Emboscada

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As botas de couro grosso acertavam o chão rochoso com força conforme o dia ia chegando ao fim e o destino deles ia chegando cada vez mais perto, pelo menos o destino para aquela noite. Eles ainda estavam muito longe do destino final deles.

Máscara do Terror olhou em volta, para a longa coluna que se movia ao lado dele. Ele possuía quase cem guerreiros da tribo Gan, ou mais especificamente, do ramo Gan'Lu, escoltando um numero um pouco maior que o deles de homens e mulheres de todas as idades em diferentes níveis de enfraquecimento e cansaço.

O grupo era até um pouco maior antes, mas muitos foram sacrificados nas últimas semanas enquanto ficavam cada vez mais fracos e os recursos do grupo cada ver mais escassos.

Ao lado de Máscara do Terror caminhava um jovem guerreiro vestido quase igual a ele com a armadura de couro fervido sob as placas metálicas. O jovem guerreiro portava em sua cintura um jax modificada como Máscara do Terror e a única coisa que diferenciava eles era que o jovem não usava um elmo assustador como Mascara do Terror.

- O que está te incomodando, irmãozinho? – Máscara do Terror perguntou ao jovem guerreiro que cuspiu no chão antes de responder.

- Não estou gostando nada disso, irmão, não estou mesmo. – O jovem guerreiro virou a cabeça e olhou para a fileira de prisioneiros. Sua expressão era uma profunda carranca escondida pela sua cabeleira selvagem de fios escuros. – Nós não fazemos prisioneiros. Eles consomem o pouco que já temos. Nós matamos e tomamos o que precisamos. Isso é o certo.

Cada frase era pontuada com o punho direito do jovem socando sua mão esquerda.

Máscara do Terror olhou para seu irmãozinho e assentiu concordando com as palavras dele.

- Sim, era assim que agíamos. – Ele falou suavemente. – Mas os tempos mudaram e precisamos nos adaptar a eles.

- Não há honra ou gloria nisso.

- Não, não há. – A voz fria e sombria dele fez com que o jovem guerreiro o olhasse cautelosamente. Não poder ver o rosto sob o elmo sempre deixava os outros receosos. – Mas o que fazemos não é pelo nossa gloria pessoal ou por nossa honra, e sim pela sobrevivência do Clã.

Um suspiro escapou dos lábios de Máscara do Terror enquanto ele parava de andar e fazia sinal para que seu irmãozinho fizesse o mesmo.

- Escute, nossa maneira de fazer as coisas antes era cheia de riscos acompanhada de ganhos mínimos. – Ele então se virou e olhou para a coluna de prisioneiros em movimento. – Mas o que estamos fazendo agora nos garante um lucro maior diante de um risco menor.

O jovem guerreiro parou por um momento, seus olhos cravados nos prisioneiros em movimento. Ele não gostava daquilo, nunca iria gostar, mas entendia o que seu irmão estava falando.

- Mas precisávamos tomar essa rota?

- O último grupo estava mais próximo das fronteiras dos Bronzes do que eu esperava, mas mesmo assim, do que você está com medo? – Máscara do terror então abriu os braços e girou o corpo rindo com vontade. – Os imperiais estão tão enfraquecidos que mal conseguem cuidar de suas cidades, quanto mais patrulhar suas fronteiras. Vamos parar para descansar naquele lugar e partimos amanhã cedo. É bom lembrar que não somos os únicos capturando refugiados imperiais.

Sim, a busca tinha sido mais longa do que ele esperava com o último grupo de refugiados imperiais. Os malditos tinham conseguido fugir para dentro do Vale das Três Presas e deram um certo trabalho para serem capturados nos últimos dias.

Após ouvir a última sentença de Máscara do Terror, a expressão do jovem guerreiro ficou mais tensa e ele voltou a olhar em volta com um pouco mais de cautela enquanto agarrava o cabo de sua jax modificada. Eles dois e mais um outro guerreiro eram os únicos com armas modificadas naquele grupo. Era muito se comparado ao passado, mas pouco se comparado aos novos tempos.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora