As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

Noticias das fronteiras

Os grãos de areia escorreram rapidamente por dentro da ampulheta, dando voltas e voltas enquanto os dias iam passando e os alunos da Academia Militar Imperial iam treinando suas unidades dentro do Vale.

Os jovens se esforçavam para criar suas unidades pessoas ideais. Eles estavam dando duro para treinar os recrutas do Vale para que eles pudessem se tornar nas novas armas e escudos do Império Izar.

Mas infelizmente a vida não segue o fluxo que as pessoas esperam, imprevistos sempre acontecem, e enquanto os jovens treinavam suas unidades com diligencia, grandes acontecimentos estavam repercutindo dentro e fora de Izar.

Em uma sala de reuniões dentro da cidade de pedras verdes no Vale das Tribulações, estavam reunidas três pessoas de alta patente. Um deles era um homem com uma longa barba grisalha e uma expressão séria no rosto. Aquele era o Aush Yangong Hul.

Sentada a direita dele se encontrava uma mulher de aparência grosseira com o cabelo cortado bem curto. Ela cutucava com sua unha do indicador o braço pétreo da cadeira acolchoada em que ela estava sentada. Aquela era a Aush Leinlon Sum.

E sentado diante dos dois oficias, atrás de uma grande e retangular mesa de mármore, se encontrava o comandante supremo do Vale das Tribulações, o Sham Shen Pan. Ele era um homem na casa dos quarenta para cinquenta anos, baixinho e magro com cabelos grisalhos cortados bem curtos e um pouco arrepiado. Ele possuía um olhar sombrio e afagava distraidamente seus longos bigodes cinzentos.

- É verdade, meu senhor? – Aush Leinlon perguntou com a testa franzida, ainda em descrença com as notícias que tinha recebido.

- Infelizmente, é tudo verdade. – Shen Pan respondeu com uma voz suave e um pouco tensa. – Os exércitos de Picos Brancos, Coração da Tempestade e Montanhas Baixas já estão em movimento na fronteira oeste. Até mesmo as Espadas estão em movimento.

Os dois Aush's balançaram a cabeça enquanto olhavam para baixo. Os dois se perguntavam como as coisas tinham chegado naquele nível.

- Então é guerra contra Daura... aquele pequeno reino das Terras Baixas acha mesmo que pode enfrentar nosso vasto Império? – Yangong Hul perguntou confuso. – Os tolos esqueceram que nem mesmo a aliança de vários reinos das Terras Baixas conseguiu derrotar nosso Império?

- Quais ordens recebemos? – Leinlon Sum perguntou indo um pouco mais direto ao assunto mais importante e ignorando os resmungos do outro Aush.

- Por enquanto, devemos continuar no Vale de prontidão. – Respondeu o Sham. – Cavernas Douradas e Chuvas Cortantes não participarão dessa guerra a princípio.

- Hum... não deve haver nenhuma necessidade das cinco províncias precisarem agir para lidarmos com um único reino das Terras Baixas. – Concordou Yangong Hul.

Os três ficaram em silencio novamente, cada um com seus próprios pensamentos sobre os acontecimentos que estavam movimentando o Império.

O Aush Yangong franzia levemente sua testa enquanto alisava sua longa barba. Ele se perguntava se essa guerra seria produtiva ou não para o Império, afinal, com os problemas das duas facções em todas as províncias sobre os problemas com os recursos para alimentar o povo, uma guerra podia abrir as portas para uma invasão ao reino de Daura para conquistar algumas terras mais férteis que resolveriam alguns problemas de Izar. Os malditos da Espada Negra devem estar comemorando agora. Ele pensou silenciosamente.

Por outro lado a Aush Leinlon seguia uma linha de raciocínio totalmente diferente da de seu par. Pois, movimentar os milhares de soldados das três províncias que estavam participando do confronto contra Daura iria exaurir muito os poucos recursos do Império, muita comida teria que ser redirecionada para manter os soldados em forma e saudáveis para lutar além de um gigantesco gasto de enerjom. Os pobres coitados da Moeda Dourada devem estar rangendo os dentes de frustração com esses acontecimentos. Foi o pensamento dela.

E então tinha o Sham Shen que se concentrou em algo mais sombrio que os pensamentos de seus dois subordinados. Pois como um Sham ele tinha acesso a informações um pouco mais sigilosas, tais como o motivo dessa guerra entre Daura e o Império Izar.

Segundo as informações que Shen Pan tinha recebido, o reino de Daura tinha alegado sofrer vários ataques em regiões isoladas por parte de soldados izanitas que levaram centenas de dauranianos a morte. Quando os Ouros questionaram seus vassalos sobre o assunto, todos negaram veementemente ter iniciado qualquer tipo de conflito contra os povos das Terras Baixas, mas o Rei de Daura não se contentou com tal resposta e declarou hostilidade contra Izar, reunindo rapidamente seu exército para atacar as Terras Altas.

Enquanto tivermos que lidar só com Daura as coisas não serão complicadas. O Sham pensou largando seus bigodes e se levantando. Os dois Aush's também se levantaram logo em seguida. Mas se outros reinos resolverem intervir... Shen Pan não queria nem pensar no que poderia acontecer.

- Mantenham os soldados em prontidão para partir a qualquer momento. Logo os alunos da Academia devem estar terminando o treinamento das tropas deles, então poderemos usa-los para organizar algumas coisas em nossas fronteiras, dando um pouco mais de espaço para os soldados veteranos se preparem para uma possível guerra em maior escala.

O Sham Shen fez um gesto dispensando os dois oficiais que se curvaram respeitosamente antes de deixarem a sala de reuniões. Todos os dois com expressões sombria, mas sabendo que no momento não havia nada que eles pudessem fazer.

E assim como Shen Pan tinha dito, os alunos terminaram de treinar suas unidades alguns poucos dias depois. Um aviso tinha soado em seus cartões metálicos, os convocando para irem a um determinado ponto daquela parte do Vale onde eles estavam.

A unidade Zhang se encontrou com várias outras unidades enquanto todos marchavam para o sul daquele Vale, seguindo as indicações do cartão metálico. Algumas unidades marchavam como a de Xi Zhang, com duas fileiras de dez integrantes em cada, avançando uma ao lado da outra com o aluno que as liderava na frente. Outras se dividiram em grupos mais compactos, com quatro fileiras de cinco integrantes cada e o aluno na liderança ou no centro da formação.

Cada um tinha arrumado uma maneira diferente de treinar suas respectivas unidades. De tentar prepara-los para os dias futuros que se aproximavam.

- Xi Zhang! – Uma voz suave chegou aos ouvidos do sexto filho dos Zhang.

Quando ele se virou, viu uma unidade organizada como a dele marchando em direção a eles. Liderando o grupo estava uma garota de belas curvas e um rosto encantador.

- Ling Pan. – Xi Zhang saudou a jovem quando ela chegou mais perto. – Como foi o treinamento?

Ele olhou para além dela, para os vinte recrutas que seguiam a liderança da Prata e viu garotos e garotas de expressões serias se movendo em uma sincronia perfeita. Bem que boa parte dessa sincronia era resultado do treinamento dos oficiais do Vale e não do treinamento deles no último mês.

- Sem nenhum problema. – Ling Pan respondeu com um doce sorriso sem diminuir a cadencia de seus passos. – E o seu?

Xi Zhang deu um sorriso travesso para a garota e voltou a olhar para frente enquanto avançavam.

- Parece que escolhi os membros certos para minha unidade.

Ele falou tanto para que ela ouvisse como para os seus recrutas que vinham mais atrás. Ele queria que eles ficassem orgulhosos das qualidades que eles tinham.

Ling Pan olhou atentamente para Xi Zhang, percebendo que o jovem Bronze tinha um ar de satisfação o circulando, um brilho a mais no olhar. Era algo interessante de se admirar na opinião dela.

- Vamos nos apressar. – Xi Zhang disse, tirando ela de seus devaneios. – Falta pouco para chegarmos e não quero dar a Yangong a chance de ficar gritando comigo.

Ling Pan deu um grunhido nada gracioso ao ser lembrada do Aush e fez com que sua unidade aumentasse um pouco o ritmo para acompanhar lado a lado a unidade de Xi Zhang.

Mais um capitulo para vocês. Espero que estejam gostando do novo Arco e da historia como um todo. Não deixem de curtir e comentar se estiverem gostando. Boa leitura.