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Antes de sair do restaurante meu olhar pousou no João. Seu olhar tinha uma mistura de raiva e... pena!
Pena? Isso! Sinta mesmo. Se estivesse ao contrário também sentiria pena.
Ele pelo menos sabia, eu não. Eu tenho um namorado. Eu não quero me casar com esse dai. Que raiva. Apesar de toda minha raiva, não deixei transparecer nenhuma emoção. Passei meus vinte e dois anos com aulas de postura e como agir em lugares públicos. Darei meu melhor sorriso e erguerei minha cabeça. Apesar de querer estar chorando agora.
Fomos todos para casa no maior silêncio. Eu não iria chorar ali, não mesmo. Se meu pai me visse chorar, ele não seria o mesmo homem que estava sendo no jantar, hipócrita?
Desci do carro mordendo a língua para não falar nada. Mas eu não consigo. Por que sempre eles tomam as decisões?
Lari: É assim que querem a felicidade da sua filha?
Falei assim que entramos. Me virei para eles e eles me olhavam confusos.
Lari: Me colocando em matrimônio com um estranho, que eu vi na vida, sei lá, duas vezes? Quem pensar que eu sou?
Elevei a voz.
Lari: Querem bonecas para brincar, vão em uma loja de brinquedos.
Gritei.
Leandro: Baixa a voz, garota.
Lari: Agora tenho que ficar calada? Por que estou argumentando? Sempre e assim, minha opinião não importa, não e mesmo?
Leandro: Isso mesmo.
Ele nunca tinha falado isso da boca para fora, então foi o que me fez paralisar. Cade o pai presente que ele sempre foi? Respirei fundo, tentando cessar as lágrimas que se formavam nos meus olhos.
Lari; Tudo bem. Pelo menos podem me explicar por que não me avisaram?
Falei já mais calma.
Silvana: Você iria reagir da mesma maneira filha, essa foi a melhor decisão.
Melhor decisão?
Leandro: Larissa, pense em quanto dinheiro iremos ganhar, fama, poder, mais luxo ainda.
Lari: Claro.
Respondi irônica. Minhas mãos já estavam doloridas depois de ter cravado as unhas na palma da mão. Fechei os olhos e respirei fundo novamente.
Lari: Eu vou continuar morando aqui com vocês?
Silvana: Não, você morará em um apartamento com o João Guilherme.
QUE?
Nunca, nunca mesmo, nunquinha.
Lari: Peço licença, preciso descansar.
Me virei e comecei a subir as escadas. E o Matheus?

Jolari - Não tenho culpa(CONCLUÍDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora