Predadores da Noite

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O sol descia lentamente, banhando as montanhas de Izar com uma coloração dourada enquanto algumas estrelas começavam a brilhar fracamente no céu alaranjado com tons roxos que se intercalavam em alguns lugares criando uma paisagem de tirar o fôlego.

Qualquer pessoa que estivesse naquele lugar teria parado o que estava fazendo para observar aquela beleza natural criada pela natureza, mas infelizmente não havia nenhum membro da civilização naquele local.

Por isso não houve nenhuma testemunha para acompanhar os acontecimentos que se seguiram naquele anoitecer.

Ninguém estava presente para ver a sombra que se esgueirou para fora de uma grande caverna. Uma sombra que se movia pela noite sobre quatro poderosas patas.

Quando a luz do luar iluminou a entrada da caverna, revelando a criatura que tinha saído das profundezas da terra, um ser que devia medir pelo menos um metros e meio de altura estando sobre as quatro patas e uns três metros a três metros e meio de comprimento da cabeça até a ponta da cauda.

Olhando de longe, um observador inexperiente poderia confundir a criatura com um canídeo, um lobo ou um cachorro muito grande. Mas se olhasse com atenção, veria que a criatura possuía uma longa e fina calda que mais parecia a de um réptil.

Essa estranha criatura não possuía olhos e também não parecia possuir orelhas. Seu corpo era coberto por várias camadas de uma armadura pétrea com dezenas de espinhos que se projetavam em várias direções, saindo principalmente de sua cabeça, ombros e seguindo pela coluna até a ponta afiada da fina calda.

Aquela criatura girou a cabeça para todos os lados como se olhasse em volta, apesar de não possuir olhos. Ele ergueu a cabeça como se farejasse alguma coisa no ar e abriu sua larga boca, revelando cinco fileiras de dentes pontudos e triangulares. Duas das fileiras de dentes ficava no maxilar inferior enquanto as outras três ficavam na parte de cima da boca.

A criatura escancarou a boca e emitiu um som que parecia um grito sufoca, um chiado que se interrompia e soava novamente, e novamente, e novamente até que foi correspondido por outros chiados que vieram de dentro da caverna.

Em questão de segundos uma dezena de criaturas iguais aquela deixou a caverna, se espalhando pelo terreno em volta enquanto criavam um perímetro.

Assim que o perímetro foi criado, as criaturas ergueram suas cabeças e escancararam suas mandíbulas poderosas e cheias de dentes afiados enquanto emitiam aquele mesmo chiado sufocado.

Mais chiados se ergueram na noite vindos das profundezas daquela grande caverna. O chão começou a tremer e uma onda de dezenas, não, de centenas de criaturas como aquelas começou a sair da caverna. Todos se espalharam criando um estranho tapete sobre a montanha, erguendo suas cabeças e chiando alto, um som assustador de se ouvir no meio da noite.

Mas por sorte, não havia ninguém ali para testemunhar essa cena. Nenhuma alma infeliz vagava por ali para ver um inferno inimaginável ganhando forma.

Todas as centenas de criaturas abaixaram a cabeça quando um chiado que mais parecia um rugido fez o chão tremer e o ar vibrar. Alguma coisa começou a se mover, vindo para a superfície de dentro da caverna. A cada passo que esse ser dava o chão tremia e as criaturas se encolhiam.

Finalmente uma sombra gigantesca saiu de dentro da caverna. Uma criatura igual aos outros seres em forma, mas totalmente diferente em tamanho. A criatura era tão gigantesca que poderia comer qualquer uma das outras com uma única mordida.

A criatura caminhou lentamente, seus passos fazendo o chão tremer e suas gigantescas garras abrindo sulcos no chão a cada passo que ela dava. O ser ergueu sua gigantesca cabeça como se admirasse as estrelas e sua boca monstruosa se abriu revelando as fileiras de dentes descomunais enquanto o rugido estilhaçava a calma da noite.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora