26 - Nothing Found

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Nothing Found.

- Não disseste que estavas a procura dos teus tios? - Disfarcei e dei um golo da minha cerveja.

Virei-lhe as costas e voltei para a sala.

A sua história podia justificar algumas das minhas dúvidas, mas não todas. Pelo o contrário, só me colocava mais pensativo, e isso expunha toda a minha farsa quanto ao meu interesse por ela.

- Que merda, Jason. O que é que tens para esconder? Porque sinceramente nunca conheci ninguém que tivesse i—

- Tu estás num bairro, Kelsey. Estás á espera de andar na rua, sem que as pessoas façam perguntas? Experimenta. Vê no que dá..

Voltei a mandar alguns golos de cerveja até á minha boca, engolindo a minha frustração e bruteza.

- O que é que foste fazer á discoteca? - Perguntei sem a encarar. - Porque é que te aproximaste da Vanessa e da Caitlin?

- Na madrugada quando cheguei a casa, a discussão com o meu pai foi horrível. Acho que nunca tinha sido tão má e— Fiz as minhas malas e meti-me num avião.

Engoliu a seco e percebia que aguentava as suas lágrimas.

- Eu estava dermente.. E eu sei que é super estúpido, mas— Eu fui para a discoteca, sem qualquer medo. Sei que vais dizer que é imaturo, mas— Eu— Eu só queria beber e poder esquecer a minha vida.

- Com tanta pessoa naquela discoteca.. Por—

- Jason, foram elas que vieram até mim. Eu fui para a discoteca com umas amigas de Londres, que também vieram desta zona, só que elas acabaram por— "Se assustar com o ambiente" e deixaram-me lá sozinha.

- Merda de amigas, as tuas.

- Check. - Deu um golo na cerveja. - Enfim— A Caitlin e a Vanessa vieram ao meu auxilio, não fui eu que as procurei. Só me diverti com elas e acabámos por nos darmos bem. São boas raparigas, com boas intenções..

- Melhores que as tuas amigas, podes ter a certeza. - Encolheu ligeiramente os ombros desviando olhar. - E assumo que tenhas conseguido estar na zona VIP, com dinheiro.

- Double check. - Olhou-me nos olhos. - Mais alguma pergunta, Jason McCann? Ou— Podemos ser amigos?

Parecia sacudir a sua tristeza, perto de mim. O que eu agradecia, porque não tinha paciência e piedade para isso.

- Não abusemos. - Mostrei um pequeno sorriso no canto dos lábios. - E sim. Tenho mais uma pergunta.

- Aqui vamos nós. - Ela mostrava-se disposta. O seu sorriso de lábios, dá-lhe um ar tranquilo. - Sim?

- Que raio de mania é essa de me chamares pelo meu nome todo? Gostas assim tanto dele?

Ela deu uma gargalhada.

- Tu és tão convencido, meu deus— Jason! - Passou as mãos na cara. - Lembraste de como te apresentaste? Disseste o teu nome dessa maneira.

Gargalhou novamente.

- Jason McCann, já ninguém se apresenta dessa forma, hoje em dia. Dizes o teu primeiro nome, é o suficiente. - Piscou-me o olho e reclamou um golo da sua cerveja.

Eu mantinha um pequeno sorriso no canto dos lábios, ao ver a rapariga mais leve e não atormentada por pensamentos do passado. Agora, estava distraída, e eu, satisfeito com a conversa.

- Tem o seu charme.. Mas isso não quer dizer que precisas de o repetir de volta.

- Well, too bad. Agora serás sempre lembrado assim. - Endireitou-se e passou as mãos pelos o cabelos. - Já é bem tarde... Anda, vou-te mostrar o teu quarto para poderes descansar.

Ela indicou com a cabeça.
Levantei-me, seguindo-a.

- Pensava que íamos dormir juntos.

Ela cerrou os olhos, virando a cara na minha direção.

- Estou a brincar.

- Eu sei. - Ela falou confiante, desviando a cara.

Abriu uma porta branca, e logo expôs o quarto espaçoso, limpo e bem decorado com cores neutras.

- Então até amanhã.. - Falei assim que entrei no quarto e agarrei na porta, encarando-a, frente a frente.

- Até amanhã, Jason McCann. - Mostrou um pequeno sorriso de lábios, olhando-me nos olhos.

Sai ligeiramente da moldura da porta, agarrei na mão da morena, e num segundo, as suas costas estavam contra a parede, enquanto o meu corpo fazia pressão no seu. Os seus pulsos, estavam na minha mão, por cima da sua cabeça.

- Boa noite— - Deixei um toque no canto dos seus lábios, com os meus. - Kelsey Thompson.

Recuei, enterrei as mãos nos bolsos, e com um sorriso no canto da boca, entrei no quarto e fechei a porta. Kelsey ficara imóvel á minha atitude. A sua respiração ficava mais pesada, e o seu olhar vulnerável...

Tinha-me esquecido da mochila na entrada, mas como dormia apenas de boxers, não me preocupei. Não havia nada, a não ser roupa, naquela mochila. O importante, estava comigo. A todo o tempo.
Sem intenções de realmente dormir, decidi remexer pelo o telemóvel, onde jogava e namoriscava com uma outra rapariga.

Passado algumas horas, 6AM.
Levantei-me, e decidi vasculhar por aquela casa. Queria encontrar algo que alimentasse as minhas dúvidas, estas que já se tornavam mínimas, sem saída..
Apenas de calças de fato treino, e meias, caminhava por aqueles corredores escuros e longos. Conseguia parecer um labirinto, pelas vezes que me perdia.

Verifiquei uma boa parte da casa, talvez até toda, onde não encontrei nada de suspeito. Parecia uma casa nova, meio construída e decorada, e apenas isso. Não encontrei, esconderijos, tecnologias, papelada, fotografias— Nada, que confirmasse as minhas dúvidas.

Derrotado, caminhei de volta para o quarto e assim que desliguei a lanterna do telemóvel, ouvi uns gemidos no andar de cima. Parecia uns gritos abafados.
Rapidamente subi as escadas, observando aquele quarto de porta encostada.

Abri a porta, vendo-a remexer-se imenso pela cama.

- Hey—Hey.. - Abanei-a delicadamente, na tentativa de a acordar. - Kelsey, acorda.

Foda-se, não lido com as minhas cenas, tenho que lidar com as dos outros.

Kelsey passava as mãos pelas cara, endireitando-se levemente. Reparei que suava um pouco, e logo confirmei que estaria a ter um pesadelo.

- Desculpa, acordei-te. - A sua respiração era ligeiramente ofegante.

- É..

- Ultimamente tenho tido alguns destes... - Passou as mãos pelo o cabelo, e finalmente encarou-me.

Os seus olhos estavam um pouco vermelhos, os seus lábios e bochechas, mais inchados e rosados.

Parece uma autêntica boneca. Que cara de menina...

- Vou andando para casa. - Lambi os lábios e endireitei-me.

Secret Agent // jelena.Onde histórias criam vida. Descubra agora