As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

O campo de treinamento.

O beep, beep, beep do alarme do cartão metálico começou a soar bem cedo no dia seguinte. O pior era que o som não vinha de um único lugar, mas sim de cinco cartões metálicos diferentes.

- Como eu faço isso parar? – Alguém resmungou sonolentamente.

Alguém respondeu alguma resposta, mas Xi Zhang os ignorou enquanto puxava seu próprio cartão para perto do rosto e tocava em sua superfície com os dedos ainda dormentes tentando encontrar o local que desativaria o alarme da mensagem.

Quando ele o encontrou, deu um suspiro de alivio e se sentou em sua cama, erguendo os braços e se espreguiçando. O quarto que ele dividia com os outros quatro não era grande. Um retângulo com dois beliches nas laterais e uma única e pequena cama de solteiro na extremidade oposta à da porta de entrada.

Xi Zhang estava sentado nessa cama enquanto os primos Q'wem estavam no beliche da direita e Tou Fuji e Ryu Hon estavam no da esquerda.

Lentamente todos foram se movendo e despertando de seus sonhos, afastando o sono com um bocejo enquanto piscavam rapidamente os olhos para tentar ajudar a despertar.

- Se vistam logo. – Ryu Hon falou olhando para seu cartão metálico.- Parece que nossa carona já está lá fora e não vai demorar muito para partir.

Xi Zhang lançou um olhar para seu cartão metálico e comprovou as palavras de seu companheiro de equipe. Um relógio estava contando na parte inferior do cartão enquanto algumas palavras brilhavam em seu centro.

Rapidamente os cinco vestiram suas roupas e se agasalharam com grossos casacos antes de saírem do quarto e avançarem para fora do dormitório. No caminho eles se encontraram com muitos outros alunos que saiam apressadamente de seus quartos.

Quando deixaram o dormitório, eles foram surpreendidos por um raro andador de comboio que estava estacionado no pátio onde eles tinham sido largados no dia anterior.

O andador de comboio era formado por três vagões metálicos. O primeiro, que era o corpo principal do andador por assim dizer, possuía seis pernas metálicas reforçadas e potentes, três em cada lado dele. Ele era fechado com janelas na frente para o piloto poder ver onde estava indo.

O segundo e terceiro vagões do andador de comboio eram diferentes. Possuíam o mesmo comprimento e largura que o principal, mas não possuíam pernas metálicas, e sim rodas, muitas rodas que rolavam pelas ruas da cidade quando ele se movia, sendo puxados pelo vagão principal com as pernas metálicas. Eles não possuíam tetos, nem paredes, somente uma grade nas laterais para proteger o que estivessem carregando.

Os andadores de comboio só eram usados dentro de cidades, porque as estradas irregulares do Império Izar nas Terras Altas destruíam qualquer veículo movido a rodas que tentasse percorre-las.

- Subam logo, pirralhos! – A voz grossa e prepotente da Aush Leinlon soou vinda de dentro do andador. – Não iremos esperar muito mais tempo.

Os jovens alunos correram desesperadamente para dentro do veículo, se espremendo dentro dos três vagões que mal tinha espaço para todos eles, mas mesmo assim eles conseguiram manter uma certa distância da Aush Leinlon e dos dois soldados que a flanqueavam.

Assim que todos os alunos tinham entrado, o piloto deu partida no andador, fazendo com que suas seis pernas metálicas se movessem pelas ruas da minicidade de pedras verdes que tinha sido construída no Vale.

Os jovens mal tiveram tempo de apreciar a viajem que estavam fazendo, pois em poucos minutos eles deixaram os edifícios para trás e entraram em uma zona de chão rochoso plano que se estendia por algumas centenas de metros até uma pequena muralha no horizonte.