18.Emily

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Uma semana havia se passado desde que vira Jack pela última vez.

Emily tinha ido até a casa dos Field a sua procura, mas pareceu que sempre que ela fazia uma visita o destino conspirava para que ele não estivesse, ou simplesmente, ele a evitava. Quanto a isso ela preferiu não levar em consideração, era algo impossível de se pensar quando se conhece Jack Field. O estranho comportamento de Brandon a pegou de surpresa. Ele parecia bem mais receoso, e Emily sabia muito bem os motivos.

- Bran, não importa o que minha mãe tenha dito, você não pode se negar a me levar em algum lugar, entendeu? - era a quinta vez que Emily tentava convencê-lo, enquanto o motorista checava os pneus traseiros do carro.

- Até lá de novo? - sua pergunta soou retórica. - Você vai me criar problemas...

- Não há motivos para se preocupar. Ela não ousaria demiti-lo, Brandon. - Emily falara aquilo com uma segurança que beirava a proteção. - Se você não me levar até lá, juro que vou sozinha e talvez com os meus pés sangrando eu chegue lá...

Ela observou na expressão de Brandon que ele não queria isso. Na semana anterior, quando tomou o BMW contra as ordens dos pais para perseguir Big Roy e Franklin, Ivy acabara descobrindo. Agora o carro estava na garagem, sem serventia e sem chaves.

- Se sua mãe souber que...

- Ela não saberá! - disse Emily, o interrompendo. - Agora vamos! Agora mesmo!

Eles entraram no carro e Brandon deu a partida.

Novamente Emily estava frente a frente com o senhor e senhora Field, nada de Jack.

- Ele teve que resolver alguns problemas. - dizia a senhora Field, com um início de arrependimento por mentir.

- Talvez ele não apareça tão cedo... - o pai concluía a afirmação.

Emily sabia bem que Jack poderia estar evitando vê-la, mas por quê? O que havia acontecido para que tudo de repente virasse de ponta cabeça e mudasse de rota? Eles estavam tão próximos, e provavelmente Emily soubesse no fundo de sua alma que eles tinham criado um laço imutável, uma forte ligação que quando ambos estavam juntos era acionada. Um sinal automático, um frio na ponta do estômago, algo parecido com a sensação de quando se está na beira de um abismo, ou escalando uma montanha, até mesmo saltando de paraquedas. A diferença era que agora o frio que sentia estava mais para quando se está em um beco no meio da noite, sem ninguém, o frio que se ergue no medo do desconhecido. O medo de não saber o que se está acontecendo, que não chega a ser paranoico, mas causa certo incômodo.

Naquela tarde ela retornou para casa prometendo que faria uma visita a Andy. Durante a semana inteira as aulas da universidade estavam se tornando um tédio, e acumuladas com o fato de não ter mais as aulas de piano para se tranquilizar, se transformavam num bolo de tortura. Ela agora sentia falta das aulas, sentia falta de Lea quase na mesma intensidade que sentiu de Jeyne. Não era algo que amasse fazer, tocar piano, mas servia para respirar melhor no ambiente pesado onde seus pais estavam.

Os pais não a impediriam de sair. Emily já tinha vinte anos e isso contava com certa independência, mesmo eles não concordando com isso. Ela e Andy foram ao LIA'S SHOW, um bar que ficava a sul da Carolina do Norte, nas estradas que davam a Mewfort e Denker. Andy estava belamente apresentável, em trajes de couro. Era um couro fino, vermelho, os saltos-altos em um negro camuflado e os cabelos presos, formando um rabo de cavalo extenso em suas costas. Emily estava deslumbrante. Os ombros nus pela blusa, seguida de uma saia longa, as mechas loiras jogadas de um lado do peito.

-  Então, acha que ele a está evitando? - perguntou Andy. - Mesmo depois do que você fez por ele?

Andy se referia exclusivamente a Emily ter salvado Jack das garras dos amigos de Norman.

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