PARTE II - NOTÍCIA [ATUALIZADO]

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     – Dependemos do Felipe acabar com a admiração que ele está tendo por aquelas balas para decidirmos. Precisamos nos organizar e preparar tudo para seguirmos com o plano. – disse Carla, sorrindo.
     – E será que encontraremos alguém lá. Até hoje não lembro de ter visto uma viatura pela rua, um policial correndo por aí. Por que encontraríamos alguém na delegacia?
     Beatriz realmente não estava com um otimismo muito bom.
     – Beatriz, faça o favor de ficar com a boca calada?! Precisamos encontrar alguém.
     Tive que concordar com a Carla, mas não entendi o porquê de ela ter batido na mesa de madeira três vezes. Enfim.
     Sinceramente não posso me acostumar com essas paradas de poder descansar por um longo tempo sem antes está realmente seguro com essa nova vida.

 
   Graças a Beatriz descobrimos que a televisão da sala funciona. E eu achando que todas estavam fora de sintonia, mas agora, acho que todas estão funcionando, já que essa está.
     *Preste atenção, mané*, Jim chamara minha atenção.
     Ela não acreditava, zapeava por todos os canais disponíveis, e em todos era a mesma imagem, a mesma notícia. Eles estão notificando o que está acontecendo em nossa cidade.
     "– Vocês podem não acreditar, mas sim. É verdade e pura realidade. Sei que não tínhamos nos pronunciado antes. Mas já sabemos que todos vocês já perceberam a situação em que nos encontramos. Não sei se muitos ainda nos assistem ou se sobreviveram..."
     – O que você está vendo, Jim?
     Carla se sentou do meu lado.
     – É obvio que o jornal. Eu nem sabia que as televisões estavam funcionando. – respondeu Beatriz.
     – Verdade, estavam fora de sintonia. Mas agora eles não podem ignorar o que está acontecendo. Eles precisam avisar aos sobreviventes sobre as coisas. Precisamos de notícias para conseguir nos salvar...
     – Mas será que alguma pessoa está vendo?
     – Não sei. Deve haver alguém vendo por aí. Nem todos fugiram, nem todos procuraram outros abrigos ou foram atacados.
     "– Mas estamos vivendo uma grande pandemia e todos precisam saber o que fazer. Ainda não sabemos se essa virose é mundial ou só no Brasil. Até agora os estados confirmados foram Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal... "
     – As coisas estão mais sérias do que parecem.
     – Fica quieta, Beatriz!
     "– As pessoas devem se preocupar e procurar por um abrigo na delegacia mais próxima. Se possível, tentem se juntar com outras pessoas que pareçam estar em sã consciência. As pessoas estão com medo e perdendo a humanidade e o raciocínio rápido. Muitos estão morrendo por outros humanos e devemos nos preocupar... "
     – O que está acontecendo? Achei que as televisões não funcionavam.
     Felipe apareceu atrás da gente.
     – Finalmente estão divulgando sobre o que está acontecendo. Mesmo que muitos não estejam vendo e já descobriram sobre todo esse caos. Para eles estarem avisando, é porque há chances de ter muita mais gente viva por aí.
     Eu falei parecendo um pouco esperançoso demais, sentindo-me salvo de todo esse problema.
     *É melhor você acordar para vida real. Esse seu entusiasmo é desnecessário e prematuro. Ainda podemos ser mortos, Jim. Preste atenção*
     Assenti.
     "– Ouçam com atenção. Vocês sobreviventes, vocês têm duas opções. Ficar em casa com pessoas próximas e conhecidas e torcerem para sejam salvas e estarem em segurança, ou arriscarem a própria vida até uma delegacia próxima..."
     A jornalista não escondia o terror que havia nos olhos e o medo que sentia. Eu não soube dizer se ela havia feito uma pausa ou se a imagem congelara.
     "– Não sabemos quando ou como conseguiremos fazer outra transmissão, os recursos estão escassos e agora não temos muitos. Iremos mostras um pouco do que está acontecendo mundo a fora. Saibam que as imagens são realmente surreais. Depois disso, vocês deverão decidir o que farão."
     Eu me perguntava como eles tinham a coragem de mostrar essas coisas agora. Há dias que estamos sofrendo com isso e eles só mostram agora? Muitos morreram sem saber o que fazer e agora que eles jogam isso ao público?! Não é certo.
     – Ela tem razão. Assim como nós, outros têm de decidir o que farão. Nem todos estão aptos a tentar sair de casa em busca de uma salvação que não sabem nem se vão conseguir. – disse Beatriz.

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