Odako

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Gotas de água escorriam pelo corpo de Xi Zhang quando ele desligou o chuveiro. O jovem puxou sua toalha e começou a se enxugar, parando por um momento quando sua visão recaiu sobre as cicatrizes que cobriam seu corpo, um número tão grande que mais parecia que ele possuía um mapa desenhado em seu corpo.

Seus status como um nobre lhes permitiam o acesso a um sistema de cura melhor que quase não deixaria uma única marca para trás, mas como o lema de sua Família não o permitia essas regalias, ele escolheu por uma cura simples assim como a dos soldados que tinham sobrevivido a última batalha.

Xi Zhang terminou de se enxugar e enrolou a toalha em volta da cintura enquanto se movia para o vestiário. Ele atravessou uma porta de deslizar e entrou em uma grande sala retangular cheia de armários metálicos e alguns bancos compridos onde alguns oficias estavam sentados enquanto calçavam suas botas.

Os olhos do Bronze deslizaram de um lado para o outro enquanto observava os poucos oficiais presentes, reconhecendo um deles em especial que estava se arrumando logo ao lado do armário onde estavam as coisas dele.

Ryu Hon vestia suas roupas em silencio. Ele já tinha vestido sua calça e colocado sua bota e agora estava colocando uma camisa por cima. Xi Zhang deu um olhar de relance para o amigo e viu que ele possuía tantas cicatrizes quando ele.

Xi Zhang foi até seu armário em silencio e começou a pegar suas coisas. Uma peça de roupa intima, uma calça, um cinto, um par de meias e um par de botas grossas. Uma simples camisa e um colete pressurizado. Ele também tinha recebido algumas blindagens metálicas que poderiam ser acopladas ao colete.

Após terminar de se vestir, ele pegou a almashas dele e a colocou no cinto. Após tudo isso Xi Zhang levou a mão até o peito e o tocou de leve, dando um leve suspiro em seguida. Ele sentia falta de sua cota de eledros que tinha ficado bem danificada no Forte Shumpei.

- Ainda sentindo dores? – Ryu Hon perguntou ao ver Xi Zhang suspirando com a mão no peito.

Xi Zhang se virou e olhou para o amigo que estava agora sentado no longo banco atrás dele. Olhando para o rosto de Ryu Hon, ele podia ver o quanto o amigo estava mais magro, com as bochechas levemente sugadas para dentro. Ele mesmo não deveria estar muito melhor, a provação que foi a fuga desde o fracasso na batalha do Vale tinha cobrado muito deles.

- Estou bem. – Xi Zhang respondeu com um sorriso um pouco forçado. – Vamos logo, está chegando a hora.

Ryu Hon deu um curto aceno de cabeça e os dois deixaram o vestiário, seguindo por um longo corredor cercado por paredes feitas de grandes blocos maciços de rocha escura. Sobre as cabeças deles se encontrava um teto a três metros do chão com lampiões acesos com pedras alquímicas.

Eles desceram uma escada em espiral e chegaram a um saguão onde servos e soldados andavam apressadamente de um lado para o outro, cada um ocupado com seus afazeres.

- Tash Xi Zhang, Tash Ryu Hon. – Um servo se aproximou deles abaixando a cabeça em reverencia.

Xi Zhang olhou para o homem de meia idade diante deles, baixinho e meio encurvado com o rosto levemente enrugado.

- Você será nosso guia? – Xi Zhang perguntou dando um breve aceno de cabeça para o homem.

- Sim, Tash.­ – O homem respondeu se curvando mais uma vez. – Vocês já estão prontos para partir?

- Sim.

A resposta foi dada pelos dois ao mesmo tempo e o servo se virou após se curvar mais uma vez, levando os dois para fora do saguão e para dentro de um pátio cercado por um grande jardim de pedras onde vários andadores e mais soldados e servos se encontravam andando de um lado para o outro, ocupados com seus serviços.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora