Conversa entre irmãs

1K 87 0
                                    

Após terminar uma ducha revigorante, Anahí pôs-se diante do mesmo espelho de sempre. No rosto molhado ressaltavam ainda mais os seus olhos azuis e a pele extremamente branca. Fria como gelo. Juntamente do longo cabelo castanho.
A tristeza apossava-se dela. Ante ao reflexo, a vampira ficou ausente sobre a sua imagem, procurando no fundo dos seus olhos algo que mal se podia notar já que a maior parte do vidro estava embasado.
Deixando de lado a melancolia começou a secar, com a toalha, as gotas de água que salpicavam sua face. Devagar, e à medida que o fazia, o seu olhar novamente se inundou de um brilho úmido. Ela quis esconder aquelas lágrimas de si mesma, mas ao fechar os olhos foram jogadas para fora.
Bruscamente, ela afundou o rosto na toalha vestindo o roupão com pressa.

"Vamos Anahí, esqueça isso!". Repetiu algumas vezes.

Como ainda não sentia vontade de escolher, pegou a primeira roupa que viu a sua frente, e este foi um vestido simples, com elástico na cintura.
Caminhando e escovando os cabelos, algo no lado de fora chamou sua atenção. Para visualizar melhor, colocou-se ante a janela, porém, antes que pudesse ver algo o som da porta se abrindo a fez retomar a atenção.

Dulce: Olá

Anahí: Olá - repetiu.

Dulce: Só vim avisar que já estou indo. Pretendo retornar em, mais ou menos, uma semana.

Anahí: Tudo bem. Faça uma boa viajem.

Anahí permaneceu de costas escovando seu cabelo após pronunciar aquilo.

Dulce: Está tudo bem com você? - indagou abismada pelo comportamento da irmã. Dulce realmente esperava algumas contradições da parte dela.

Anahí: Estou. Só preciso ficar em paz.

Sem que percebesse, Dulce a abordou, segurando seu ombro e fazendo-a pausar os movimentos.

Dulce: Eu li aquele livro, várias vezes, e vi que tudo está confuso pra você... Além das mudanças de humor - Anahí já estava domando as lágrimas com suspiros intensos - Nós estamos aqui Annie, somos suas irmãs de coração e isso é o único que importa.

A fada abraçou a irmã pelas costas, comprovando o máximo do seu afeto.

Dulce sabia da sua responsabilidade. Sabia também que Annie se sentia pressionada e bastante sensível. Porém, ainda era a mesma menina teimosa que conheciam. A vampira não mudou de posição, continuou de pé, firme como pedra, olhando a janela.
Ninguém podia forçar uma retribuição por parte de quem pouco sabia se expressar.

E como se não bastasse mais tensão, as duas deram um salto quando Maite entrou atropelando a porta às pressas. Ambas a olharam, sem entender a imagem da anja que parecia muito aflita.

Maite: Que alivio! Você está aqui! Te procurei por toda a parte.

Dulce: Do que você está falando? - Antes que Maite respondesse, Anahí a interrompeu.

Anahí: Ela estava me procurando. Por isso toda essa cena.

Maite: Porque veio sem avisar? Fiquei atormentada.

Anahí: Porque já tenho vinte e um anos, e não preciso de babás - com o olhar frio, Anahí as encarou apática - Eu poderia ficar sozinha?

As duas se entreolharam, decidindo não discutir mais. Maite foi a primeira a sair, com um leve desapontamento, já Dulce decidiu diminuir o ritmo dos passos até chegar frente à porta.

Dulce: Não esqueça o que eu acabei de dizer. Logo, logo mandarei notícias - finalizou ela, fechando a porta.

Anahí correu para se trancar assim que elas saíram, e só depois de ter certeza que estava sozinha, permitiu que sua dor fosse exposta. Lágrimas escorreram novamente, sem intervalos. Mesmo que ela não tenha demonstrado nada a Dulce, e nem quisesse aceitar a situação, era bom saber que nunca estaria realmente sozinha no meio de tudo aquilo.

______________________

Na sala, a Anja e a Fada conversavam sobre detalhes da viajem. Dulce organizou os últimos avisos e orientações para a irmã, deixando claro que sempre devia manter a precaução com Anahí. Ela estava em transição e precisava ser supervisionada por alguém racional.
Por fim, Ela despediu-se mais uma vez, pegando as bagagens e entrando no carro em direção ao aeroporto.

_______________________

Logo se fez noite, e as incertezas aumentavam. Maite não quis incomodar Anahí, que permaneceu na sua acomodação durante todo o dia. Ela sabia que tinha algo de errado acontecendo com a vampira, mas como justificativa e acalento, preferiu pôr culpa nas suas mudanças naturais.

Dentro do quarto, já com roupa de dormir, ela se sentou na cama cobrindo as pernas, entretanto o sono não veio. Ela não conseguia parar de pensar naquela tarde e seus olhos já estavam um pouco inchados pela recorrência de vezes que chorou. E era ainda mais frustrante não conseguir conter aquelas reações humanas que ela julgava frágeis.

Eu devia ser superior! Um ser mais forte! Mesmo que pensasse assim, seu corpo falava o oposto

As imagens dos beijos não a abandonavam. Ela podia sentir as mesmas sensações a cada instante, como se estivesse vivendo novamente. Mais um dos malefícios da sua condição: A alta excitabilidade.

A chuva que tanto maltratava a noite, estava começando e desaparecer quando ela decidiu que devia descansar. E como uma perseguição, quando seus olhos bateram de sono ela foi despertada ao som da campainha tocar incessantemente. Porem, continuou no mesmo lugar.

Para seu azar, a casa parecia estar vazia, já que ninguém atendia a porta e aquele alarme a incomodava a cada segundo. Era irritante.

Em fúria por ter que se levantar, Anahí pôs o hobbie e desceu. A luminosidade era baixa, ela podia ouvir o som dos próprios passos ecoarem de tão silencioso que estava aquele lugar. Se não fosse a campainha, permaneceria igual.

"Onde está essa anja?" Se perguntou enquanto caminhava.

Ela olhou seu relógio de pulso para tirar as dúvidas. Ele marcava quase onze horas da noite. Era tarde.

"Quem será o inconveniente, a essas horas, ainda exigindo rapidez?"

Assim que puxou a porta, pronta para dar um belo discurso em revolta, sua voz desapareceu e seus olhos perderam a cor.

Era Alfonso...

Supernatural Love (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora