Ryu Hon em Iseka

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Mesmo depois de já terem retirado os corpos que entupiam as ruas e de uma forte chuva ter limpado o sangue que cobria Iseka, ainda era possível ver os rastros da batalha que tinha acontecido ali.

Se uma pessoa olhasse com atenção, ainda conseguiria ver as escuras manchas de sangue onde pessoas tinham morrido ou as cicatrizes deixadas nas ruas ou nas paredes pelas armas dos soldados imperiais e dos soldados da Aranha.

Ryu Hon que passeava pela cidade estava atento a tudo isso, reparando que mesmo com todo aquele dano, aquela ainda era uma cidade de uma beleza simples.

Iseka não era como Fuujitora com seus distritos espalhados tanto fora quanto dentro das montanhas ou como Odako que tinha sido construída em um gigantesco buraco no chão. Não, Iseka era mais simples e até mais compacta. Suas ruas não eram nem estreitas e nem largas demais, sendo de um tamanho ideal para que andadores de pequeno porte se movessem lado a lado.

As casas eram bem diferentes do que ele estava acostumado. As mansões dos comerciantes e nobres eram mais humildes de adereços do que ele estava acostumado a ver. Mas boa parte da cidade era composta por casas mais humildes de um único andar com algumas construções maiores se destacando próximas a algumas praças.

- É tão estranho ver uma cidade deserta assim. – Um dos dois soldados que acompanhavam Ryu Hon comentou enquanto olhava em volta.

Um breve movimento de cabeça foi a resposta do jovem Tash em concordância com seu subordinado. Seu coração ainda pesava ao saber que mais da metade da população tinha sido assassina após Iseka ter sido tomada. Os sobreviventes comentaram que muitos tinham se recusado a obedecer as ordens dos invasores, e por isso tinham sido executados como uma forma de exemplo.

Os que sobreviveram o tinham feito por dois motivos. Ou temiam demais por suas vidas para resistir, ou temiam pelas vidas de seus entes queridos para os colocarem em perigo.

- Hunf, logo essas ruas vão estar bem cheias, só que de soldados. – O segundo subordinado de Ryu Hon que era uma mulher respondeu ao comentário de seu companheiro.

O jovem Tash parou de andar e se virou para olhar para os dois. O homem era um soldado veterano de cabelo grisalho curto e rosto enrugado. Um sobrevivente de inúmeras batalhas ao longo dos anos. A mulher ao lado dele parecia ter uns trinta e poucos anos, era de uma fisionomia troncuda e um linguajar agressivo quando ficava nervosa.

Todos os dois tinham se juntado a unidade dele em Odako, um pouco antes de partirem para Três Escudos alguns meses atrás. Lá eles tinham se batizado juntos em batalha, sangrado e matado lado a lado. Com os dois ao seu lado, Ryu Hon se sentia bem seguro no campo de batalha, sabendo que eles eram bem habilidosos com as da'mashas que levavam presas a argola do cinto.

- Isso ainda deve demorar alguns dias. – Ele comentou se virando para frente mais uma vez e voltando a andar. – O Exército Terrestre combinado do Vale das Tribulações e de Odako ainda está caçando os remanescentes do Exército inimigo.

Em sua mente, ele se lembrou do relatório que tinha recebido na noite anterior logo depois de os canhões no Portão Norte terem derrubado as naves inimigas que tinham fugido da batalha contra a frota da Espada Imperial Teylong.

A vitória deles no Vale do Mar de Pedras tinha garantido a eliminação de quase toda a força do Exército da Aranha ali no sul das terras dos Pan, mas apesar da vitória, ainda havia um grande número de Guerreiros Exilados lá fora.

Ao se lembrar dos Exilados, ele se recordou que Go Goro tinha informado a eles que após tomarem o controle de Iseka e de seus portões, eles tiveram que disparar com os canhões nas muralhas contra um vasto acampamento de Exilados do lado de fora. Após alguns disparos os Exilados debandaram desesperadamente, abandonando muitas de suas coisas para trás com pouca, se não nenhuma resistência.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora