Nas Trilhas(Revisado)

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Botas deslizavam pelas pedras molhadas conforme Mor Dalu guiava um grupo de alunos pelas estreitas passagens no Monte Fuu. Xi Zhang, assim como todos os outros alunos, agradecia aos Padrinhos por um momento de pausa na constante chuva que caia sobre eles.

O quinto dia de aula em campo tinha amanhecido ensolarado com poucas nuvens cobrindo o céu sobre as montanhas. Mor Dalu levava os alunos numa marcha acelerada por caminhos estreitos cercados por grandes pedras que protegiam os flancos do grupo.

Quando o grupo chegou em uma intercessão na trilha, o Instrutor guiou os alunos para o caminho da direita pegando uma leve decida que começava a sair das proteções das grandes pedras deixando um paredão inclinado a esquerda e um precipício de uns quinze metros a direita. O grupo seguia por uma trilha irregular com mais ou menos dois metros de largura.

- Alto! - Comandou Mor Dalu erguendo um punho fechado. – Bo Sum, olhe para o caminho abaixo e relate o que vê.

- Um pequeno vale composto por pedras. - Disse Bo Sum olhando para baixo. - Nada que valha a pena relatar.

- Tem certeza?

- Sim. - respondeu o jovem após dar mais uma olhada para o caminho abaixo.

- E você, Ling Pan? O que vê?

A bela jovem se concentrou olhando em volta com cuidado tentando encontrar o que tinha chamado a atenção do Instrutor. Ela estava quase desistindo e dando a mesma resposta de Bo Sum, quando avistou um pequeno movimento entre as rochas.

- Ali! - Exclamou a jovem. - Tem algo escondido entre aquelas duas grandes pedras no canto direito.

- Bom - Mor Dalu abriu um largo sorriso aprovador para a jovem. - Muitos teriam deixado passar um Gato da Montanha de tocaia, esses malditos conseguem se camuflar perfeitamente entre as pedras graças a cor de sua pelagem.

Eu não consigo ver nada.

Pensou Xi Zhang olhando para onde Ling Pan apontava, e ele não era o único que pensava assim. Se tinha um Gato das Montanhas lá em baixo, o animal estava muito bem escondido entres as pedras.

Sem perder mais tempo, o Instrutor convocou-os de volta a formação e voltaram a fazer a patrulha da região. Conforme seguiam as trilhas, os jovens passaram por caminhos largos e estreitos. Seguiram por curvas, subidas e descidas a um ritmo exaustivo. Uma hora ou outra o Instrutor parava para indicar alguma coisa no caminho. Um sinal de vida, ou a marca da passagem de algum animal. Ele até mesmo indicou aos alunos uma marca deixada pela passagem de outro grupo de patrulha no dia anterior e explicou aos jovens como fazer para esconder esses rastros de perseguidores ou como acentua-los para aliados encontrarem.

Ao meio dia os jovens receberam permissão para descansar em um terreno relativamente aberto. Xi Zhang olhava constantemente em volta assimilando toda a paisagem a sua volta. Montanhas cinzentas cercavam toda paisagem para qualquer lado que se olhasse. O local onde eles descansavam era uma das partes mais baixas do Monte Fuu onde as trilhas escavadas na rocha eram mais raras.

Mesmo ali, naquele ponto de descanso, o Instrutor encontrava algo para ensinar aos jovens. Mor Dalu apontava para pedras marcadas por garras que provavam que eles estavam no território de caça de algum animal. Ele também apontou para uma pedra de quase um metro de altura onde dois alunos estavam sentados informando que era na verdade o esqueleto fossilizado de um Ariucas.

Os dois alunos se levantaram com um salto se afastando da pedra rapidamente como se a qualquer momento o Predador da Noite pudesse voltar a vida. Enquanto comia, Zhang Xi sentia falta dos primos Q'wem, ele conhecia os outros alunos de vista ou já tinha trocado uma palavra ou outra com eles, mas nunca tinha parado para conversar verdadeiramente com nenhum deles.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora