Ele não mediu o tempo necessário. Repetiu mil vezes na cabeça que não era fraco, nunca fora, nunca seria. Repetia para si mesmo que estava onde estava por mérito, por acreditar que poderia mudar e transformar todos que o rodeavam.
Big Roy sabia que era louco. Um louco do bem, um louco natural...
Pôde sentar-se no colchão de gargalhar até que a barriga doesse. A sensação que lhe subia pelo corpo era magistral.
- Eu destronei o filho da mãe! - dizia para si mesmo no espaço que se reservava apenas a ele e a seu ego. - Eu destronei o safado filho da mãe!
E gargalhava até que o estômago se retorcesse, reclamasse "Cala essa droga de boca!" e seu cérebro doesse. Franklin apareceu e tudo se tornou ainda mais engraçado:
- Dá para acreditar? - ele trazia dois refrigerantes consigo. - Derrubamos Norman Buster, sucessor de Dean Bentter!
- Acho que eu acredito, sim! - gargalhou ainda mais, agora sendo acompanhado por Franklin. - E ainda levou o miserável do Ryler com ele! Ryler sempre foi tapado, um estúpido que não tinha um por cento do que o irmão tinha...
- Isso é verdade! - concordou Franklin, dando um gole na bebida. - Então o que faremos agora?
Big Roy precisara apenas de quatro dias para convencer a todos que Norman não poderia mais comandar a quadrilha. Conseguira persuadir a todos com "minhocas" postas na cabeça de cada um deles. "Ele não se importa mais! Ele nos abandonou e está indo atrás da irmãzinha com os homens do pai! Eu mesmo o vi sair da cidade com dois capangas do pai quando deveria nos levar se confiasse em nós!" e com isso convenceu a todos de que a única saída para reerguer a trupe seria uma tomada de poder. Achou mais lucrativo trazer Franklin como aliado. Foi o que fez.
- Bem... andei pensando que amanhã poderíamos ir a uma loja de tintas que está fazendo bons lucros, pelo que soube... - ele riu e bebeu mais um gole.
- Um assalto? - questionou Franklin.
- O que mais seria? - riu Big Roy. - E saiba que são novos comandos agora! Se alguém da tinturaria reagir, mataremos!
Eles brindaram e depois de longas horas, se estiraram nos colchões e se deleitaram com o que eram agora.
* * *
A TOMORROW'S COLOR não era muito grande em comparação a grandes empresas de tintas que distribuíam marcas de renome para o país. Era um local simples com uma amplitude de empresa boa para negócios e bem reservada. Não ficava muito longe do centro da cidade, tampouco em um lugar vistoso para todos. Na verdade ela tinha sido construída no terreno de um antigo departamento de cosméticos.
A empresa de Carlton Fedrich tinha pouco mais de cem funcionários e tinha crescido setenta por cento no último ano. As compras de tintas tinham se transformado em algo renovador quando os anúncios convenciam as pessoas de que pintar suas casas todos os anos eram um banho de virtude, que nada se comparava a alguém ter uma casa em boas condições com as tintas ÉBONE. A marca ganhara as prateleiras da TOMORROW'S COLOR de tal forma que se esgotaram nas primeiras semanas. Compradores regionais ou de cidades mais distantes se convertiam àquelas novas tintas. Para Carlton era um bom negócio, contanto que os anunciantes continuassem a vendê-la como um "produto renovador".
Big Roy tinha visitado apenas uma vez o interior da loja. Não tinha cheiro de tinta, apesar de ser uma empresa de tal. De relance viu que dois a três funcionários ficavam nas imediações frontais da empresa, o que o dava um acesso maior. Era a oportunidade perfeita, ele sabia.
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O Amor É Cinza
Lãng mạnJack Field é um jovem de vinte anos que é reservado à família e não pensa duas vezes quando quer ajudá-la em qualquer coisa. O emprego de artista de rua não está rendendo, porém a persistência de que um dia tudo será melhor o torna focado em seus ob...