33.Jack

10 2 0
                                    


Não sou um assassino...

A faca cravou ao lado de William estendido, na madeira do chão da varanda. Jack encarou o rapaz desacordado com fúria no olhar, enquanto empurrava ainda mais a lâmina contra a madeira. "Eu deveria ter cravado no peito desse idiota!" seus pensamentos borbulhavam, mas ele respirou. Em seguida veio-lhe à cabeça: "O que eu estou fazendo? O que eu ia fazer, meu Deus... o que eu pensei?". Retirou, então, a lâmina da madeira, deixando um leve traço de que a faca fora cravada ali, retornou a cozinha, guardou-a e voltou à varanda.

Os pais chegariam a qualquer hora e ele não queria que nem a mãe, ou o pai ou a irmã o visse ao lado de uma pessoa desacordada. Precisava de ajuda e sabia perfeitamente quem poderia fazer isso.


* * *

- Você está me transformando em um capanga de primeira instância, Jack. - reclamou Terency, pondo Will no banco de trás do veículo. - Espero que não estejamos nos metendo numa bela de uma encrenca!

- Claro que não, Tery. - falou Jack, pondo os pés de Will para dentro do veículo e fechando a porta.

- Claro que não sobre você está me transformando num capanga, ou claro que não sobre estarmos nos metendo numa encrenca?

- Os dois. - Jack entrou no carro e encarou Will, ainda desacordado, no banco de trás, com o corpo amarrado com barbantes e uma fita na boca. - Espero que não me transforme num sequestrador!

- Ei, cara! Alô! No momento é exatamente o que estamos sendo! - Terency pisou no acelerador, partindo dali. - Você ainda não percebeu o óbvio?

- Terency, obrigado por trazer o veículo. Não sei se conseguiria sem você! - agradeceu Jack.

- Não banque o melodramático agora! Estamos nos arriscando nessa estrada a sermos pegos por policiais, que por acaso podem nos parar e então... você sabe o que acontece se verem uma pessoa amarrada no banco de trás com um fita na boca! - nesse momento Terency maneirou na velocidade, não podia correr riscos. - Mas você não me explicou o que aconteceu! O que houve?

- O panaca aqui me fez uma visita e foi audacioso o suficiente para me entregar o convite do casamento!

Terency não tinha entendido de primeira instância, mas compreendeu um silêncio depois.

- Emily?

- Isso mesmo! Tenho certeza que teve as coordenadas daquela mulher! Ivy Buster! - Jack respirou e tentou tirar aquilo da cabeça. Quando viu William se mover aos poucos no banco de trás, avisou: - Tery! Se incomoda de ir um pouco mais rápido! Ele está acordando...

- Oh, tudo bem, tudo bem. Oh, Deus... - ele acelerou. Bastante. - Tire os policiais do meu caminho!


* * *

William Lambert estava bem amarrado nos fundos da oficina de Terency Milton.

A cena era típica de um filme de terror. As luzes da oficina eram baixas, fracas e tudo cheirava a óleo, como se a qualquer momento riscassem um fósforo e incendiassem todo o lugar.

- Que horas acha que ele desperta? - perguntou Terency, a frente de William, sentado na cadeira, amarrado.

- Espero que não agora. - desejou Jack. - Oh, parece que não será bem assim...

William estava acordando, porém a dor o fazia não querer abrir os olhos. Sua cabeça pesava de lado, sobre o ombro.

- Tudo bem, acho que isso pode ajudar. - Terency deu três tapas de leve no rosto do rapaz.

O Amor É CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora