Então antes de partir para a ilha, eles atiraram no barco em que estivermos diversas vezes e o pequeno barco que nos salvara afundou...

- Esse é o novo lar de vocês. Aqui estarão seguros. - disse a mulher. - Sou Renata. Sei que pode ser difícil o começo aqui, a perda de seus familiares. Mas esse é o melhor que possa ter acontecido com vocês.
- Obrigada.
Carla agradeceu novamente.
- E minha irmã, Viviana, ainda está viva?
Perguntou Felipe, estava com corpo coberto de curativos, parecia melhor, mas ainda estava muito pálido.
- Viviana é sua irmã? - Renata perguntou espantada. - Sim. Ela está viva. Então você é o tal Felipe que tanto ela fala? Logo você poderá se juntar a ela. Ela está do outro lado da ilha.
Pude sentir o alívio de Felipe. Finalmente ele estava relaxando. E eu me senti bem por ele.
- Primeiros vocês terão que passar pela ala médica. - disse outra, mulher aproximando-se. - Será coisa rápida. Renata, pode leva-los?
- Sim.

*

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