O lugar onde estava tinha uma pequena porta de metal, com prateleiras onde se viam acessórios de jardinagem, baldes e troféus velhos. O grandalhão de nome Norman estava a sua frente, agachado, com um olhar fixo no dele, firmando sua atenção em cada movimento de Jack.
Ele estava sentado em uma cadeira velha, que rangia quando fazia algum movimento brusco. Suas mãos atadas atrás do encosto de madeira. Jack percebeu que Norman morava ali, até porque teve acesso livre a entrada na mansão. Era uma bela casa, com três andares modernos, com vidraças que combinavam umas com as outras em questão de tonalidade e designer. O seu braço estava doendo, resultado dos dois rapazes que o levavam. Tinham retorcido os seus braços de forma que ficasse desconfortável.
Ele tinha atropelado alguém. Jack sabia que isso tinha acontecido e que Terency provavelmente tivesse visto e se recusado a entrar na confusão estabelecida. Ou talvez nem soubesse o que estava acontecendo e estivesse esperando até o momento pelo retorno de Jack com a motocicleta.
- Que falta de educação a minha... - Norman deu uma piscadinha, ainda agachado a frente de Jack. Ele sustentou um sorriso fino por alguns segundos até continuar: - Não perguntei o nome do sujeitinho, ah, e pelo que você já notou, me chamo Norman. Esses são Franklin e Big Roy. - Norman apontou para o moreno com uma argola nas orelhas e para o cara com uma tatuagem de escorpião acima da sobrancelha, respectivamente. - Então, como se chama meu amigo?
Ele relutou por um segundo, mas achou que se não dissesse nada a possibilidade de levar um belo soco no rosto seria alta:
- Jack. - respondeu.
- Oh, Jack... o sujeitinho se chama Jack, como o nosso antigo companheiro Jack Newd! - se dirigiu a Big Roy e Franklin, que pareciam saber do que Norman falava. - Porém este Jack aqui é muito mais emocionante de conversar! Quer saber porquê, Jack?
Norman se aproximou mais do garoto e Jack sentiu a respiração quente do rapaz em seu rosto.
- Há duas ocasiões em que você pode morrer, Jack. - agora ele andava ao redor do garoto, as mãos para trás, o peito para frente. - Se tentar fugir desse quarto você morre. Se Ryler não sobreviver no hospital você morre. Se gritar, falar em voz alta ou sussurrar sem permissões... morre!
Jack estava paralisado. Seus dedos tremiam sob a corda e o coração acelerava tanto que sua respiração quase não saía. O pulmão pareceu travado mediante a situação.
- Por enquanto você ficará sob minhas ordens. Big Roy, Franklin... ponham o nosso soldadinho de chumbo para dormir. - Norman deu as costas e os outros rapazes seguiram em direção a Jack. - Vou ver como minha irmãzinha está. Vejo vocês ao amanhecer.
Norman saiu dali, trancando a porta.
- Eu faço. - se ofereceu Big Roy.
- Tudo bem. Vamos ver se esse é duro na queda... - Franklin deu um sorriso amarelado.
Jack sentiu o antebraço de Big Roy se fechar contra sua garganta. Ele sufocou, pela primeira vez ele realmente tentou gritar, mas nada saiu. Ele apertava cada vez mais forte e a imagem de Franklin a sua frente foi perdendo foco e escurecendo. Sua visão enegreceu e a última coisa que ouviu saiu da boca de Big Roy: "Este não é bom de briga!". Risadas.
Não, ele não era. Então apagou.
A primeira coisa que Jack sentiu quando despertou foi um raio de sol, que entrava pelo buraco no teto, iluminando seu rosto. Seus olhos piscaram, vendo o branco da luz acima dele. Big Roy tinha acabado de despertar e Franklin ainda estava no chão, coçando a cabeça com os espinhos de metal das luvas.
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O Amor É Cinza
RomanceJack Field é um jovem de vinte anos que é reservado à família e não pensa duas vezes quando quer ajudá-la em qualquer coisa. O emprego de artista de rua não está rendendo, porém a persistência de que um dia tudo será melhor o torna focado em seus ob...