O Lorde de Fuujitora

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Todos rapidamente se posicionaram ao ouvir as palavras do homem. Xi Zhang se virou e viu um dos soldados apontando para uma porta de aço no canto da cozinha. Assim que viu as marcas de enerjom na parede e na porta, ele descobriu o que era aquilo.

- É um quarto de emergência. - Ele disse se aproximando. Alguns dos soldados olharam para ele sem entender, mas outros o entenderam.

Tanto nobres quanto plebeus possuíam esses quartos em algum lugar de suas casas. Quartos usados para proteger pessoas ou tesouros. Os nobres usavam mais para proteger tesouros, afinal, quem ousaria ataca-los?

Mas para os plebeus era diferente. Seus quartos secretos eram para proteger eles de ataques de bandidos e de Predadores da Noite. Quando esses terrores caiam sobre alguma vila pouco protegida, os moradores se escondiam em seus quartos secretos e tentavam resistir até a chegada do exército.

- Quem está aí fora? - Uma voz masculina perguntou quando os soldados da unidade de Yga Wen se aproximaram da porta. - Ouvimos o som da luta. Vocês conseguiram pegar todos os desgraçados?

- Lidamos com aqueles que estavam aqui na cozinha, mas ainda não sabemos se há outros na propriedade. - Respondeu o Tash. - Eu sou o Tash Yga Wen, quem é você?

- Eu sou Jojo Hous. - O homem respondeu. - Sou um guarda da mansão. É seguro sair?

- Não temos garantias de que eliminamos todos os invasores. Espere até que os reforços cheguem.

- Entendido.

- Seu Senhor se encontra aí com você?

- Não, meu Senhor estava no jardim com minha Senhora quando o ataque começou. - Jojo começou a falar. - O chefe da segurança nos comunicou do ataque e mandou que levássemos o jovem mestre para o quarto de emergência.

- O jovem mestre está aí?

- Sim, ele caiu no sono nos braços de uma das servas. Somos sete aqui dentro no total... está um pouco apertado.

Xi Zhang queria rir daquele guarda. Ele tinha um senso de humor estranho para quem tinha sobrevivido a um massacre.

Por ordens do Tash os soldados bloquearam com as mesas da cozinha o acesso ao corredor e os dois soldados armados com as bestas da guarita se posicionaram de vigia.

Enquanto esperavam pela chegada dos reforços, os soldados empilharam os encapuzados em um canto da cozinha, confiscaram suas armas e trataram dos soldados feridos.

Quase uma hora depois da chegada deles, eles receberam a chegada dos reforços. O Mush Fukuro Fuji foi o primeiro a chegar, flanqueado por dois de seus homens. Ele estava com as roupas um pouco sujas e quando Yga Wen comentou isso com ele, o oficial superior deu de ombros comentando que tinham tido que perseguir alguns homens na superfície.

- Todos os soldados da unidade de Reno Hon foram mortos. - O Mush comentou com pesar em sua voz. - Somente o garoto que nos avisou sobreviveu.

- Ele é o filho do Tash Reno Hon, senhor. - Xi Zhang falou, posicionado logo atrás de Yga Wen, lembrando os oficiais da identidade de seu amigo. - Seu nome é Ryu Hon.

Ao ouvirem as palavras do jovem Bronze, os dois oficiais fecharam suas expressões. Um sentimento de impotência passou por seus corações enquanto pesavam os acontecimentos.

- Saúdam o Senhor da Cidade!

Um soldado trajando armadura completa adentrou a cozinha. Xi Zhang olhou para ele surpreso em ver alguém usado uma armadura de ponta ali. O peito do soldado estava protegido por um peitoral de metal com um coração de enerjom acoplado no meio para criar uma camada de armadura de enerjom que o protegeria de almashas e alfings. A proteção se estendia em grandes ombreiras de três camadas. Proteções para os braços e pernas. Um elmo fechado com a viseira sendo uma linha luminosa de enerjom na altura dos olhos que dava ao soldado uma visão mais detalhada dos arredores. Em sua cintura repousava uma almashas.

Ao ouvirem as palavras do soldado, os membros da unidade de Yga Wen e do Mush Fukuro Fuji colocaram o punho direito dentro da mão esquerda. Abaixaram a cabeça e se ajoelharam com o joelho direito tocando o chão e o esquerdo dobrado a frente do corpo.

- Longa vida ao Senhor da Cidade!

Um homem trajando uma cara roupa cinzenta adentrou a cozinha flanqueado por mais dois soldados blindados e com alguns burocratas logo atrás.

Xi Zhang olhou admirado para aquele homem. O Senhor de Fuujitora era um homem alto e de corpo bem cuidado. Seu cabelo preto estava penteado para trás e chegava ao centro se suas costas com um laço prateado segurando-o na altura do pescoço. Ele possuía uma postura nobre e digna, e um olhar sério no rosto. Sua barba era muito bem aparada e seu bigode descia um pouco além da linha do queixo como duas presas de dentes de sabre.

Ele parou e olhou em volta para os homens mortos e soldados feridos.

- Onde está meu sobrinho? - Sua voz soou calma e controlada, mas Xi Zhang pensou ver uma veia pulsando na testa do homem.

Um estalo ressoou na cozinha e a porta de metal se abriu. Um soldado com um pouco mais de vinte anos e ombros largos saiu primeiro, olhando cautelosamente em volta. Quando viu o Senhor da Cidade presente, ele se curvou em uma respeitável saudação.

O Senhor da Cidade o ignorou e passou por ele indo até o quarto secreto e voltando com uma criança de aproximadamente dez anos nos braços.

Ele caminhou sem dizer nada a ninguém, indo em direção a saída da cozinha, mas quando estava para passar pelos dois soldados blindados que estavam em posição de sentido, ele parou e se virou para os burocratas. Homens de idade avançada, usando roupas folgadas com grossas faixas sobre a barriga.

- Reúna os oficiais de maior patente. - Começou a falar o Senhor da Cidade. - Deixei que a situação se agravasse demais em minha cidade. Chega dessas manifestações caóticas das facções. Chega de ataques aos transportes de enerjom. Chega de atentados contra os nobres.

Ele se virou por completo para os burocratas e uma luz fria brilhava em seus olhos. Uma insanidade controlada que fez com que os velhos recuassem assustados para longe dele.

- Quero todos caçados e executados. Nenhum desses animais deve escapar.

Ele então se virou e foi embora, seguido de perto pelos dois soldados blindados e logo em seguida pelos burocratas. O soldado blindado que tinha feito a apresentação do Senhor da Cidade permaneceu na cozinha.

- O Senhor da Cidade agradece pelas ações de vocês. - Ele jogou um brasão para cada um dos oficiais presentes. - Acreditamos que há pontos suficientes aí para vocês recuperarem o vigor de suas unidades. - Ele então olhou para os dois homens que foram capturados. - Mande-os para interrogatório. Precisamos saber tudo sobre o que está acontecendo.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora