Subindo a Montanha

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A região montanhosa do Império Izar possuía características artísticas que poderiam encantar o coração de um observador atento. E pela janela de seu veículo, Xi Zhang observava a paisagem que se desenrolava diante de seus olhos.

Pelas longas estradas imperiais esculpidas nas rochas das montanhas, um pequeno comboio de cinco gigantescos veículos metálicos seguia rumo ao pico do grande Monte Fuu. Xi Zhang, que admirava a paisagem tranquilamente teve sua atenção roubada momentaneamente pelos veículos que vinham logo atrás do seu quando entraram em uma curva, aqueles eram todos andadores, máquinas magníficas com quatro longas pernas mecânicas que deixavam o corpo principal a mais de dez metros de altura. A forma das pernas muito lembravam as de uma aranha e a forma como se moviam só fortalecia essa comparação. Os olhos de Xi Zhang vagaram pelo grande corpo metálico gravando em sua mente cada detalhe que se tornasse útil no futuro.

- Reconheça seu lugar, Bronze!

Assustado, o jovem se virou para ver a comoção dentro da cabine de seu andador. De pé, perto das cadeiras dianteira, dois jovens se encaravam furiosamente. Os dois garotos eram como dois polos opostos do povo izanita. O que tinha falado era como a maioria dos izanitas, um rapaz magro de pele clara e olhos levemente puxados com uma estatura izanita mediana entre 1.60m e 1.70m. Seu cabelo negro e liso estava solto até o meio de suas costas e seus olhos escuros miravam o rapaz diante dele com desprezo. Aquele era Muh Xao, um maldito metido a besta de uma linhagem Prata.

Diante do Prata se encontrava Bo Sum que se agigantava com seus ombros largos e corpo musculoso. Raros eram aqueles entre seu povo de corpos grandes e estatura alta, mas uma vez ou outra aparecia alguém como aquele jovem que superava a baixa estatura izanita ou que trabalhava o corpo até se transformar em uma massa gigantesca de músculos.

- Volte para as fileiras do meio, Bronze. - Voltou a dizer Muh Xao desdenhando do grandalhão. - As fileiras da dianteira pertencem aos Pratas.

Muh apontou uma mão para si mesmo e a outra para uma bela garota sentada ao lado da janela observando a paisagem do lado de fora e ignorando a confusão na cabine como se ela não tivesse nada a ver com o que estava acontecendo.

- Onde pensa que está, Xao? – Bo Sum cruzou os braços musculosos diante do jovem Muh Xao. - Aqui as castas não significam nada.

- Você acredita mesmo nisso, Bronze? – O Prata escarneceu mirando Bo Sum com um forte olhar de desdém. - Você é mais tolo do que eu imaginava.

- O tolo aqui é você, Xao! Daqui para frente é o talento de cada um que importa.

- E quem possui mais talento que um Prata, Bronze? Você acha que sua família investiu em você mais do que a minha em mim?

- Eu tenho um nome, Xao! E ele não é "Bronze".

- Como se eu me importasse com o nome de um Bronze inferior.

A cada palavra que saia pela boca de Muh Xao o ânimo dos jovens no andador ficava cada vez mais sombrio. Até mesmo o calmo Xi Zhang perfurava o metido Prata com seu olhar de ódio contido.

- Eu sou Bo, da Família Sum, da província das Chuvas Cortantes. - Proclamou o grandalhão abrindo os braços impondo todo o seu tamanho. - E aviso que é melhor me respeitar, Muh Xao.

- Te respeitar? – O Prata deu uma risada seca desprovida de humor. - Porque diabos eu, um Prata, pagaria meu respeito à um mero Bronze como você?

Perante a total falta de respeito por parte de Muh, o rosto de Bo tomou uma forte tonalidade vermelha e mesmo de onde estava, o Xi Zhang conseguiu ver as veias pulsando no musculoso pescoço do Bronze.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora