33 - Thank You

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Thank You

Ryan já estava próximo de nós, onde ouvira a minha pergunta.

- Está no quarto. - Chad respondeu.

- Mas acho melhor não ires. Ele quando estiver pronto, desce. - Ryan falou, cruzando ligeiramente os braços.

- Acho que vou arriscar.

Vi o sorriso de apoio de Caitlin, o que me deu mais confiança, para virar as costas e subir novamente aquelas escadas, mas com alguma dificuldade.

Precisava de o ver, pois ele tinha sido a minha ultima visão. Sendo esta, realidade, ou imaginação minha.

Bati na sua porta, e mesmo após segundos, não obtive qualquer resposta. Arrisquei em entrar, e rapidamente reconheci-o nas sombras da sua varanda.
Fechei a porta, levemente, atrás de mim, caminhando até á porta de vidro, onde dei dois toques ligeiros.

- Posso? - O seu olhar pousou no meu.

Os nossos olhares cruzaram-se por breves segundos, mas Jason desviou logo, encarando o horizonte. Como não me respondeu, saí para a varanda e sentei-me perto dele, engolia a dor tal como os gemidos de dor, cada vez que me movimentava demais. Não queria mostrar-me fraca, perto dele, não novamente.

- Porque não estás lá em baixo com o resto do grupo? - Perguntei num tom baixo e suava.

Abracei os braços devido á brisa fria.

- Não me apetece. - Soltou o fumo levemente.

Assenti lentamente observando-o bastante pensativo,
O seu maxilar estava cerrado, muitas vezes, e mesmo que fumasse calmamente, conseguia-o ver muito agitado.

- Uhm— Não sei se foi imaginação minha ou—

- Talvez tenha sido isso mesmo, imaginação tua. - Interrompeu-me, e puxou um pouco mais de produto, naquele enrolado entre os seus lábios.

O seu tom era rude, confirmando a minha dúvida quanto á sua agitação.
Parecia demasiado preso ao seu pensamento, parecia demasiado pesado.

- Enfim— Quero-te agradecer, Jason.

- Pelo o quê, Kelsey? - Perguntou, encarando-me de maxilar cerrado.

- Eu sei que me ajudaste— Podes dizer que foi imaginação minha, mas se realmente foi, eu senti-me confortável... Deu-me conforto, admito

Ele balançou ligeiramente a cabeça, lambendo os lábios.

- Fiz, o que tinha de ser feito.

- Ajudaste-me. E estou-te agradecida por isso. I mean it, Jason...

Ele continuava sem me encarar.

- É na boa, Thompson.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Não te prometo que vá responder.

Suspirei ligeiramente, assentindo.
Desisti de criar conversa, e aceitei o humor do rapaz.

- Esquece.. - Levantei-me lentamente. - Vou tentar descansar, e acho que tu precisas de estar mesmo sozinho.

Saí daquela varanda, e nem me atrevi a olhar para o tatuado.
Quase a chegar á porta do seu quarto, a sua voz parou-me.

- Kelsey... - O seu tom era mais suave ao chamar-me.

Olhei para trás, percebendo o seu olhar já pousado em mim.

- Não vás.

Olhou para o horizonte, dando um longo suspiro.

- Porque estás assim? É por minha culpa?

Ele olhou para mim, por segundos, mas desviou.
Voltei a aproximar-me dele.

- Sei que foi irresponsável em ter-me afastado de vocês, ou até—

- Eu não quero falar disso. - Interrompeu-me mostrando-se desconfortável com o assunto.

Assenti lentamente, olhando-o nos olhos.
Num impulso, talvez por ainda me sentir assustada com toda a situação, mas grata pela atitude do tatuado, abracei-o.

- Kelsey o que estás a fazer? - Perguntou surpreendido.

Suspirei levemente, e podia sentir os meus olhos aguados.

- A abraçar-te. Nunca abraçaste ninguém? - Falei num tom meio divertido, mesmo com água nos meus olhos.

Estava uma confusão a minha cabeça. Mesmo não o mostrando, muitas vezes lembrava-me do ocorrido e sentia um receio enorme.

- Obrigada mesmo, Jason. Sei que não gostas de lamechiches, mas— Senti-me tão segura, quando te vi.. Nos teus braços. E sempre tive a certeza que serias a última pessoa com quem eu me pudesse sentir segura, mas— Enganei-me.

Levantei o olhar encontrando o seu pousado em mim.

- Está tudo bem, Kelsey.

Senti a sua mão nas minhas costas, e encostei os nossos corpos. Pousei a minha cabeça no seu ombro, encarando o horizonte, tal como eu.

- Eu sei... - Limpei disfarçadamente o contorno dos olhos, lambendo os lábios. - Uhm, sem mais tristezas, eles estão á tua espera.. Portanto, vamos lá para baixo, que eu preciso de me rir com vocês. Quero esquecer o que aconteceu, nem que seja por pouco tempo.

- Não queres que te deixe em casa?

Ele perguntou, agora encarando-me.

- Agora, o que menos quero é, ficar sozinha. - Respondi.

Jason desviou o olhar, voltando o seu olhar até ao céu brilhante.

Nunca antes o tinha visto assim. Ele estava sem reação, tinha uma outra expressão na sua cara.. Dermência de sentimentos, talvez?

- Tu não estás sozinha. Algo me diz que, a Caitlin e a Vanessa, a partir de agora, vão ser teus seguranças pessoais, até te fartares, Thompson.

Dei uma ligeira gargalhada, esta que me arrependi. Não contive o gemido de dor, e abracei a minha barriga.
Jason encarou-me por segundos, as minhas feridas, e desviou rapidamente, cerrando o maxilar.

Ele não me conseguia encarar por muito tempo. Talvez pela minha cara marcada e manchada...

- Vamos então? - Perguntei, indicando a cabeça para que entrássemos.

Jason assentiu, e entrou para dentro do quarto, após olhar uma vez mais para aquele céu brilhante.

Estava cansada demais de subir e descer escadas, de tanto movimento. Mesmo assim, a dor não era tão forte quanto pensava que vinha a ter.

Descemos as escadas e eles encararam-nos, disfarçadamente, surpreendidos.

- Temos coisas para fazer, bro. - Ryan aproximou-se de Jason.

O tatuado assentiu, cerrando o maxilar.
Eu ainda descia as escadas, agora, com a ajuda de Vanessa e Caitlin, o que criou um ligeiro sorriso de lábios, pela atenção das raparigas.

- Não é preciso meninas.. - Falei entre ligeiras gargalhadas.

- Até logo. Tenham cuidado. - Chris falou na nossa direção, ao vestir o casaco.

Os rapazes, sem justificação, apenas despediram-se e saíram de casa. Fiquei um pouco confusa, mas decidi não manifestar-me, pois estava demasiado cansada para isso.
Antes de Jason, sair pela porta, virou a sua cara na minha direção, o seu olhar cruzou-se com o meu, por segundos.

Toda a sua expressão, olhar, tornou-se o que eu tanto que eu conhecia. O olhar sombrio, distante, vazio...

Secret Agent // jelena.Onde histórias criam vida. Descubra agora