As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

Asham Gouji Ryuho

Rajadas de enerjom iluminavam o céu enquanto uma frota de naves em debandada era abatida nos céus sobre as terras dos Xao. Uma segunda frota, bem maior, tinha cercado aquela que estava debandando e tinha privado a primeira frota de qualquer chance de fuga.

Dentro da maior nave da segunda frota, bem no centro de um palanque na cabine de comando, se encontrava um homem alto usando uma armadura vermelha com caracteres dourados. Seu cabelo era longo, negro e lustroso, e estava amarrado sobre sua cabeça em um perfeito coque segurado por uma agulha de ouro branco.

O homem de armadura vermelha com caracteres dourados mantinha uma postura ereta enquanto observava nos hologramas as naves inimigas sendo abatidas. Sua expressão era neutra. Ele não demonstrava irritação ou satisfação por estar abatendo seus inimigos, simplesmente permanecia em pé sobre o palanque, contemplando sua aparente vitória em silencio.

- Asham Gouji Ryuho. – O subordinado encarregado das linhas de comunicação se virou abaixando a cabeça e colocando respeitosamente o punho direito dentro da mão esquerda. – A Sham Jinx está solicitando uma audiência.

- Audiência concedida. – Gouji Ryuho falou imperiosamente, sem tirar seus olhos das naves inimigas.

Um holograma se acendeu diante do Asham que o ignorou enquanto contemplava silenciosamente o campo de batalha aéreo. No holograma, uma bela mulher na casa dos quarenta anos trajando uma armadura completa e sem o elmo surgiu. Ela fez uma reverencia honrosa para seu superior antes de começar a falar com um sorriso satisfeito no rosto.

- Meu Senhor, os muros da cidade estão livres. Conseguimos repelir a investida desses rebeldes e de seus aliados Exilados. – A Sham Jinx deu uma olhada em volta, como se admirasse algo e voltou a falar. – Enquanto minha infantaria atacava a retaguarda do exército inimigo, o Senhor da Cidade e Patriarca dos Xao liderou os soldados na cidade pessoalmente em um ataque em pinça que nos garantiu eliminar a ameaça com o menor número de casualidades possíveis.

Gouji Ryuho nada disse após ouvir o relato de sua subordinada. Ele continuou olhando para a batalha aérea, vendo mais duas naves inimigas sendo rasgadas pelos disparos de canhões de enerjom. Punhados de vespas se confrontavam no ar, mas nem mesmo ali os inimigos conseguiam alguma vantagem no campo de batalha aéreo.

- O Senhor da Cidade não fez nada mais do que sua obrigação depois de seus resultados vergonhosos nos últimos meses. – O Asham falou, dessa vez ele olhou diretamente para a Sham Jinx e apesar de sua expressão não demonstrar nada, a mulher conseguiu ver que ele estava bem irritado com tudo aquilo. – Em pensar que eles demoraram tanto tempo para resolver essa revolta, tendo que as Espadas Imperiais e nosso exército ter que ser envolvido nisso. Uma vergonha.

Gouji Ryuho balançou a cabeça lentamente, um único sinal de suas emoções já que seu rosto continuava tão neutro como sempre. Como se ele estivesse comentando sobre o clima.

- Quantas casualidades os inimigos sofreram?

A Sham Jinx olhou em volta mais uma vez e esticou a mão, pegando com alguém perto dela uma placa metálica onde um holograma que não aparecia em sua projeção lhe passava as informações sobre a batalha dela.

- Pelo menos três mil Exilados e quase mil das Aranhas, ainda estamos contando para ter certeza dos números exatos. Seis Deuses da Guerra e quase dez Maquinas da Guerra foram derrubados também.

- Ótimo, recupere o que puder e levaremos como espólios de guerra. Quem sabe nossos mecânicos consigam salvar algumas peças e possamos conseguir algumas informações. – O Asham fez uma pausa, como se tivesse considerado algo naquele momento. – Sham Jinx, estarei enviando a localização de onde as naves inimigas abatidas caíram, mande equipes para recuperar o que puder.