As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I

Encurralados

Se esquivando da ponta de uma lança, Xi Zhang se perguntou como as coisas tinham dado tão erradas para eles naquele ataque surpresa.

Go Goro tinha feito com que todos descansassem ao longo do dia e assim que anoiteceu ele ordenou o início do ataque. Eles invadiram sorrateiramente os tuneis que interligavam algumas minas subterrâneas sob uma gigantesca montanha, eliminando os Exilados que estavam de guarda com eficiência antes que eles dessem qualquer alarme da presença deles.

Tudo até a entrada das minhas tinha sido perfeito. Feita de maneira rápida e eficiente, em um silencio mortal. Mas aí eles tiveram que entrar no tuneis estreitos das minas, perdendo assim a vantagem das bestas de repetição e das formações militares deles. Sem contar que estavam entrando em um ambiente sem iluminação, dependendo dos visores nos elmos dos oficiais e dos soldados diretos da Espada Imperial.

Os civis que eles tinham resgatado alguns dias antes tentavam ajudar como guias, indicando os caminhos que eles deveriam seguir, mas rapidamente o grupo de soldados perdeu a noção de direção pelas passagens escuras sob a montanha.

Conforme os minutos foram se tornando em horas e nenhum sinal dos Exilados surgia, além daqueles que estavam de vigia, os soldados começaram a ficar inquietos, percebendo que algo estava errado.

Eles passaram por algumas câmaras pequenas e intercessões dos tuneis que indicavam sinais da presença de vida por ali, mas pareciam ter sido abandonadas fazia um certo tempo.

Foi quando passavam por uma intercessão dessa que as coisas desandaram de vez. Uma explosão soou no centro da unidade do Tash Qi quando um Exilado escondido nas sombras de uma passagem lateral arremessou uma bomba de enerjom contra os soldados imperiais.

Xi Zhang que liderava sua unidade logo atrás da do Tash Qi foi jogado para trás pela força da explosão, assim como muitos de seus soldados e alguns poucos soldados do Tash Qi que estavam longe do centro da explosão.

A caverna tremeu diante do impacto e pedaços de pedra e terra começaram a cair sobre eles, fazendo com que os soldados gritassem avisos alarmados. Um segundo Exilado surgiu não muito longe do primeiro, erguendo em suas mãos uma tira de couro que ele girava sobre a cabeça com um coração danificado de enerjom que servia como uma bomba.

Dois dardos derrubaram o homem antes que ele pudesse acertar a coluna estendida de soldados e outros três dardos mataram o primeiro Exilado, mas a ação dos poucos atiradores ainda de pé não conseguiu evitar o lançamento da bomba de enerjom.

O coração danificado acertou o teto da caverna e explodiu em um clarão azul luminoso enquanto chamas de enerjom queimavam o teto e as paredes, derrubando grandes pedaços de detrito que taparam a caverna e esmagaram alguns soldados que foram lentos demais para se mover.

Tosses começaram a soar por todo o túnel bloqueado enquanto os soldados desavisados e assustados respiravam a poeira que tinha sido erguida durante as explosões e o deslizamento.

Xi Zhang tocou algumas vezes na lateral de seu elmo e após um momento ele encontrou o ajuste perfeito para o visor ajudar com sua visão na escuridão que o cercava.

Ele conseguia ver o contorno de seus soldados a sua volta e de alguns poucos soldados do Tash Qi ainda caídos perto da zona de deslizamento, mas sem nenhum sinal do Tash esquelético. Olhando para trás ele podia ver a unidade de Buco Q'wem de pé e em formação, atentos aos arredores. Eles pareciam não terem sido afetados pela explosão, talvez só um pouco assustados com o ataque inimigo repentino no escuro.

- Buco Q'wem. – Xi Zhang gritou de repente agora já de pé e sinalizando para seu companheiro. – Atenção na retaguarda.

Quase na mesma hora que ele deu o grito de aviso, Xi Zhang viu uma iluminação dourada surgindo pelo caminho do qual eles tinham vindo, assim como as sombras de guerreiros se estendendo pelas paredes.