Xi Zhang estava posicionado logo atrás de seu pai e do Grande Conselheiro Shishuara, diante deles uma grande tela holográfica que reluzia com uma energia azul revelava o rosto cansado de Raim Zhang.
- Relate. – Ordenou o Patriarca dos Zhang já sabendo que as notícias não seriam boas.
Eles já tinham reunido todos os membros dos Zhang em Hasha e estavam partindo em sua nave pessoal de volta para Zonam.
- O que restou do exército dos Gu está fazendo o possível para manter os Predadores longe dos refugiados em fuga. – A voz de Raim Zhang soou dentro de um alto falante. – Estamos organizando equipes de busca ao longo do Vale das Três Presas, mas não sei quantos conseguiremos salvar.
- Os Predadores estão atacando durante o dia? – Shishuara Shum perguntou surpreso.
- Alguns Filhotes desgarrados do bando continuaram a perseguição mesmo após o sol nascer. – Raim Zhang contou a eles. – Estimasse que mais de quatro mil pessoas pereceram nas ruas de Kashaya e no Vale.
Um silencio arrepiante tomou conta da cabine do piloto da nave. Mesmo Raim do outro lado parecia estar abalado, mas mesmo assim se forçou a continuar seu relatório.
- Xin e os outros Senhores da Guerra estão prontos para intervir se a situação assim pedir. Separei os recrutas em pequenos grupos e os coloquei para alertar o nosso povo que vive entre Zonam e o Vale. Estamos abrindo as portas para que todos possam se abrigar dentro da cidade.
- Temos recursos suficientes para mantermos tantas pessoas na cidade? – Xen Zhang perguntou a Shishuara Shum ao seu lado.
- Devemos ter o bastante para alimentar todos os nossos súditos por pelo menos algumas semanas de reclusão. – Shishuara Shum respondeu. – Mas isso é, sem contar os sobreviventes das terras dos Gu que estão fugindo para nossas terras.
- Nos preocuparemos com isso depois. – O Patriarca falou em tom sério. – Qualquer coisa os Xa ou os Fong devem contribuir com algo para ajudar.
- E os Seto? – Raim Zhang perguntou, mas pelo seu tom de voz dava para imaginar que ele não esperava muita coisa daquela Família de Bronzes.
- Duvido que aqueles lixos nos ajudem com algo. – Xen Zhang cuspiu no chão para salientar seu desagrado.
- Mas eles devem ser forçados a mobilizar suas tropas por ordens dos Pratas, pelo menos. – Shishuara Shum comentou pensativo. – Se eles não fizerem nada, então serão vistos com maus olhos pelas outras Famílias Nobres.
- Continue erguendo as defesas de Zonam, Raim. – Xen Zhang falou para seu filho herdeiro. – Devemos chegar na cidade hoje à noite.
- Estaremos ao seu aguado, Patriarca.
O holograma foi desligado e a iluminação na cabine foi se alterando lentamente. Esse tipo de comunicação a longa distância consumia muito enerjom e poucas pessoas conseguiam dinheiro suficiente para ter essas tecnologias.
A maioria das pessoas se comunicavam a longas distancias com mensagens de voz enviadas entre cidades ou postos militares pois seu consumo de enerjom era bem menor que o de um vídeo.
- Dê a ordem para que todos repousem o máximo possível. – O Patriarca falou para o Grande Conselheiro ao seu lado. Xi Zhang, parado logo atrás deles, podia ver a tensão nos gestos de seu pai. – Teremos noites sombrias pela frente.
Enquanto os Pratas de Hasha e seus vassalos Bronzes se movimentavam para lidar com os Predadores da Noite, um grupo de soldados se arrastava aos frangalhos por uma larga estrada escavada entre as montanhas que cercavam o vale
Pelo menos vinte soldados, homens e mulheres trajando armaduras de plastic danificadas e armados com lanças de aço ou da'mashas, liderados por um homem que possuía uma armadura metálica cobrindo o corpo, uma armadura completa com dispositivos de enerjom que aumentavam sua velocidade e reforçavam suas defesas.
Esse homem usava um elmo que escondia seu rosto com três linhas azuis na horizontal brilhando uma em cima da outra. Ele carregava uma longa lâmina de metal, mas diferente de seus companheiros, a lâmina de sua lança era mais longa e poderia ser coberta com enerjom.
Aquele era Feng Gu, um dos principais comandantes da Família Gu que governava a cidade de Kashaya, ou pelo menos a governava antes desse ataque dos Predadores da Noite.
Feng Gu olhou em volta para as altas montanhas que cercavam o Vale, ele tentava usar dos recursos de seu elmo para ver melhor o ambiente em volta dele e de sua unidade.
- Alguma notícia das outras unidades? – Ele perguntou a seus homens.
Uma mulher alta, a única que portava uma arma de longo alcance, uma pesada besta de metal, parou e levou a mão direita até o elmo, removendo o visor que protegia seu rosto.
- Senhor, as unidades de Kon e Teshu encontraram alguns Predadores desgarrados pelas passagens. – A mulher falou para Feng Gu. – Eles sofreram perdas leves, mas conseguiram lidar com as criaturas. Já a unidade Maxing foi quase obliterada por uma emboscada de seis Dragões filhotes.
A expressão de Feng ficou pesada sob o elmo, ele não fazia ideia de quantas de seus companheiros tinham morrido desde a noite anterior. Ele não fazia a mínima ideia de quantas pessoas eles tinham perdido em Kashaya.
- E as outras unidades? – Ele perguntou a mulher. – O que houve com Zen, Sasain e Xing?
- Até agora eles reportaram que estava tudo normal nos caminhos que eles tomaram. Nenhum sinal de inimigos.
Feng Gu deixou um suspiro de alivio escapar, pelo menos a intensidade da caçada tinha diminuído desde que o sol tinha nascido, mas alguns Predadores ainda persistiam em perseguir eles mesmo sob a luz do astro rei.
- Temos que aumentar o ritmo. – Feng Gu falou se virando para o caminho que eles teriam que percorrer. – Quando a noite chegar os malditos vão voltar e eu duvido que os refugiados vão conseguir chegar até as forças de Zonam nesse meio tempo.
- Podemos não sair do Vale. – Concordou um soldado veterano. – mas podemos segurar os Dragões da Montanha por tempo suficiente para que os Zhang retirem nosso povo daqui.
Os outros soldados grunhiram afirmações semelhantes que fizeram com que Feng Gu se sentisse satisfeito pelos homens que o acompanhavam.
Ele fechou os olhos por um momento e deixou a tensão nos ombros aliviarem um pouco. Perdão Patriarca, por ter deixado as coisas chegarem a esse nível. Foram seus pensamentos antes voltar a marchar em direção a Zonam pela estrada do Vale.
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As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte I
Science FictionO mundo de Maya sofreu uma grande calamidade que quase o destruiu. Civilizações inteiras foram destruídas e as que sobreviveram estavam fraturadas. 600 anos após a grande catástrofe, Maya volta a ser povoada por vários reinos e impérios onde sábios...