Grey
A enchurrada de pessoas estava ao meu redor. Tudo que pude sentir foi o sangue correr em minhas veias. Forte, pulsante, junto de uma adrenalina banhada de raiva.
Eu queria matar. Era como se eu estivesse dentro daquela sala de tortura sendo atacada repetidas vezes por diversas pessoas. A dor se espalhou por minhas costas quando algo me perfurou.
Então tudo ficou negro e meu instintos tomaram conta. Minhas presas saltaram. Meu corpo assumiu o comando. Ataquei. Apenas flash de dor se repetiam a cada segundo a cada soco, a cada minuto que se passava, a multidão se fechava mais e mais ao redor atacando.
Não havia saída e naquele segundo nem que houvesse poderiam parar a fúria que tomou conta de mim. Assumir minha única função, a única coisa para qual eu fui criado, matar.
×××
Claire
Diante dos meus olhos eu via apenas Grey. Todo o resto assumiu um silêncio. Eu só podia ver a multidão se fechando ao redor dele e o próprio atacando de volta violentamente. Nunca na vida tinha presenciado algo tão letal. Fui arrastada de volta.
- Para Kall o Grey!
Gritei me sacudindo.
- Não, não podemos. Estão subindo ao palco, nos cercando!
Ele falou me lavando para o fundo e só nesse momento eu vi aquela multidão se fecharem ao redor de tudo. Era como uma enchente crescendo e crescendo, tomando tudo ao redor. Sem qualquer analogia por coincidência, aquilo era uma prévia do inferno. Eram pessoas lutando umas contra as outras, atacando outras inocentes, era um banho de sangue.
Olhei para os lados sem fins entender onde eu tinha errado. Em qual momento pedir o total controle. Kall me empurrou atrás de suas costas quase me prensando contra a parede assumindo uma posição de ataque enquanto revidou o ataque de pessoas que chegaram até nós. Podia ver pedaços de madeira, garrafas quebradas com pontas apontadas para nós.
Eu tinha plena certeza que eu iria morrer ali. Tentei mais uma vez encontrar Grey. Mas a multidão havia o engolido. Kall começou a lutar afastando as pessoas. Nesse momento eu sabia que tinha falhado totalmente.
Nunca na minha vida tinha sentido uma vontade tão forte de chorar, talvez na morte da minha mãe, mas naquele minuto eu queria chorar pelo Kall que tinha uma família e estava ali se perdendo diante de tantos outros que também trabalhavam para ele.
Mas acima de tudo. Grey. Meu Grey estava sendo atacada e ferido a ponto de lhe levar a uma instância tão apavorada que o fez atacar. Atacar da maneira letal como tinham o treinado e isso partiu seu coração. Não era culpa dele, nunca seria, ela tinha-os postos naquela situação. Agora quem pagava o preço eram todos e não apenas ela o responsável
Barulhos de bombas então estouraram. Altos e próximos. Tentei ver o que era aquilo. De repente tudo começou uma fumaça começou a se dissipar. Conseguir ver em meio a Kall lutando que quem eram os responsáveis por aquele outro ataque era a guarda nacional.
As tropas avançaram diante de todos. Eram muito homens paramentados. Vestidos para uma batalha. Atiraram bombas de efeito moral. Mais também soltaram outras para apagar o pessoal. Kall de repente se voltou para mim pondo algo no meu rosto.
- Ponha isso! Vai ficar ruim de respirar.
Ele me cobriu. E me manteve atrás dele. Segurei o pano contra o rosto. Gritei.
- Onde está o Grey?
- Não consigo vê-lo.
- Encontre ele, por favor.
Eu só queria o Grey. Precisava encontrar ele. Vi o avanço das tropas. Alguns subiram ao palco dispersando a multidão. Chegaram até nós pedindo para seguirem para a saída. Meus olhos lagrimejava por conta de toda a fumaça. Desesperada gritei por Grey enquanto me arrastavam.
- Grey! Grey!
- Ele não vai te escutar.
Kall disse. Parecia tão incomodado quanto eu diante de toda aquela fumaça.
- Encontra ele.
- Não antes de tirar você daqui.
- Ele pode estar machucado.
Kall franziu o cenho e me pôs no colo quando me levou. Esperneei.
- Pare Claire. É mais fácil ele está machucando alguém.
- Kall podem feri-lo.
- Eu vou encontrar ele, mas antes você, não podemos deixar algo te acontecer. Ele nunca me perdoaria.
- Eu não vou te perdoar se algo acontecer com ele.
Ele me ignorou quando saímos, tinha um carro, vi meus seguranças. Estavam ao redor do lugar.
- Cuidem dela. Com sua vida!
Kall me deixou sobre meus saltos e instável. Tentei seguir ele e ganhei um rosnado.
- Eu vou trazer ele de volta. Entra no carro e saia daqui. Agora Claire, agora! Isso está muito perigoso. Encontra a minha Sky e diga que estou bem, vai. Agora!
Eu engolir em seco. Concordei. Nesse minuto eu não pensava de maneira racional. Eu estava agindo ali como uma idiota apaixonada que só queria seu amor de volta. Eu queria chorar, gritar, estava com raiva. Estavam ferindo meu Grey e eu não pude fazer nada.
Vi Kall correr de volta para dentro e eu entrei no carro, respirando com força. Pedir ao segurança o seu celular. Liguei a Loren imediatamente. O carro saiu do local em alta velocidade. Me sentir mal. Muito mal. Era como se estivesse traindo Grey o deixando para trás. Loren atendeu.
- Claire? Você está bem?
- Sim, sim, mas mande todo o contingente de seguranças da sede para cá, mande médicos, prepare uma ala e todos os hospitais próximos. Quero meus médicos pessoais pronto para atender ao Grey e o Kall. Mas avisa a Sky que ele está bem.
Despejei tudo em cima dele. Eu não tinha condições de ser articulada. Naquele minuto eu estava apenas me partindo ao meio. Meu peito doía ao pensar no Grey naquele inferno.
- Claire...
- Cumpra as ordens agora! Agora! Quero uma equipe de resgate para o Grey e o Kall. AGORA!
Desliguei o celular. Olhei pela janela tentando conter as lágrimas. Mas não consegui. Quebrei. Ali sozinha. A culpa me consumia. Mas a dor de ver o Grey naquele estado tinha sido muito pior. Muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Save
RomanceSinopse: SEGUNDO LIVRO DA SÉRIE DNA Após a criação da ECP a vida de Grey nunca mais foi a mesma. Aos 10 anos foi entregue, voluntariamente, pelos seus pais ao programa. Depois disso seu inferno particular começou. Com o passar dos anos ele perdeu to...