O relatório de Flecha.

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Xi Zhang estava em sua tenda, sentado em uma cadeira de metal retrátil diante e uma mesa de metal fina com alguns grandes pedaços de couro com caracteres izanitas marcados neles, montando mensagens codificadas.

Aquele já era o segundo dia deles no acampamento e suas patrulhas não tinham encontrado nenhum sinal de inimigos, nem mesmo dos Predadores da Noite que tinham deixado rastros para trás.

O jovem Mush estava com um péssimo pressentimento, como se algo de muito ruim estivesse chegando. Pelo menos a chuva tinha dado uma trégua, apesar de o céu ainda estar um pouco nublado, dando sinais de que a qualquer momento a chuva poderia voltar a cair.

Nas mãos de Xi Zhang se encontrava uma pequena e fina placa metálica, ela parecia com um cartão metálico retangular e em sua superfície brilhava um holograma azulado que era onde o Mush resumia as informações de seus batedores.

Os dados guardados ali eram compartilhados com o cartão metálico de Tou Fuji, assim como as informações dos batedores de Tou Fuji estavam acessíveis a Xi Zhang.

Deslizando seus dedos pela superfície do cartão metálico, Xi Zhang fez com que o holograma se apagasse e abaixou a cabeça por um momento enquanto fechava os olhos e suspirava. As coisas ali estavam demorando mais do que ele esperava.

Eles já tinham recebido notícias de Go Goro e Deilong Hul, os dois Mush mais velhos estavam em suas devidas posições, prontos para invadir Iseka se não fosse pelo contratempo que a chuva tinha causado.

Umas das passagens secretas para o interior de Iseka tinha sido submergida pela água da chuva e os soldados de Deilong Hul estavam trabalhando para liberar o caminho para a continuidade da missão.

Provavelmente daremos continuidade amanhã. Xi Zhang pensou olhando do cartão metálico em sua mão para os pedaços de couro sobre a mesa. O contraste entre as duas coisas era tanto que quase o fazia rir. Era impressionante o quanto os povos de Maya tinham se recuperado ao ponto de reutilizarem o enerjom para erguer naves nós céus e moverem grandes e pesadas maquinas metálicas com pouco esforço sobre a terra.

Mas ao mesmo tempo mais da metade da força militar ainda lutava com espadas e lanças em mãos. A comunicação em boa parte do Império Izar ainda era feita em cartas e pedaços de couro curtido como aquele sobre a mesa.

Era algo estranho demais aquela divisão entre o passado e o futuro. O quanto as pessoas daquele mundo vinham se agarrando a dois tempos diferentes sem assumir completamente nenhum deles.

Inconsciente de seus atos, Xi Zhang deixou sua mão escorregar até que ela pousou sobre o cabo de sua almashas em sua cintura. Aquela era uma mistura rustica de tecnologias passadas e futuras. Uma lâmina de aço negro que ao mesmo tempo podia ser coberta por uma camada de enerjom e se tornar tão mortal quanto uma alfings.

A testa de Xi Zhang franziu quando ele ouviu passos apressados ficando cada vez mais próximos. Ele ouviu os guardas em volta de sua tenda gritando uma pergunta para quem se aproximava e a pessoa respondeu apressadamente, entrando em seguida na tenta dele sem ser anunciado.

Xi Zhang se ergueu rapidamente de sua cadeira com a almashas já com metade da lâmina para fora da bainha antes de reconhecer Flecha, parada e respirando com dificuldade na entrada da tenda com um dos guardas logo atrás dela, olhando com desaprovação.

O Mush fez um discreto sinal para o soldado, sinalizando que estava tudo bem e que ele podia voltar para o lado de fora e ficar novamente em vigília.

- O que houve? – Xi Zhang perguntou um pouco preocupado embainhando novamente sua arma. Ele sabia que Flecha não adentraria sua tenda desta maneira sem um bom motivo.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora