A queda da cadeia de comando

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Os soldados das unidades de Xi Zhang e dos outros três Tash comemoraram quando viram os Exilados batendo em retirada, mas a comemoração demorou pouco tempo.

Os que ainda estavam de pé começaram a se espalhar, recolhendo os feridos e tratando suas feridas, tentando fazer o máximo para salvar o maior número de vidas possível.

Xi Zhang ficou entre duas ameias, olhando para os Exilados que corriam para longe dos muros do Forte, deixando para trás as barreiras de aço e a ponte de escalada. Ele franziu um pouco a testa, deveriam ter pouco mais de sessenta Exilados correndo em pequenos grupos lá fora.

- Tivemos muita sorte. – Tou Fuji sussurrou se aproximando dele. O Bronze tinha tirado seu elmo e olhava em volta com uma expressão triste.

Xi Zhang acompanhou o olhar dele e sentiu um peso no coração ao ver o campo de batalha em volta deles. A direita e a esquerda, das ameias até a amurada, se encontravam dezenas, se não centenas, de corpos caídos e ensanguentados.

Olhando em volta, o jovem Bronze da Família Zhang suspirou com pesar ao constatar que menos da metade dos membros das quatro unidades ainda estavam vivos.

A perda tinha sido muito maior nas unidades de Tou Fuji e Buco Q'wem que tinham segurado a investida inicial dos Exilados.

- Você está uma bagunça. – Xi Zhang comentou olhando para o outro Bronze.

Tou Fuji possuía pequenos cortes por todo o corpo, nada sério ou mortal, mas sua armadura de plastic e seu colete pressurizado estavam completamente destruídos.

- Você não está muito melhor. – Tou Fuji falou olhando Xi Zhang de cima a baixo.

Xi Zhang abaixou os olhos e se surpreendeu por não ter percebido o estado em que estava antes. Ele vertia sangue por dúzias de pequenos cortes e furos em seu corpo, a maioria detido pela cota de eledros já que sua armadura e seu colete estavam tão destruídos quanto os de Tou Fuji.

- Quais as ordens, senhor? – Primeira Lança falou se aproximando dos dois Tash.

- Pegue dois soldados e vá ver como estão as coisas no outro lado. – Xi Zhang falou se referindo ao outro campo de batalha liderado pelo Mush. – Precisamos verificar o mais rápido possível nosso estado. – Ele falou em seguida para Tou Fuji.

O outro Bronze assentiu e chamou um de seus subordinados que começou a fazer a contagem de soldados ainda em estado apto a lutar, quantos estavam feridos e iriam se recuperar, quantos morreriam pelas suas feridas e quantos já tinham morrido.

Além disso, era preciso executar os Exilados feridos sobre a muralha e pensar no que fariam com tantos corpos.

Algumas horas depois, Primeira Lança voltou com os outros dois soldados que tinha ido verificar o estado das coisas do outro lado. Xi Zhang estava ao lado de Tou Fuji e Buco Q'wem em volta do ferido Ryu Hon que já tinha sido tratado e estava escorado contra a amurada com uma expressão de dor na face.

Todos os quatro possuíam expressões sombrias enquanto conversavam aos sussurros, tristes pelas perdas que tinham tido e que ainda teriam antes do dia terminar.

Quando Xi Zhang ergueu a cabeça e olhou para o trio que se aproximava, ele percebeu na hora que ainda teria mais notícias ruins chegando para piorar aquele dia de luta e sangue.

O relato de Primeira Lança deixou os quatro jovens com expressões lívidas a cada parte da narrativa dela.

Diferente do primeiro dia de cerco em que os Exilados tinham se contentado a trocar disparos com os soldados imperiais nas muralhas, nesse segundo dia os Exilados fizeram sua investida com tudo.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora