Jazzy
Cansado de tentar fugir ás lembranças, deixei-me ser imerso ás memórias antigas que tanto pesavam nos meus ombros. Este peso, que já ficara desvanecido, antes da situação com Kelley, mas a semelhança abriu novamente aquela ferida.
— Flashback On —
Perguntava inúmeras vezes pelo o seu nome, ás pessoas que estavam perto. Ninguém sabia dela, e isso começara a atravessar por baixo da minha pele. O nervosismo ficava como uma pedra, no fundo da minha garganta. O eco era alto, dos batimentos rápidos do meu coração.
- Viste a Jazzy? - Perguntei a Ryan que engolia o líquido que já tinha na boca.
- Não, bro— Mas a Caitlin deve saber. Elas estavam juntas há pouco.
Ryan mostrava-se confuso á minha pergunta, também á minha agitação.
Afastei-me dele, não ouvindo a última parte do que disse, e procurei por Caitlin, no meio daquela multidão.Agarrei o seu braço, por impulso, questionando pela minha irmã.
- Autch. - Largou-se da minha mão. - Disse que ia lá fora, apanhar ar.
- Há quanto tempo foi isso, Caitlin? - O meu tom saía ríspido.
O meu olhar curioso, e o maxilar meio cerrado, foi o suficiente para ela perceber que havia desespero em mim. Preocupação, medo...
- N—Não sei, Jason.
- Foda-se. - Resmunguei com um olhar já escuro. - Tu nunca sabes de nada, quando deverias saber.
Fui bruto com ela, empurrando-a do meu caminho.
Sai do bar/discoteca, descendo um pouco a rua até ao parque velho, perto da esquina. Ninguém, não vi uma alma.
Pronto para virar as costas e virar aquele bairro do avesso, ouvi um pequeno barulho no parque. Perto do escorrega. Estava escuro e a minha visão não era tão nítida quanto desejava, pela falta de luminosidade naquele sítio.Aproximei-me, e após uma dúzia de passos, esbarrei-me com o pior cenário. Jazzy estava deitada naquele chão emborrachado do parque, imóvel, de cara molhada, mas com um olhar completamente vazio. Levantei o olhar do chão, encontrando o responsável, a fechar a breguilha das calças, com o maior sorriso satisfeito nos lábios.
- Não viste nada. - O rapaz falou para mim. - Podes aproveitar até.
O choque foi tanto que demorou segundos para que tivesse alguma reação.
Saí das sombras, e pude sentir o medo a tomar conta de todo o seu nervo do corpo, ao reconhecer a minha cara.- McCann—
Engoliu as próprias palavras, pois o meu punho colidiu com a sua face. Uma e outra vez. Sentia uma descarga de adrenalina imensa, a cada murro que conectava com a sua cara, o seu peito, até a sua virilha. Toda minha visão gradualmente, tornava-se vermelha, brilhante, colocando-me ainda numa euforia maior, por acabar a sua vida pelas minhas mãos.
- J—Jason— Ele já nem se mexe. P—Pára... - Jazzy falava baixo.
As suas palavras não foram ouvidas pelos meus ouvidos, pois a imagem que tinha do seu corpo no chão, de roupas rasgadas, era mais alta que tudo o resto.
Senti umas mãos delicadas nos meus braços, abrando a minha velocidade com quem o magoava.- Pára por favor.. - Pediu, fraca.
Ao largar o seu colarinho, o rapaz apenas caiu no chão, já inconsciente e coberto de sangue.
Por segundos, o que pareceu uma eternidade, pela imensidade de culpa que sentia no meu peito, olhei para si. Observei bem o seu estado.. O seu cabelo desmanchado, a sua maquilhagem esborratada, e toda a diversão e brilho que antes carregava no seu olhar, apagado. Não havia qualquer emoção naquele olhar... Talvez, dormência?Sem coragem para a encarar mais ou até responder-lhe, levantei-me, peguei no telemóvel e avisei o Ryan.
Ao empurrar o meu telemóvel, de volta ao bolso, o meu olhar raspou no rapaz inconsciente no chão.- Filho da puta. - Falei entre dentes assim que conectei o meu pé com a sua cara.
- Pára, por favor— Chega.. - Chorava baixo.
Coloquei as mãos na cabeça e encarei o céu.
Não acreditava que aquilo tinha acabado de acontecer— Não acreditava que tinha permitido uma merda daquelas acontecer! A minha mente, o meu coração, o meu peito, o meu sangue, insultava-me aos gritos. Havia um peso em mim, nunca antes sentido em mim. Uma culpa. Caralho! Sentia-me culpado. Naquele momento, a minha única vontade era, fechar os olhos e quebrar em pedaços. Encontrar-me com um inimigo e deixá-lo tirar a minha vida do meu corpo. Queimar a minha alma...
- Jas— - Ryan calou-se ao observar aquele cenário.
Virei-me na direção deles, que acabavam de chegar. Ignorei os olhares arregalados, e até aguados da parte de Vanessa e Caitlin, encarando-os de maxilar cerrado, com um olhar de uma profundidade de escuridão, imensa.
- Caitlin e Vanessa, levem-na para casa. - Iniciei. - Arrumem as coisas delas e ponham-na num avião, o mais rápido possível. Nem que tenham de alugar um caralho de um jato privado.
Caitlin rapidamente baixou ligeiramente a cabeça.
- O quê?
Ouvi os seus soluços já altos, e podia jurar que todo o meu interior sangrava.
Evitei olhar para ela, pois eu realmente não conseguia... Deixava-me sem chão.Elas hesitaram, o que me enervou ainda mais.
- Já, foda-se! - Falei alto, bruto e autoritário.
Virei-lhe as costas, e mesmo com as mãos preenchida de rastos de sangue, acendi um cigarro entre os lábios. Estava todo cortado, por dentro, com os soluços e gritos altos de Jazzy.
- Caralho ouve-me! Olha para mim, Jason! Tu não tens culpa! Estás a ouvir? - Perguntava com o seu choro alto.
Eu apenas ignorava tudo. Não respondia a nada. Tudo o que ela poderia dizer, não iria mudar o que sentia naquele momento. Aquela dor, aquela escuridão desconhecida, aquela frieza. Aquele sentimento de culpa. Era uma merda de irmão, de amigo, de tudo!
Abaixei-me levemente, e com um olhar vazio, um sentimento pesado, fiz um corte profundo no seu pescoço, tendo a certeza que não voltaria a acordar. Nunca mais.
Se estava a pensar nas consequências? Não.Eles estavam paralisados enquanto observaram a capa preta que, agora, vestia.
- Livrem-se de evidências. Todas elas. Até a merda desse chão. - A minha voz grossa acordou-os.
Não cruzei o olhar com nenhum deles, e saí daquele parque.
Entrei dentro do carro e acelerei dali. Pelas estradas, fazia curvas perigosas a uma velocidade forte, estas que podiam tirar a minha vida num segundo. Era isso que pretendia.Senti o meu telemóvel a vibrar mas ignorei-o.
Eu não fazia falta. Como é que deixei a minha irmã ser violada? Como? És uma merda Jason!
- Fuck! - Bati naquele volante com força.
— Flashback OFF —
O meus batimentos estavam exorbitantes assim que soltei o fumo levemente, e abri os olhos. Parecia que conseguia sentir o sabor de cada emoção sentida naquela noite, de anos atrás.
Decidi tomar um dos comprimidos, receitados, para forçar-me a dormir, sem hipótese de pensar em mais nada. Ou seja, era uma boa oportunidade de qualquer pessoa que tivesse vingança por fazer, matar-me naquele momento, pois eu provavelmente não acordaria.
Olhava-me ao espelho, enquanto debatia em tomar ou não o comprimido. Foi difícil habituar-me a dormir sem a ajuda daquele comprimido azul. Não debati mais, e engoli aquele medicamento enquanto ainda me encarava nos olhos através daquele espelho.
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Secret Agent // jelena.
Fanfiction"Ela com 20 anos, os pais nunca participaram na vida dela. Deixaram-lhe sozinha. Tinha um irmão mais velho, mas este também a deixou. Neste momento ela encontra-se em Las Vegas, num apartamento sozinha. Katherine Johnson, vive bem. Vive do seu traba...