As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

Sangue sobre a muralha

Medo, puro e primordial. Foi esse o sentimento que Xi Zhang sentiu enquanto via aquele ser gigantesco correndo em sua direção. Apesar da pesada carapaça de pedra cheia de espinhos que cobria quase todo seu corpo, aquele ser conseguia se mover a uma velocidade assustadora, fazendo com que seus traços se tornassem poucos mais do que borrões enquanto ele avançava pela chuva.

Xi Zhang ouviu vagamente alguns homens gritando para que disparassem com os pequenos canhões contra aquela criatura, mas outros gritavam de volta dizendo que as armas ainda não estavam carregadas.

A cada passo a criatura estava mais perto. A cada passo o chão tremia. A cada passo o medo se instalava mais fundo no coração de todos os que defendiam a muralha externa na Fábrica.

O Predador alcançou rapidamente a muralha e saltou em um único impulso, se chocando fortemente contra o muro e fazendo com que a estrutura se abalasse sob os pés de todos ali presentes.

Xi Zhang cambaleou para trás e viu o mesmo acontecendo com os recrutas a sua volta. Tenho que voltar e disparar. O pensamento passou por sua cabeça, mas os acontecimentos seguintes foram mais rápidos que a reação de seu corpo.

Uma pata tão grande quanto o torso de um homem surgiu por cima da amurada e acertou dois soldados que infelizmente reagiram rápido e se aproximaram da borda da muralha para disparar contra a criatura.

Os dois homens foram feitos em pedaços, seus coletes e as blindagens foram rasgadas e despedaçadas. O sangue escorreu livremente, borrifando sobre aqueles em volta.

A para da criatura se fechou sobre a amurada, as garras raspando na superfície da estrutura e se fixando lá.

- Acertem essa maldita pata. – Uma voz poderosa que carregava o peso do comando soou de repente e alguns soldados e recrutas reagiram instantaneamente, avançando e estocando com suas lanças.

As armas acertaram a pata, fazendo com que faíscas voassem pelo ar, mas a criatura pareceu nem se importar. De repente uma contração passou pela pata, com as garras se enterrando mais ainda na amurada e então a criatura se impulsionou para cima, sua cabeça surgiu rapidamente, abocanhando uma jovem recruta que morreu na hora.

Alguns soldados dispararam com suas alfings que despedaçaram pequenas partes da couraça, mas sem conseguir causar nenhum dano sério. Alguns soldados corajosos voltaram a atacar com suas lançar, enquanto dardos voavam pelo ar acertando inutilmente a carapaça.

O Predador ergueu sua grande cabeça cheia de dentes cobertos de baba e sangue e soltou um rugido que fez com que a cabeça de todos próximos a ele doesse.

Nesse momento, duas sombras escalaram o corpo do grande Predador da Noite e saltaram sobre os combatentes atordoados diante da criatura.

Corpos cobertos por carapaças de pedras cheias de espinho se chocaram contra os soldados mais próximos, perfurando e esmagando seus corpos.

Dois Dhagoras filhotes conseguiram subir com êxito a muralha e agora estavam espalhando a morte. Suas garras e suas presas se moveram para todos os lados, fazendo com que rios de sangue escorressem pelo chão.

- Afastem-se! – Um Tash gritou, passando para frente com alguns soldados armados com alfings.

Enerjom foi disparado contra os dois Predadores da Noite que conseguiram subir na muralha e pedaços das couraças saíram voando pelo ar.

- Ataquem. – O Tash ordenou.

Rapidamente os soldados e recrutas em volta avançaram para eliminar os inimigos. Lanças rasparam nas couraças quebradas ou acertaram a carne ferida e exposta fazendo com que as criaturas urrassem de dor.