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Capítulo 3 - Parte I

ELE se virou devagar, seus olhos travaram em mim, bravos e escuros. Não pude deixar de avaliar seu corpo. Era realmente bem privilegiado fisicamente, era tão grande como Kall. Porém parecia mais perigoso, sua postura era diferente.

- Ela é quem pode te ajudar...

Ouvir a voz de Kall soar atrás de mim. Me dei conta de que ainda não havia dito uma palavra.

- Meu nome é Claire Stacy...

Ele caminhou como um predador até mais próximo do vidro. Segurei a vontade de afastar. Eu já havia visto em algum lugar que não devia se mostrar medo de um animal, e pelo que parecia a espécie do Kall tinha o DNA deles, então seguiria essa linha de ação.

Seu rosto ficou muito próximo do meu, só o vidro separava, saber que o Kall testou ele me dava um pouco mais de segurança. Olhei o seu rosto, maxilar forte coberto por uma camada de barba, nariz reto, apesar de machucado, não havia nada fora do lugar. Era um homem bem formado.

- Eu sei quem é você!

A voz firme me fez arrepiar e admissão também.

- Conhece?

Ele concordou, então ficou ainda mais próximo do vidro, puxando um respiração profunda. Eu não entendia o que era aquilo, mas continuei encarando.

Os olhos tinham algo diferente de tudo que já havia visto, estavam muito escuros, mas tinha uma espécie de risco azul cinzento. Sua mão subiu pelo vidro e me assustou, mas apenas ficou parada enquanto ele me encarou.

- Você é diferente...

Outra vez ele me pegou de surpresa.

- O que?

Seu rosto encostou no vidro como se quisesse chegar em mim, não recuei por pura confiança na inviolabilidade do vidro. Então ele se afastou, seu olhar voltou a ficar bravo.

- Ainda sim vou matar você!

Ele gritou e bateu no vidro que rangeu, ficando com rachaduras. Me afastei assustada, Kall me segurou, me trazendo para próximo de si.

- Vamos sair daqui...

Kall disse me virando e puxando para fora do ligar. Deixei porque aquela cobaia realmente me assustou, nunca tinha sido ameaçada desse jeito, o grito dele ainda ecoava na minha cabeça.

Ele ainda batia no vidro e rosnava, não olhei para trás. Mas era como se sentisse seu olhar de puro ódio em cima de mim.

Saímos da sala, escutando o urro selvagem, Kall empurrou a porta de aço atrás de nós celando-a. O silêncio foi muito bem vindo.

Me apoiei no parede do corredor, Kall e o segurança de aproximaram. Levantei a mão impedindo que eles chegassem mais perto.

- Eu estou bem! Estou bem!

Me aprumei, arrumando minha roupa, meu cabelo, mas não tinha nada fora do lugar. Porém mesmo assim eu fiz, Kall me olhava preocupado.

- Precisamos descobrir o que fizeram com ele!

Falei olhando para ele tentando mostrar que estava recuperada do susto, porém por dentro eu ainda sentia aquele frio.

- E de vidros mais fortes...

Deixei escapar e Kall olhou com cautela.

- Eu disse que ele não é comparado comigo... É mais forte!

- E quer me matar! Mas porque?

Eu não entendia o que podia ter feito. Será que foi porque o tirei da instalação? Mas não fazia sentido, pois ele já me conhecia, isso quer dizer que de alguma forma teve acesso a informação sobre mim.

- Vou tentar conversar com ele!

- Acha que ele vai falar? Aquela cobaia parece louco...

- Eu sei, mas fala, posso conseguir alguma coisa.

Suspirei apertando minha têmpora, precisava tomar o controle daquela situação. Eu não gostava de ser ameaçada, muito menos ameaçada de morte.

- Tem câmeras com áudio na sala. Volte lá em outro momento, e eu vou acompanhar tudo do comando. Não vou mais me expor na frente dele, até que descubramos o porque do motivo de me matar.

- Tudo bem... Vamos descobri. Não se preocupe!

A última vez que eu ouvir essas palavras e deixei de me preocupar, recebi a notícia que minha mãe morreu. Então eu não ia repetir o erro novamente, me preocuparia até descobrir qual era o jogo daquele lunático assassino.