A chegada do clã Zai

303 44 4
                                    


Bol Zai estava de pé, ao lado de vários outros membros do seu ramo do clã, dentro de uma das máquinas de metal que se moviam no Império.

Ele se remexia inquieto. Estava vestido com um uniforme de operário usado pelos imperiais, que era muito diferente de suas vestimentas normais. Aquela roupa dos imperiais era até grossa, mas ele duvidava que parasse alguma lâmina.

- Essas coisas são bem estranhas, não acha, Bol? – Koi Zai falou de repente olhando para as paredes de metal do compartimento de carga.

O segundo filho do chefe do ramo Zai'luo não conseguia acalmar seus nervos. Ele estava se aproximando de uma cidade, relativamente grande, dos Imperiais. Um lugar que ele sabia ser fortemente defendido, e ele só tinha pelo menos duas centenas de seus irmãos de armas do ramo para cumprir o acordo com Arkagim.

Assim como tinha sido combinado, o encapuzado tinha dado a cada ramo o que ele tinha oferecido na reunião, e em resposta, os chefes de cada ramo do clã Zai tinham oferecido seus guerreiros para lutar na causa dele. Uma causa que era favorável para os dois lados.

- Eu fiquei sabendo que os ramos Zai'do e Zai'tam já estão na cidade. - Alguém disse atrás de Bol Zai.

- Os Zai'no estão logo atrás de nós. - Outro disse. - Devem chegar amanhã.

- Fiquem quietos! – Bol Zai ordenou friamente.

Seus nervos estavam a flor da pele. Essa conversa sem sentido de seus homens o estava deixando mais nervoso ainda. De repente ele sentiu uma pequena mão pousando em seu ombro e uma voz gentil surgindo atrás de sua orelha.

- Calma, Bol. - Sussurrou Gige Zai, uma bela moça de vinte anos. - Assim você vai deixar os homens nervosos também.

Bol Zai respirou fundo para se acalmar e se virou para Gige Zai. Ela era alta para uma mulher, mas não tão alta quanto a maioria daqueles que viviam nas Terras Altas. Seu corpo era provido de belas curvas que sempre ficavam realçadas pela roupa apertada que usavam dentro do ramo, mas ali, no andador do Império, suas curvas estavam escondidas pelo uniforme de operária.

Bol Zai abriu a boca para lhe agradecer, quando então ouviu passos vindos da escada dos fundos. Ele se virou rapidamente ao ver um dos homens de Arkagim vindo em sua direção.

- Mantenham-se quietos e finjam trabalhar. - Disse o homem para os homens do clã Zai. - Estamos chegando nos portões da cidade e logo uma equipe de vistoria se aproximará para checar nossa carga. Desde que vocês se mantenham quietos, nós não devemos ter problemas.

Bol Zai acenou para o homem avisando que tinha entendido e seus companheiros fizeram o mesmo. Todos se espalharam tentando mostrar que estavam fazendo algo, tentando aparentar estar despreocupados.

Quando o andador parou de se mover e eles sentiram a altitude caindo, um nervosismo caiu em meio a todos os membros do Clã Exilado. Todos estavam ansiosos.

O próprio Bol Zai devia ser o mais nervoso ali, mas ele não podia deixar isso o dominar, ele era o segundo filho do chefe do ramo. Ele tinha sido escolhido para essa missão. Ele. Não o irmão mais velho.

Lentamente e em um tom baixo, um assobio começou a soar, formando uma leve melodia. Uma melodia conhecida por todos ali.

O assobio foi aumentando de volume e logo outros foram se juntando a ele, dando intensidade a melodia.

Bol Zai e seus homens perderam a noção do tempo enquanto assobiavam a música, e nem perceberam quando um dos guardas do portão da cidade entrou no andador e olhou para o compartimento de carga curioso com o barulho, e muito menos perceberam quando o homem foi embora.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora