25.Emily

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Em teoria suas forças eram extremas, quase avassaladoras contra quem ousasse machucar quem ela amasse. Na prática elas provavam ser muito mais vulneráveis, desgastadas. Emily tinha mais do que uma simples razão para seguir o que acreditava, tinha os restos de esperança para lutar. A noite veio e com ela uma coragem rugiu em sua cabeça. Grave como o soar de um tambor e leve como as asas de um pássaro no outono.

Emily não adormeceu.

Era a hora.

O papel já estava sobre a mesa quando decidiu tomar a caneta em mãos e pensar nas primeiras palavras. Ela não iria para sempre, era apenas um acerto de contas. Seria simples. Iria até o galpão onde Norman fazia as reuniões com os seus parceiros, esclareceria que Jack não tinha nada a ver com as suas decisões e deixaria tudo em ordem. Ele não a impediria.

Ela dobrou a carta, deixou sobre a mesa, apoiada ao vaso de tulipas. Quando saiu, lembrou de não bater a porta. Não era um adeus a Jack, ela sabia bem.

* * *

O posto mais próximo ficava a um quilômetro dali. Emily alcançou o perímetro, no breu da noite, temendo pedir carona a qualquer veículo por ali. Chegou a um telefone público, tirando-o do gancho e teclando os números. O vento gelado soprava em seus cabelos por baixo do capuz.

- Vamos, atende... atende... - ela aguardou a ligação dar certo.

Enfim...

- Alô. - a voz do outro lado da linha fez Emily respirar com tranquilidade. - Sabe que horas são?

- Andy! Andy! Sou eu... Emily! - ela ficara feliz em ouvir a amiga, mesmo após um sono interrompido.

- Emily? O que... por que está me ligando a essa hora? Aconteceu algo? - Andy pareceu estabilizar a voz, demonstrando certa preocupação.

- Está tudo bem, tudo bem. Eu só preciso de um favor! - ela rezou para que Andy concordasse em ajudá-la.

- Espera... um favor? Onde você está?

Emily deu a localização do posto e da avenida que passava a sua frente. A enorme placa ao lado com o símbolo do PETER'S FISH ajudou na explicação. Antes de ligar para Andy, Emily pensou em Brandon, mas achou que o motorista já tinha se envolvido o suficiente e não o poria em mais uma de suas ideias.

- Eu aguardo. - disse Emily.

- Chego em um minuto. - Andy desligou.

* * *

Farol. Piscar cinco vezes. Sinal correto.

Emily caminhou até o carro de Andy, localizado no estacionamento do posto de conveniência. Antes que ela entrasse no carro a amiga tratou de imediato de saber o que estava acontecendo.

- Apenas me leve aonde eu estou pedindo. - Emily olhou para ela, que continuava a dirigir. - E obrigado pelo favor, Andy.

A garota de olhos puxados olhou para Emily com um olhar de repreensão:

- Primeiramente, posso saber porque não está indo às aulas?

- É uma longa história, mas digamos que comece por eu estar vivendo o que me faz feliz, com quem está me fazendo feliz... talvez isso seja suficiente! - enquanto falava sua mente ia em busca de Jack e algo invadia-lhe o coração, algo com a força de uma flecha cravada, mas com a sensação de um frio momentâneo. Suspiro. Deleite. Ela esperou realmente que tudo ficasse bem. Retornaria pela manhã e o encontraria ainda na cama, dormindo como sempre o via...

O Amor É CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora