41 - I'm Here

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I'm Here

Lentamente, a sua mão voou até á minha face. O seu olhar desviou do meu, até á lágrima que ele limpava com o seu polegar, delicadamente.

- O que é que estavas a sonhar?

- Uhm— Que acabei por ser violada. - Admiti, com um lampo na minha garganta.

Suspirei levemente, tentando não mostrar toda a clareza que o pesadelo tinha, no meu olhar.

- Olha para mim. - O meu olhar pousou no seu, e o seu polegar acariciava a minha bochecha. - Isso não vai acontecer.

Mordi ligeiramente o lábio, deixando-me ser confortada por si. Ugh, por alguma razão. Foda-se! que os seus olhos estavam mais claros. Os seus fios de cabelos dourados...

- Como é que sabes? Porque, sinceramente, tinhas razão, McCann. Tudo neste bairro parece imprevisível. O impossível, no possível.. Ugh.

Falei rápido e tirei a minha mão da sua, colocando ambas as minhas mãos na minha cara.

- Hey— - Tirou, delicadamente, as mãos da minha cara. - Não vai acontecer, Kelsey. Eu prometo.

Talvez por impulso, mas devagar, abracei levemente o seu corpo. Queria assentar os batimentos rápidos que ainda sentia. Nulo. Assim que tencionava largar, com esforço e talvez alguma dor, os seus braços enroscaram o meu corpo. Estremeceu o meu corpo, a sua respiração tão próxima, da minha nuca.

- Obrigada, Jason.. - Falei tão baixo, como num sussurro. - De verdade.

- Deixa-te de desculpas. E agradecimentos, Thompson. - A sua voz saiu rouca, e por segundos, senti uma energia a descarregar pelos meus pés. Um remexo para no meu estômago.

Estaria ele a ter compaixão? Carinho?

- Não controlo. - Respondi com uma pequena risada, e recuei.

Assim que deixei de sentir o seu toque, reclamei interiormente. O seu toque estava tão quente que podia jurar que, queimara a minha pele. Era um conforto agradável, estranhamente, entregando-me um lugar para esconder a minha cara, as minhas lágrimas.. O que se passa contigo, Katherine?

- Visto que já te movimentas bem, vamos mudar os pensos.

- Não sei não— Deste-me uma boa porrada durante a noite.

Arregalei os olhos na sua direção.

- Estás a falar a sério?

Ele cerrou o maxilar e logo largou uma ligeira risada.

- Foda-se— - Resmungou de dor levando a mão ao peito.

- Bem feito.

Um pequeno sorriso divertido apareceu nos meus lábios, assim que me levantei da cama. Nem pensei, e assim que me endireitei e saí da cama, fiz questão atingir com uma almofada em si.

- Hey— Queres abrir-me os pontos?

- Fui eu que os cosi. Só eu, tenho direito de os abrir. - Respondi, virando-me na sua direção por segundos

Felizmente, o nosso humor alinhava-se. Ambos estávamos mais leve, talvez pela companhia um do outro. Dois negativos, criam um positivo, certo?

Ignorava o seu olhar pousado em mim. Sentia-o a observar-me enquanto eu juntava os necessários, para podermos trocar o curativo. Notei o seu olhar no meu rabo, salientado por aqueles calções que envergava.

- Queres ajuda para te levantar? Ou estás em pensar em ficar na cama a olhar para o meu rabo, o dia todo, McCann?

Virei-me para si, encostando-me á moldura da porta da casa de banho.
Ouvi a sua tosse, ligeira, forçada.

- Nunca tive uma rapariga num meu quarto, sem a tocar. Foda-se. - Gemeu de dor assim que endireitou ligeiramente, colocando os pés no chão. - Portanto— Acho que tenho o direito de olhar, não?

Desencostei-me da porta, e aproximei-me de si.
Ele fazia as coisas calmas demais, o que não era nada na natureza dele. Pelas histórias, ou comentários que ouvi, Jason até das cinzas ele conseguia renascer.

- Estás a enrolar, para não teres que mudar o penso?

- Talvez. Vai doer para caralho.. Já eu consigo sentir. - Suspirei levemente e olhou para a sua varanda descoberta.

- Um bocadinho, talvez— Mas acho que já enfrentaste pior.

Ele levantou a cabeça, pousando o seu olhar no meu.

- Ai já? - Arqueou a sobrancelha.

- Um homem que bate de frente com uma faca, e mesmo com rasgos, conduz até casa—

- Sim, sim. - Interrompeu-me dando um ligeiro balanço de cabeça. - Um autêntico guerreiro.

- Ugh, não vamos exagerar, McCann.

Percebi que mais uma vez, enrolava para não ter que se levantar. Começara a sentir-me até um pouco mal, que ele tivesse tanto em dor, que se tornava difícil em ambos os pés.
Já tinha tido lutas bastantes feias e cicatrizes comprovam isso, mas nunca tive rasgos profundos como Jason...

- Aceita a minha ajuda— - Entreguei o meu braço. - Não vai doer tanto para te levantares.

Ele olhou-me nos olhos, e por segundos contemplava se deveria ou não, deixar o seu orgulho e machismo de lado. Decidiu não o fazer, e com os seus punhos, levantou-se da cama. Olhos fechados, e maxilar cerrado, suspirou assim que se conseguiu manter em pé.

- Senta-te ali. - Indiquei ao chegarmos lentamente á casa de banho.

O rapaz dirigiu-se até á sanita, com o tampo fechado, e sentou-se, largando um longo suspiro. Talvez de dor?

- Tens isso tudo na tua mala?

Ouvi a sua pergunta, segundos depois.
Naquela bancada eu tinha, compressas, adesivos curativos (pontos modernos), pomadas, spray, algodão e um ou outro medicamento.
Olhei para ele que observava os diferentes pacotes, e passou o seu olhar no meu.

- Fui a casa buscar. - Respondi, sem o encarar.

- Agora? - Ele perguntou incrédulo, rapidamente.

Olhei para ele, com um sorriso aberto.

- Claro, Jason. Eu sou o flash! - Ironizei, balançando a cabeça.

Saiu uma pequena risada ao observar o tatuado a coçar a nuca, um pouco constrangido. Ele não conseguia fazer sentido ás minhas palavras, por falta de referência mas— Quem é que não conhece o Flash? Um homem que se move exatamente como um flash!

- Preciso que tires a blusa.. - O seu meu tom soou mais baixo, e até um pouco nervoso.

Desviei a cara, fingindo que tinha algo para fazer na bancada de produtos farmacêuticos.

- Escusar de virar a cara. Ontem tiveste perfeita visão do que está por baixo dela. E tocaste, Thompson.

Mesmo sem o encarar, conseguia sentir o seu olhar pesado, caloroso, pousado em mim. Este, que ignorava, pois abria o plástico das compressas.

- Pois, mas, tu estavas inconsciente. Logo, não estavas a olhar para mim, como estás agora.

Atrevi-me, em virar a cabeça e pousar o meu olhar no seu. Ugh ele era tão atraente! Ainda mais com o seu cabelo despenteado, e o seu ar desarrumado? Merda que ele é giro! Demasiado.

- Sentes-te intimidada com o meu olhar? - O seu olhar perverso apareceu por segundos.

- Queres que te ajude, ou preferes fazer sozinho?

Perguntei, levantando a minha sobrancelha.
Cerrou o maxilar, mantendo um ligeiro sorriso de lábios.

- Despacha logo isso, Thompson. - Suspirou, antecipando a dor e tirou a blusa.

Dei uma pequena risada.

Pela primeira vez tinha ganho o concurso de intimidação!

Secret Agent // jelena.Onde histórias criam vida. Descubra agora