Secret Agent // jelena.

25 - You're Not Even Safe Here

You're Not Even Safe Here.

- A minha mãe faleceu á poucos meses. Ela era de cá, mas quando se juntou com o meu pai, eles mudaram-se para Londres. Eu acabei por nascer em Londres, mas voltei para cá, ainda miúda. O dinheiro começava a ser difícil de adquirir e— Pois aqui, a minha mãe, sempre tinha a família por perto.

Deu um outro golo na cerveja e suspirou levemente.

- Ela teve-me com 20 anos. Não foi fácil.. Eu cresci aqui até aos meus 3 anos, mas— O meu pai chegava sempre bêbedo a casa, ou cheio de sangue, de lutas onde se metia.. Ás vezes também tentava bater á minha mãe, mas— Ela era meio arruaceira, então defendia-se bem.

Os seus olhos tornavam-se avermelhados, e eu aborrecido com toda aquela explicação. Ficara sem paciência para aquela conversa.. Eu fiz-lhe perguntas diretas, e queria obter respostas iguais.

- Sinto que estás com rodeios. - Falei. - Todos nós temos histórias tristes.. Não é novidade, por estas zonas, Kelsey.

- Eu não estou com rodeios. Estou a dar-te contexto para responder ás tuas dúvidas ridículas. Não entendo porque é que estás tão interessado em mim, ou de onde eu vim. - Ela respondeu rapidamente, talvez ofendida com a minha honestidade.

Cerrei o maxilar, desviando o olhar.
Ela também conseguia ser bruta...

- Por eu não querer lidar com a morte da minha mãe, passei a meter os pés em casa, poucas vezes. Muito poucas vezes. O meu pai revoltou-se, e criava discussão todos os dias e— E eu decidi vir para cá. Para sentir-me mais perto dela— Não sei porque voltei também, Jason.

Falou desconfortável, e levantou-se do sofá.

Saiu da sala, e naquele momento arrependi-me de ter pressionado tanto, pois ela poderia voltar-se a fechar em copas e todo o meu plano, complicava, logo quando estava tão perto.

Levantei-me indo atrás de si.
Encontrei-a na cozinha, de mãos pousadas naquele bancada, de cabeça meio baixa.

- Hey— - Entrei na cozinha. - Eu não quero—

- Eu tenho coisas a tratar com os meus tios. Preciso mesmo, mas as moradas não são as mesmas. Nem parece que eles vivem cá— Ou seja, todos os dias que engoli o choro e trabalhei para construir isto.. Foi em vão? - Interrompeu-me e limpou o contorno dos olhos molhados. - Custa-me acreditar nisso, por isso.. Aqui estou.

- Kelsey.. - Balancei ligeiramente a cabeça. - Tenho muito pena quanto ao que acabaste de me contar, mas— Mas aqui, não é um lugar seguro para ti.

Lambi o lábios e enterrei as mãos nos bolsos, encarando-a.

- Porque é que toda a gente, continuar a dizer isso? Eu admito que as ruas parecem mortas, sem qualquer movimento, mas— Que eu me lembre, isto sempre foi perigoso, mas isso para quem vinha de fora para dentro— Não, dentro do bairro.

Dei uma curta e ligeira risada, ao que ingénua soava.

- E tecnicamente tu és uma outsider. Vieste de fora. - Ela desviou o olhar. - Há mortes todos os dias. Violações. Massacres, ás vezes. Drogas.

Respondi um pouco agitado.

- Isto não é para brincar. Tu tens grupos por toda a parte—

- Vocês também são um grupo. - Ela interrompeu-me, e logo arqueei a sobrancelha.

- O que queres dizer com isso?

Cerrei o maxilar, penetrando o seu olhar escuro, mas ainda um pouco avermelhado.

- Então, vivem juntos, são amigos. - Respondeu. - Protegem-se uns aos outros. São um grupo, não?

- Eu estou a falar de gangs, Kelsey. - Falei surpreendido com a ingenuidade que mostrava. - Ainda continuas a negar que és ingénua? Olha a tua conversa.

Passei as suas mãos pelos cabelos.

- Eu não sou ingénua, Jason. - Ela respondeu de expressão firme, e aborrecida.

- Como queiras, Kelsey mas— Nem aqui, estás protegida.

- Eu acredito que sim—

- E o que quer que estejas á procura, não vais conseguir. - As palavras escaparam da minha boca, antes que as pudesse parar.

Ela franziu a testa e levantou ligeiramente a sobrancelha.

- O que procuro, afinal?