Não sou um assassino...
A faca cravou ao lado de William estendido, na madeira do chão da varanda. Jack encarou o rapaz desacordado com fúria no olhar, enquanto empurrava ainda mais a lâmina contra a madeira. "Eu deveria ter cravado no peito desse idiota!" seus pensamentos borbulhavam, mas ele respirou. Em seguida veio-lhe à cabeça: "O que eu estou fazendo? O que eu ia fazer, meu Deus... o que eu pensei?". Retirou, então, a lâmina da madeira, deixando um leve traço de que a faca fora cravada ali, retornou a cozinha, guardou-a e voltou à varanda.
Os pais chegariam a qualquer hora e ele não queria que nem a mãe, ou o pai ou a irmã o visse ao lado de uma pessoa desacordada. Precisava de ajuda e sabia perfeitamente quem poderia fazer isso.
* * *
- Você está me transformando em um capanga de primeira instância, Jack. - reclamou Terency, pondo Will no banco de trás do veículo. - Espero que não estejamos nos metendo numa bela de uma encrenca!
- Claro que não, Tery. - falou Jack, pondo os pés de Will para dentro do veículo e fechando a porta.
- Claro que não sobre você está me transformando num capanga, ou claro que não sobre estarmos nos metendo numa encrenca?
- Os dois. - Jack entrou no carro e encarou Will, ainda desacordado, no banco de trás, com o corpo amarrado com barbantes e uma fita na boca. - Espero que não me transforme num sequestrador!
- Ei, cara! Alô! No momento é exatamente o que estamos sendo! - Terency pisou no acelerador, partindo dali. - Você ainda não percebeu o óbvio?
- Terency, obrigado por trazer o veículo. Não sei se conseguiria sem você! - agradeceu Jack.
- Não banque o melodramático agora! Estamos nos arriscando nessa estrada a sermos pegos por policiais, que por acaso podem nos parar e então... você sabe o que acontece se verem uma pessoa amarrada no banco de trás com um fita na boca! - nesse momento Terency maneirou na velocidade, não podia correr riscos. - Mas você não me explicou o que aconteceu! O que houve?
- O panaca aqui me fez uma visita e foi audacioso o suficiente para me entregar o convite do casamento!
Terency não tinha entendido de primeira instância, mas compreendeu um silêncio depois.
- Emily?
- Isso mesmo! Tenho certeza que teve as coordenadas daquela mulher! Ivy Buster! - Jack respirou e tentou tirar aquilo da cabeça. Quando viu William se mover aos poucos no banco de trás, avisou: - Tery! Se incomoda de ir um pouco mais rápido! Ele está acordando...
- Oh, tudo bem, tudo bem. Oh, Deus... - ele acelerou. Bastante. - Tire os policiais do meu caminho!
* * *
William Lambert estava bem amarrado nos fundos da oficina de Terency Milton.
A cena era típica de um filme de terror. As luzes da oficina eram baixas, fracas e tudo cheirava a óleo, como se a qualquer momento riscassem um fósforo e incendiassem todo o lugar.
- Que horas acha que ele desperta? - perguntou Terency, a frente de William, sentado na cadeira, amarrado.
- Espero que não agora. - desejou Jack. - Oh, parece que não será bem assim...
William estava acordando, porém a dor o fazia não querer abrir os olhos. Sua cabeça pesava de lado, sobre o ombro.
- Tudo bem, acho que isso pode ajudar. - Terency deu três tapas de leve no rosto do rapaz.
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O Amor É Cinza
RomanceJack Field é um jovem de vinte anos que é reservado à família e não pensa duas vezes quando quer ajudá-la em qualquer coisa. O emprego de artista de rua não está rendendo, porém a persistência de que um dia tudo será melhor o torna focado em seus ob...