As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

Batalha no segundo dia de cerco

Com as costas escoradas contra as ameias da muralha, Xi Zhang cravou seus olhos no edifício principal do Forte Shumpei enquanto as sombras iam se alargando conforme a noite chegava.

O dia tinha se arrastado de uma maneira monótona desde que a rampa de escalada tinha sido fixada na muralha com os Exilados passando quase toda a tarde disparando suas flechas contra os soldados Imperiais sobre o comando dos quatro jovens Tash.

Quando a noite finalmente tinha chegado, os Exilados bateram em retirada, deixando as barreiras de aço onde estavam, um símbolo de desafio da presença deles ali.

- Como estamos? – O jovem Bronze perguntou a Tou Fuji quando o outro nobre se agachou ao lado dele passando um cantil com água.

- Sete mortos, doze levemente feridos. – Tou Fuji falou dando de ombro e suspirando. – Quase não sofremos nada se comparado a eles que perderam dezenas de soldados durante a marcha até aqui e a escalada da muralha, mas ainda devemos estar sofrendo de dois Exilados para cada um de nós, sendo otimista.

A testa de Xi Zhang franziu um pouco quando o outro Bronze falou sobre a investida suicida dos Exilados. Ele ainda não entendia porque os outros guerreiros inimigos não tinham avançados juntos com seus companheiros, eles poderiam ter causado um grande estrago se tivessem feito, talvez até conquistado a muralha no primeiro dia, mas agora eles tinham perdido essa chance e sofreriam muito para alcançar o topo da muralha novamente.

- Notícias dos outros?

- Sim, os Exilados do outro lado não possuíam rampas de escaladas, mas possuíam algumas barreiras de aço que usaram para dar coberturas aos arqueiros deles. Foi um dia de disparos a longa distância, provavelmente tentarão algo amanhã.

Xi Zhang devolveu a Tou Fuji o cantil de água e se levantou, se virando para ver o acampamento inimigo a quase um quilometro de distância deles. As chamas das fogueiras inimigas iluminando a noite.

- Escolha alguns homens para ficar de guarda e mande o resto descansar, teremos um longo dia amanhã.

Tou Fuji suspirou e se levantou, olhando também para o acampamento inimigo.

- Na verdade, eu gostaria de discutir com você um plano para amanhã.

Xi Zhang desviou o olhar do acampamento inimigo e o focou no outro jovem nobre ao seu lado. Ele assentiu e então escutou enquanto Tou Fuji lhe explicava o plano que tinha criado momentos antes.

Quando o segundo dia chegou, os jovens Tash reuniram suas unidades sobre a muralha e acompanharam com o olhar a aproximação dos Exilados que se protegiam atrás de mais barreiras de aço.

- Eles querem garantir que não perderão muitos guerreiros antes de chegarem ao ponto de disparo deles. – Xi Zhang resmungou para seus soldados quando percebeu os planos do inimigo.

Os olhos de Xi Zhang foram dos soldados inimigos que avançavam em direção ao Forte para os dardos aos seus pés. Ele ainda tinha quatro dardos além dos dois já carregados.

­Mais três sequencias. ­Ele pensou desanimado. Olhou em volta e viu que a maioria de seus subordinados armados com as bestas passavam pelo mesmo.

- Atravessaram a linha dos duzentos metros. – A voz de Flecha soou logo ao lado do jovem Tash.

- Prestem atenção! – Xi Zhang ergueu a voz e se virou para seus companheiros. – Não temos muita munição, por isso só disparem se tiverem certeza de que vão acertar. Não desperdicem nenhuma chance de ferir ou debilitar o inimigo. Um braço, uma perna, não importa, simplesmente acertem.